Entrega (1)

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Olá, rabias 🗼. Como estão ?

Minha ideia original era fazer tudo em um capítulo, mas essa é uma noite tão importante, cheia de acontecimentos e nuances que decidi dividir em duas partes.

Divirtam-se

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POV BIANCA ANDRADE

Superar uma infância carente. Construir um império de maquiagem. Possuir milhões de seguidores. Reconstruir a imagem após cada cancelamento. Bianca atribuía seu sucesso a vários fatores, mas para ela, o mais elementar era: a incrível capacidade de ler as pessoas. Bia era extremamente sedutora. Sabia bem entregar o que as pessoas queriam: seja o batom ideal para seus clientes, seja a cantada perfeita para os seus interesses amorosos, seja o carinho genuíno para seus fãs, seja a piada divertida para seus familiares e amigos. Era capaz de reconhecer o que desejavam e generosamente entregava. Exceto, Rafaella. A mulher era simplesmente indecifrável. Não que não houvesse material interessante ali, sem dúvidas tinha e Bia podia jurar que a influencer ansiava por alguém capaz de lê-la minimamente bem.

Entretanto, Rafaella era como uma antiga escritura sagrada: difícil, maçante, cheia de metáforas e para piorar tudo... em latim, a língua morta. Talvez pela proximidade que desenvolveram os últimos encontros ou talvez pela leve semelhança entre seus idiomas (o Latim, nossa língua mãe), Bia conseguia inferir uma palavra ou outra, mas ler... entender mesmo era impossível. E a desconhecida causava-lhe certo fascínio... gostaria de aprender o idioma Rafaella Kalimann. Uma parte de si estava disposta a se dedicar, a estudar, a se aprofundar naquela habilidade. Porém, era sabido que sua própria vaidade e a personalidade de Rafa não a permitiram. Logo, a mulher estava fadada a permanecer indecifrável.

E assim permanecera a mineira durante todo o caminho até casa da carioca. No uber. Na portaria. No elevador. Verbalizou pouquíssimas palavras, dedicava-se a contemplar o ambiente... fosse o céu, a chuva, os prédios paulistas ou até botões do elevador. Naquela noite, Bianca entregaria todo seu reino em troca da motivação que levara Rafaella até ali.

- Bom... Seja bem vinda, Rafa ! - ao abrir a porta do seu apartamento - Mi casa, su casa.
- Que lindo ! - ao analisar rapidamente a decoração da sala - É realmente sua cara.
- Linda ? O que temos aqui ? Meu deus, um elogio vindo da srta Kalimann - Bia soava divertida arrancando um belo sorriso da mineira.
- Bom... eu sei apreciar uma bela decoração e... uma bela mulher - não havia malícia em seu tom.
- Uau ! Você está especialmente galanteadora essa noite... - enquanto tirava sua jaqueta encharcada da chuva ainda na porta - Você se molhou muito, Rafa. Posso te emprestar uma roupa.
- Obrigada, Bia. Mas não precisa - se aproximou da carioca com uma respiração pesada e tocou seu ombro para ajuda-la a retirar a peça de couro.

Bianca reconhecia a coragem de Rafaella. Ela fizera todos os movimentos até aqui. Espontaneamente passo a passo se colocara à beira do precipício. Entretanto ambas sabiam que a mineira não daria o último passo: o único que uma vez dado não teria volta... restaria apenas a queda livre. Então, lá estavam os grandes olhos verdes a centímetros da empresária suplicantes por um único movimento da mulher. E obedientemente, a morena atendeu seu pedido silencioso despencando-as das alturas.

Bianca em um delicado movimento selou seus lábios envolvendo lábio inferior de Rafaella. E assim, o encaixe de bocas se sucedera. Havia ali curiosidade, delicadeza e certa cautela de quem atraca em terras desconhecidas pela primeira vez. Os beijos eram perfeitos: a sincronia, o ritmo, intensidade. Mas Bia queria mais, então cuidadosamente impeliu sua língua solicitando passagem enquanto depositava suas mãos na face da mulher. Pôde sentir a eletricidade do toque em seus dedos. Imediatamente, Rafa entreabriu a boca em resposta e logo suas línguas se encontraram. Sentia o gosto da mineira pela primeira vez. Delicioso e inebriante. Havia um toque de... vinho.

RaBia: Je suis iciOnde histórias criam vida. Descubra agora