56 - Bournemouth, here we go!

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[...]

Naquele dia eu já estava a mil por hora.

Era por volta de oito, nove e pouquinho da manhã, e Ben ainda cochilava na cama, enquanto eu me via já de pé, ainda de pijama, circulando, ansiosa, pela casa.

Passaram alguns dias e naquela data em específico, eu iria visitar meus sogros, junto do meu namorado.

Eu estava em nervos, mas mesmo assim ainda não quis acordá-lo. Ele dormia tão bem...

O detalhe é que Ben avisou que iria visitá-los, mas não falou de mim. Ele queria muito fazer uma surpresa para a família, e eu achei isso fofo.

No closet, eu me deparo com uma caixa que eu nem lembrava que estava ali: tinha as pinturas que eu fazia quando era mais nova.

Pinturas simples que eu fazia numa folha de desenho com uma esponja de louça, que minha mãe gritava pela casa inteira sobre quem tinha pego, quando, na verdade, era eu mesma.

As folhas estavam amassadas e meio dobradas, como resultado da tinta depois de seca no papel.

E o mais legal é que também achei meu material, como tintas e etc etc. Por causa de The Woman in White, da BBC, Ben usou esse material todo há um tempinho, o qual acabou se tornando nosso.

Sorrio e vou pra varanda do nosso quarto com meus achados, e deixo minha mente fluir. Era um meio de eu ficar um pouco menos nervosa.

Eu sempre havia gostado de pintar alguma paisagem, ou algo parecido, e a esponja era minha melhor amiga, por fazer essa mistura de cores que eu sempre buscava para me entreter.

Dessa vez, a primeira coisa que me passou pela minha cabeça foi uma praia.

Fechei os olhos, imaginando o som das ondas se quebrando, o vento fresco em contato com minha pele, a luz quente do Sol, me aquecendo ao mesmo tempo que tinha o poder de fortalecer o tom da minha pele.

Sorri, e olhei pro loiro, que ainda dormia.

Frankie também aparece, e eu a chamo disfarçadamente. Ela vem até mim e se apoia sobre as patinhas traseiras, com as dianteiras em minhas pernas. Acaricio suas orelhas e ela lambe meus dedos, animada.

- Mamãe está tendo ideias... - digo, e ela parece entender. A cadelinha inclina a cabeça pra um lado, curiosa, e eu rio baixo.

Olho para o céu e depois para o anjo ali deitado, outra vez, e acabo tendo uma ideia.

Penso na paisagem de uma praia, com o céu exatamente como estava o de Londres agora: azul, iluminado, e quase sem nuvens. Um clima fresco e gostoso, assim como uma brisa fraca.

Meu namorado se via agora deitado de lado, com as costas viradas para a minha direção. Fito seus ombros largos, e ele estando com o tronco nu, me ajudou a observá-lo melhor.

Seus cabelos me impediam desviar o olho deles: a forma como eles continuam perfeitos mesmo estando desgrenhados e caídos no travesseiro me fazem sorrir, e eu penso em como não foi uma coincidência ele ter interpretado um anjo no cinema, como o primeiro filme dele.

Apanho as cores pra paisagem litorânea que passou na minha cabeça, mas antes de tudo eu desenho uma silhueta masculina, de costas, bem no meio da folha, e de frente para o que seria o mar, com o rosto virado pra trás como se olhasse para quem o estivesse vendo.

Eu não era terrivelmente boa em desenhar e pintar coisas tão detalhadas, mas como eu sempre gostei de fazer isso, eu acabei aprimorando um pouco essa minha habilidade, por conta própria. 

Fora que o meu elemento principal para aquela pintura que eu tentaria fazer, parecia quase me ajudar a não errar.

Enfim, a silhueta parada ali no meio estava pronta, e eu não achei que tivesse ficado ruim.

All I need is you | BEN HARDYOnde histórias criam vida. Descubra agora