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Alyssa sentou-se na toalha que estendera no chão e pôs a sua filha sentada entre suas pernas. Kol sentou-se ao lado, não muito interessado na secção cinematográfica ao ar livre, em plena praça. Mas era uma oportunidade e tanto de se aproximar da bruxa. Felizmente, Kalyne fez parecer o encontro deles algo casual e natural - realmente foi casual, nem o próprio Kol esperava.

-Não pareces ser do tipo que gosta de ver filmes em plena praça pública. - comentou Alyssa para puxar assunto - E muito menos um romance épico.

Kalyne pegou no dedo de Kol, e levou a boca, mordendo levemente. Alyssa tirou o dedo, mas insistente, Kalyne voltou a pôr na boca. Kol pareceu não se importar.

-Não gosto. Mas é uma oportunidade e tanto de conhecer jovens mulheres atraentes. - disse galanteador

Ela revirou os olhos.

-Foi uma tentativa horrível de namoriscar. Talvez para a próxima. - ela zombou

-Um dia chegarei lá. - sorriu olhando sugestivamente para a bruxa que bufou um riso

-Boa sorte.

-Não preciso de sorte, é só charme. - ele disse convencido e Alyssa gargalhou

-O teu ego está a fazer sombra. - debochou

Kalyne saiu das pernas da mãe, e foi para o colo de Kol, rindo para o mesmo.

-Vês? É charme. - brincou Kol enquanto dedilhava as pernas da bebé que ria adoravelmente.

-Talvez. - Alyssa deu de ombros, olhando a interação da filha com o estranho

Era uma enorme surpresa para Alyssa, ver a filha se apegar rapidamente a Kaleb - Kol. Kalyne não se apegava a qualquer um, nem ao último ex namorado de Karen - cujo relacionamento durou um ano - a bebé se apegou. Mas claro que esse apego inflamou o orgulho de Kol. Ele não fizera nada e a bebé simplesmente veio de livre e espontânea vontade para suas pernas - literalmente.

Mas apesar de inflamar seu orgulho, também pesava em sua consciência. Era até irónico que ele, Kol Mikaelson, tivesse de consciência pesada com uma ação que ele ainda não fizera, mas matou milhares de pessoas em seus 1000 anos de vida - que passou mais no caixão do que a vaguear pela terra - e não lhe pesava nem um pouco. Ele adorava a sensação de matar, o sangue, os gritos. O fazia sentir-se poderoso. Era a sua diversão. Depois de 1000 anos, era difícil encontrar algo que o surpreendesse ou o cativasse. Mas matar era um doce vício. Um divertimento vicioso.






























-Obrigada por nos acompanhares até casa, apesar de não ser necessário. - Alyssa agradeceu com um sorriso

Ela havia gostado da companhia dele, apesar de tudo. Mesmo com o jeito galanteador dele, e o atrevimento.

-Sem problemas. - ele deu de ombros entregando Kalyne a Alyssa

A bebé sorriu durante o sono, agarrando a blusa da mãe.

-Mas fica sabendo que ela gosta mais de mim do que de ti. - provocou Kol

-Desculpa? - exclamou em indignação

-Não precisas te desculpar por estares com ciúmes.

Ele estava a fazer tudo errado, sua mente gritou. Não era suposto ele se apegar a elas no espaço de algumas horas. Ao menos, não tinha fracassado completamente, e conseguira se aproximar dela. Mesmo que seu instinto o dissesse para ficar afastado delas. Mas ele era egoísta demais. Só queria voltar para o seu corpo.

-Fica sabendo que eu sou um amor de pessoa, qualquer um gosta de mim. Exceto a minha prima, mas ela era uma cobra, então não conta. - deu de ombros, contradizendo a afirmação de Kol

-Mas ainda estás com ciúmes. - apontou

-Só estou ofendida que penses na minha pessoa dessa forma. - argumentou abrindo a porta de casa e entrando

Kol, atrevido como era, nem se deu ao trabalho de ser convidado, e escapuliu para dentro. Alyssa pareceu não se importar, então ele se importou ainda mesmo. Até porque, mesmo se ela se importasse, ele continuaria a não se importar.

-Querias que pensasse em ti de que forma? - perguntou sem disfarçar a malícia em suas palavras, lambendo os lábios, enquanto ela desaparecia pelo corredor com a filha

-Idiota! - ela exclamou, tendo cuidado para não acordar a filha

Minutos, depois, encontrou Kol, sentado no sofá, confortável em casa. Ela revirou os olhos, se atirando no sofá, ao lado dele. Podia incomodar-se com o abuso dele, mas ela também era assim. Ficava à vontade na casa das pessoas, sem qualquer constrangimento.

Passaram horas, Karen provavelmente estava com algum desconhecido, a se divertir e depois fora trabalhar, ou não. Naquele momento, Kol e Alyssa conversavam normalmente no sofá. Algumas provocações, risadas, e se abriam algumas vezes. Como agora:

-Eu e os meus pais não nos damos muito bem. Nem nos falamos. Não que tenha importância. - Alyssa deu de ombros , mas ela se importava.

Apesar da relação com os pais nunca ter sido das melhores, nunca pensou que chegariam a tal ponto de ignorarem a existência um do outro. Mas lá estava a vida, a fazer o que fazia de melhor: rir da cara das pessoas!

-Entendo. - Kol murmurou lembrando-se imediatamente de Esther e Mikael

Os próprios pais pareciam o diabo disfarçado de seres "normais".

Ele os odiava com todas as forças, e não tinha nenhum remorso por tal sentimento.

E sabia que não era o único dos irmãos com tal sentimento.

-Eles amavam-me, só não concordaram com muitas escolhas estúpidas que fiz. - corrigiu Alyssa dando um sorriso nostálgico

-Às vezes precisamos fazer algo estúpido para vivermos o melhor da vida. - Kol deu de ombros

-Eu dizia isso. - ela riu se inclinando para a frente

Kol olhou fixamente para os lábios dela e sorriu.

-Eu vou fazer algo estúpido. - ele sorriu traquina antes de puxar Alyssa em sua direção e roubar-lhe um beijo

Não era um beijo cheio de amor, até porque eles acabaram de se conhecer, mas talvez, futuramente fosse mais que um simples beijo.

05 | Make it Home Onde histórias criam vida. Descubra agora