Capítulo 4

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Eduarda Ramos

Saí da minha sala novamente e subi o elevador. Digitei a senha para o décimo andar e, assim que o elevador parou, entrei. Passei pela sala de visitas, pela sala de reunião e, enfim, pela sala da secretária de Daniel, Vera, uma senhora competente.  

— Bom dia, Vera — cumprimentei.

Claro que Vera já me conhecia, já que, mesmo antes de trabalhar aqui, já tinha vindo muitas vezes me encontrar com o meu amigo. 

— Bom dia, senhorita Eduarda. Gostaria de falar com o senhor Wolter? 

— Gostaria sim, se ele não estiver ocupado. 

— Só um momento que eu vou conferir. 

Vera, então, pegou o telefone e ligou para a sala dele. 

— Senhor Wolter, a senhorita Eduarda está aqui. 

Depois de um tempo em silêncio, ela disse ao telefone: 

— Tudo bem. 

Desligou, virou-se para mim e falou: 

— Pode entrar, ele a está esperando. 

Empurrei a porta e entrei naquele magnífico escritório, com o qual nunca me acostumaria. Todas as paredes em volta eram feitas de vidro. À prova de balas e de som, era mais seguro que uma madeira ou tijolo e muito mais bonito também, já que proporcionava uma vista muito bonita da cidade. Logo depois de dar uma pequena analisada na sala, como de costume, me sentei em uma das cadeiras super confortáveis de frente para a mesa grande.  

— A que devo a honra da sua ilustre visita, senhorita Ramos? — gracejou meu amigo, provavelmente já sabendo o motivo da visita inesperada. 

— Vim aqui dar uma resposta para a proposta que o senhor me fez, meu caro — respondi, brincando.

Nesse momento ele se endireitou mais na cadeira e disse, sério dessa vez: 

— Já? O que te fez tomar a decisão tão rápido? Não tem nem duas horas que voltamos do almoço — estranhou Daniel. 

— Falei com os meus pais. Você não ficou sabendo do que aconteceu em Barbacena? 

— Não... O que? 

— Uma enchente muito desastrosa. Milhares de pessoas perderam casas, pertences... Algumas perderam tudo o que tinham. 

— Seus pais estão bem? — preocupou-se, vindo para perto de mim. 

— Estão, fora todas as coisas que perderam. Vão para um abrigo, pois não dá para ficar em casa do jeito que está. Ofereci a eles para virem morar aqui comigo, por enquanto. Mas são teimosos, não quiseram aceitar. Você sabe como eles são, sempre tentando dar apoio aos outros, até quando eles mesmos também estão precisando. 

— Meu Deus... E não há nada que eu possa fazer por eles? Eu alugo um apartamento pra eles ficarem, Duda. Se precisarem do dinheiro, qualquer coisa, você sabe que eu estou aqui para ajudar. 

— Dani, meus pais jamais aceitariam seu dinheiro, você sabe bem disso. 

— Verdade. Que teimosia! Você tem a quem puxar — reclamou.

— Então... É por isso que eu resolvi aceitar a sua proposta, Dani. O dinheiro pode ser bastante útil agora, meus pais vão realmente precisar de toda ajuda que eu puder dar. 

— Eu estou triste pelas circunstâncias, mas estou realmente muito feliz que você aceitou, Dudinha. Eu preciso mesmo de você. 

— Você já sabia que eu ia aceitar, não sabia? — perguntei, já que ele não pareceu nem um pouco surpreso com a aceitação, apenas com a rapidez da minha resposta. 

Vida dupla: uma identidade secretaOnde histórias criam vida. Descubra agora