33 - It was my fault, Ben

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Já se passaram algumas boas semanas e estamos no início de março.

Bohemian Rhapsody está às mil maravilhas e meu trabalho de salvar vidas no hospital está ainda melhor. Nesse pouco tempo como doutora real oficial, já liderei algumas cirurgias e já ajudei muita gente.

Eu já comentei do quão incrível é, pra mim, salvar tantas vidas por dia, por semana, por mês? É revigorante.

O melhor é que pra tudo eu tenho o meu namorado. Ele me apoia em tudo: quando tenho problemas, quando me dá uns surtos meio psicológicos... Ben está sempre lá, me dando um ombro amigo pra chorar, me recompor e me tornar mais forte. Ele me põe sempre em primeiro lugar, em tudo no nosso dia-a-dia, assim como eu faço com ele.

Naquele dia, já fazia um tempinho que eu não via mais o elenco, mas logo eu pretendia corrigir isso. Hoje eu ainda precisava cumprir o meu trabalho de salvar vidas.

Cheguei no hospital e já fui aos meus postos. Achei um milagre que Arthur ainda não tinha aparecido pra encher o meu saco outra vez, mas continuei bem discreta no meu cantinho.

Fiz uns exames, falei com familiares, examinei uns pacientes, falei com uma senhora que tinha uma prótese no lugar do coração, e em certo momento me surgiu um problema: uma mulher apareceu tendo um ataque cardíaco, o qual conseguimos fazê-la se recuperar. Mas só depois descobrimos que ela tinha um tumor num ponto bem crítico. Qualquer movimento minuciosamente errado, mataria a paciente, então deveríamos saber lidar.

Conversei com Audrey e ela me aconselhou conseguir o maior número de médicos pra essa cirurgia. Era hora de pôr a mão na massa, por isso conversei com a família, com a mulher e todos pareciam bem conformados com o que faríamos.

Mas, mesmo assim eu notava a presença do medo em seus olhares. Seus sorrisos de canto de boca mal conseguiam esconder também, e eu senti um aperto no peito ao ver isso. Eles estavam contando comigo, com todos nós.

- Pessoal, estamos todos prontos? - pergunto pra turma de médicos, ainda numa sala em que eu os reuni, e eles me confirmam que sim. Combinamos tudo nos mínimos detalhes e fizemos o nosso plano cirúrgico, mas todos sabemos como esse mundo é cheio de imprevistos e improvisos.

Os médicos que iriam participar comigo foram pra sala de cirurgia e eu tomei conta de levar a paciente pra sala. Conversei com ela mais uma vez, e ela estava bem tranquila pra quem ia fazer um procedimento bem perigoso. E como eu disse, estavam todos contando comigo. 

[...]

Ligação on

- Oi, meu amor - Ben fala do outro lado da linha, parecendo cansado.

- Oi, Ben - falo com a voz falha por conta do choro. Eu estava almoçando em casa mesmo pra voltar depois pro hospital. Além de eu estar me sentindo um caco, física e emocionalmente.

- Anna, tá tudo bem? Quer que eu vá te ver? - ele pergunta preocupado. Seco um pouco as lágrimas que corriam pelas minhas bochechas, largando os talheres no prato.

- Tá, sim. É só o trabalho. Não se preocupa - falo, não passando muita confiança, imagino, e só ouço ele suspirar do outro lado junto de um barulho de chaves e outras coisas. Ele grita alguma coisa pra alguém e eu fico confusa.

- Onde você está? Eu tô indo - o loiro fala na pressa e eu volto a chorar.

- Estou em casa - falo e desligo, jogando meu celular na mesa. Eu posso jurar que esse era o pior dia da minha vida.

Ligação off

Tirei a mesa na base do ódio e quase quebrei um quadro indo pro meu quarto. Cheguei no mesmo e fui até a janela. Olhei pro lado de fora e chorei, chorei, chorei e chorei. Agarrei um vasinho que tinha no criado-mudo e o arremesso pro outro lado do quarto, e só ouço o barulho deste se espatifando. Me sentei no chão mesmo e me escoro na cama, e ali fiquei, com a cara inchada e minha cabeça a ponto de explodir.

All I need is you | BEN HARDYOnde histórias criam vida. Descubra agora