Capítulo 3

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Eduarda Ramos

— E, então? Que trabalho é esse que você tinha falado? 

— Então, Duda... Não vá ficar brava comigo porque não lhe contei antes essa história, viu? Entenda que, com as coisas da empresa, preciso ser muito profissional. Por mais que eu confie minha vida a você, não podia te contar isso se não tivesse certeza de que você já estaria trabalhando para a Wolter, de contrato assinado e tudo.  

— Dani, que história misteriosa é essa? — perguntei.

— Ok, vou te falar. Mas, ruivinha, é extremamente confidencial, entende? 

— Sim, essa parte eu entendi nas primeiras vezes que você falou — eu disse, debochando. 

— Então... Você já ouviu falar do empresário Guilherme Saurin, certo? 

— É logico, quem nunca ouviu falar nesse cara? É um dos empresários que mais está na mídia ultimamente. 

— Exatamente. E, justamente por esse motivo, é uma das pessoas mais visadas por ladrões, sequestradores e, por ser rico, criou muitos inimigos por aí. Ele, confidencialmente, está contratando os serviços da Wolter Segurity.  

— Hum... Certo, e o que isso tem a ver comigo? 

— Então... Ele está contratando vários homens nossos, para acompanharem-no à paisana, fora os serviços de segurança com tecnologia; no carro, na casa, no telefone, nas empresas e onde mais você possa imaginar. Só que ele pediu um serviço muito específico e, pelo tamanho dessa oportunidade, não tive como dizer não a ele; até porque ele vai pagar muito, muito bem. Esse contrato tem potencial para dar um nome mais importante ainda para a Wolter Segurity. Ele me pediu uma pessoa específica, de minha total confiança, que cuidaria de tudo pessoalmente. Não só do comando dos seguranças e das instalações dos aparelhos nos locais, mas uma pessoa que servisse igualmente como segurança, que estivesse com ele nos eventos mais importantes e de quem ninguém desconfiaria. 

— Certo... Ainda não entendi aonde eu entro nessa história. 

— Então, ruivinha... Para esse trabalho dessa pessoa específica e de confiança, eu escolhi você.  

—  O QUE? — quase surtei. — COMO ASSIM? — Eu tinha acabado de entrar na empresa e meu melhor amigo já estava jogando essa bomba.

— Não me interrompa, deixa eu terminar de falar. 

Me calei e deixei-o continuar com o absurdo. 

— Quando Saurin me disse as características da pessoa que ele precisava, você foi a única pessoa que veio à minha mente. Você é uma mulher linda, Duda, mas essa nem é a sua melhor qualidade. Você fez karatê desde que mal sabia andar, chegou à faixa preta, sabe várias técnicas de Krav Maga, praticou vários esportes como tiro com arco... Além de tudo, é muito esperta, "cheira" quando algo está errado de longe. Por isso te considero extremamente capacitada para fazer o serviço. Fora tudo isso que já falei, você ainda leva jeito para atuação, suas imitações são impressionantes. E, quem de mais confiança do que a minha melhor amiga? 

— Certo... E eu estou supondo que eu atuaria como a acompanhante do tal Saurin, certo? 

— Sim. Tá vendo como você é inteligente? — perguntou e deu-me um meio sorriso. 

— Você só está esquecendo alguns detalhes, senhor Wolter. Primeiro — levantei um dedo para contar — eu posso até ser esportista e faixa preta de karatê, mas não sei atirar e tenho certeza que não tenho o treinamento adequado. Segundo, eu sou formada em administração e, até onde eu sei, era nisso que eu trabalharia para a sua empresa, lembra? E terceiro, você seriamente está querendo me jogar para os leões? — me exasperei. 

Vida dupla: uma identidade secretaOnde histórias criam vida. Descubra agora