Um Passado Esquecido

Hospital parte 2

Depois que o horário de visitas acabou, saímos do quarto e decidimos quem iria ficar com ela. Sabine insistiu em ficar com ela todos os dias e horários, mas depois de uma repreensão de todos, ela desistiu da ideia. Durante aquele primeiro turno, Alya ficou com ela, depois da meia noite, eu fiquei com ela, até amanhecer. Depois foi a vez de Sabine, que ficou com ela até que Luka chegasse da escola. Luka ficou com ela até às seis e então, eu tomei o seu lugar. E assim se passou o primeiro dia.

Durante a madrugada, eu ficava olhando para ela, me lembrando de nosso passado. Desde que eu me conheço por gente, ela faz parte da minha vida e eu da dela, mas depois do acidente, eu passei a ser um estranho em sua vida.

Me lembrei da primeira vez que ela disse que teria um encontro com um cara da escola. Cheguei em sua casa e a vi usando um vestido amarelo com pontos pretos, seu cabelo estava trançado e decorado com uma presilha de girassol. Quando ela me disse que tinha um encontro, fiquei triste. Depois daquele, ela teve mais dois encontros, com outros dois caras. Fiquei desconfiado pois Marinette não era desse tipo. Então decidi perguntar.

Ela me disse que estava tudo bem, só estava explorando as opções. Eu obviamente não acreditei em uma palavra do que ela disse, afinal, a conheço bem o bastante para saber quando ela está mentindo. Quando soube que ela ia ter outro encontro, decidi ir atrás dela e ver o que estava acontecendo. Segui ela até uma lanchonete, onde ela se sentou com um garoto da nossa escola. Estava tudo normal, até que eles saíram da lanchonete, e ele acompanhou ela até em casa. Só que no meio do caminho, ele a puxou pela cintura e a colou ao seu corpo. Ela tentou se soltar, mas ele não a soltava. Ele estava tentando beijar ela, mas aí eu perdi o controle e fui para cima dele. Naquele dia, se ela não tivesse me puxado, eu teria matado ele de tanto socar a cara dele.

Quando chegamos na casa dela, obriguei ela a contar o que estava acontecendo, e quando ela me disse que os outros três haviam tentado o mesmo, eu perdi a linha. No dia seguinte na escola, bati no primeiro. Assim que vi os outros dois, disse que seriam os próximos. Peguei o segundo na saída da escola, e o terceiro na rua, depois do treino de futebol. Um dia na escola, peguei ela pela mão e a levei até o palco do pátio e anunciei na frente de todos, que se algum cara quisesse se aproximar dela para se aproveitar dela ou machucar ela, iria ser mandado para o hospital por mim.

Me levantei e fui até a maca dela, me sentando ao seu lado.

-Passamos por muito coisa não é, my lady. - sussurrei - Eu nunca mais vou deixar alguém se aproximar de você para te ferir. Lembra disso?

Peguei o cordão que matinha a aliança presa em meu pescoço e o tirei. Peguei a aliança e a coloquei em seu dedo.

-Será que nosso desejo um dia ira se realizar?

Beijei a aliança em seu dedo e fiquei ali, segurando sua mão, sentindo os pequenos calos causados por seu trabalho duro durante esses anos. Algumas pequenas cicatrizes, causadas com certeza, por seus dias de costura, como sempre fazia em seu pequeno antigo estúdio.

-Você continua sendo a mesma, joaninha.

As horas de passaram, meu turno acabou e Sabine chegou para ficar em meu lugar. Na parte da tarde, fui para o hospital no horário de visitas. Encontrei Alya, Nino, e como era o turno dele, Luka. Assim que Nino me viu, ele veio até mim.

-Você parece um zumbi. - disse ele.

-Não consigo mais dormir. - disse a ele.

-Não é só você. A Alya não dorme de jeito nenhum. Mesmo eu dando calmante para ela, ela não dorme.

-É compreensível, ela é a melhor amiga dela. - suspirei - Ela já acordou?

-Ainda não.

Fiquei olhando para ela do lado de fora da sala. Vendo seus traços delicados, suas bochechas rosadas, seu cabelo azulado, solto e esparramado sobre o travesseiro, seus lábios rosados entreabertos, como sempre ficava quando ela dormia, o que aumentava ainda mais a vontade de beijá-la. Era tranquilizador ver seu peito subir e descer lentamente. Enquanto a observava, vi uma lágrima escorrer pelo canto dos seus olhos. Meu coração bateu mais rápido. Entrei no quarto quase que correndo e me coloquei ao seu lado na maca. Delicadamente, limpei a lágrimas, e deslizei meu dedo por sua bochecha. Senti olhos sobre mim. Quando me virei, vi Alya e Luka me encarando. Mas ao contrário de Alya, o olhar de Luka, não era nada amigável. Deixei de lado e sai do quarto. Porém ao chegar do lado de fora, ouvi a voz de Luka.