Kalyne subiu no parapeito da janela, tentando alcançar a boneca. Um corvo entrara em seu quarto e roubara a sua boneca preferida. Foi a primeira que ganhara da mãe. Alyssa estava no andar de baixo a fazer feitiços de proteção pela casa toda. Numa tentativa de evitar ataques futuros.
Kalyne sabia que era uma péssima ideia subir no parapeito. Ainda mais sem ninguém por perto. E se ela caísse? Mas ela também não queria incomodar a mãe. Teria que fazer a sua maneira.
A tribrida esticou ainda mais o braço tentando alcançar nem que seja uma parte da boneca, no telhado. Mas ao invés disso, ela escorregou. Quase caiu, mas no último momento conseguiu se segurar. Seu corpo estava pendurado. Suas mãozinhas agarravam fortemente o parapeito para seu corpo não colidir com o chão. Foi quando ela olhou para cima. A sua boneca já não estava lá.
Ela suspirou em frustração. Não conseguira alcançar a boneca e agora estava pendurada na janela. Foi um esforço e risco desnecessário. A criança então – com bastante esforço -, teve que subir a janela.
Entrou no quarto, e rapidamente fechou as janelas. Correu as escadas apressada indo até a mãe.
-Mãe! Mãe! – chamou afobada
-O que aconteceu? – Alyssa se viu preocupada ao ver o rosto vermelho da filha
-Levaram a minha boneca. – contou ainda vermelha
-Levaram? Como assim levaram? — perguntou confusa
-Eu não sei. Um corvo entrou no meu quarto e a levou. – contou ocultando a parte que quase caiu da janela do segundo andar e quase se espatifou no chão.
Corvos não entravam em quartos para levar bonecas. Não que Alyssa saiba.
-Amor, se vires qualquer coisa estranha, seja qual for, incendeia. – disse e Kalyne assentiu rapidamente
Alyssa subiu as escadas e entrou no quarto da filha. Mal entrou, uma onda de magia negra atravessou seu corpo.
Sua mãe havia atacado mais uma vez. Alyssa então pegou numa mochila que tinha sempre em mão para o caso de urgências e voltou para o andar debaixo.
-Veste um casaco, vamos embora. – Kalyne queria perguntar o que se passava
Mas ao ver o semblante nervoso da mãe, decidiu obedecer sem questionar. Sua mãe sabia o que fazia.
A mais nova calçou então as botas que estavam perto da porta de entrada. Nem se importou com o facto de sair no meio da madrugada, só de pijama. Afinal, ela era uma criança. Ninguém iria julgar como ridículo se a virem de pijama.
Alyssa pegou alguns lanches e pôs dentro da mochila. As duas então saíram de casa e foram para o carro. Quando se afastavam em alta velocidade, a casa em que moraram nos últimos cinco anos simplesmente explodiu. Os humanos tomariam como uma fuga de gás.
Agora ela não sabia para onde ir. De forma alguma podia ir para sua cidade natal. Sua mãe estava lá. Só lhe restava localizar a boneca e saber de onde vinha tamanha magia negra. Não é algo que sua mãe conseguiria fazer sem morrer de loucura. Era demasiada magia negra.
Escuridão…a palavra ecoou em sua mente, a lembrando das palavras de sua filha.
-Amor. – chamou pela filha que estava sentada atrás – Quem é a escuridão que está vindo? – perguntou
-Não sei. – a criança respondeu confusa
Uma coisa sobre Kalyne, ela previa acontecimentos como a avó de Alyssa previa. Claro que Kalyne só tinha pequenos deslumbres, e nem ela sabia explicar. Só contava algo. Por exemplo, ela só sabia que vinha a escuridão. Não sabia quando, como e quem era. Isso dificultava. Mas ela era só uma criança, e previa coisas que poderiam gerar traumas futuros.
Ela tinha demasiados dons em seus ombros. Afinal, a coroa é sempre pesada. Por isso, não era qualquer um que a usava.
Kol desceu do carro vendo o enorme casarão. Estava em Mystic Falls, a cidade onde morrera nas mãos de Jeremy e Elena. De seu lado, estava Rebekah. Os dois irmãos decidiram afastar-se dos restantes Mikaelson, para aproveitarem suas vidas. Bom, Kol estava a procura de Alyssa. E Rebekah de um amor.
Eles iriam separar-se, mas antes, Rebekah cumpriria a sua promessa e ajudaria Kol.
Claro que Freya tentara localizar Alyssa. Mas tudo ligado a Alyssa – bens materiais – tinham sido destruídos — quando a casa em que moravam explodiu, mas os Mikaelson não sabiam disso. Então Freya conseguiu localizar uma outra bruxa capaz de localizar Alyssa. A anciã dos Davillier.
Ouvindo barulhos perto da casa, Kol rapidamente encontrou duas jovens a conversarem. Elas pareciam animadas demais. E Kol decidiu – como um ser bastante atrevido e inusitado – ouvir a conversa.
-Estou tão feliz, daqui a alguns meses serei a mais nova anciã. – uma delas disse animada
-Isso é ótimo Miriam. Tu mereces esse posto. – elogiou a amiga com um sorriso orgulhoso
-Sim, mereço! – ergueu o nariz, com certa arrogância
Rebekah torceu o nariz. Pelos vistos não era só ele que ouvia a conversa.
-Mas e a Alyssa? – a outra perguntou
-A minha prima preferiu ter uma aberração. Além dela ser a renegada do clã. – disse Miriam com desgosto
Kol cerrou os punhos, furioso. Ele iria fazer Miriam engolir as próprias palavras.
-Mas ela tem direito a liderança do clã só por respirar. – comentou a outra
-Mas ela nunca quis a liderança. Estou a fazê-la um favor. – insistiu Miriam, nervosa
-Eu acho que não percebeste. – a amiga elevou a voz, cansada pela negação de Miriam – Para seres a nova anciã, tens que ter a bênção da Alyssa. – explicou
-Mas ela está desaparecida há sete anos. Impossível de rastrear. – suspirou derrotada, não querendo recorrer a magia negra para localizar a prima
Rebekah aproveitou isso como uma brecha.
-Por isso serão de grande ajuda. – a loira sorriu vendo as duas bruxas estremecerem
-O que vampiros querem na nossa casa? – cuspiu Miriam parecendo intimidante
-Um favor por um favor. – Kol deu um passo em frente – Séculos atrás eu salvei as vossas ancestrais. Elas juraram-me uma dívida. Vim cobrar. — assobiou
-Bom, mas elas estão mortas. — rebateu atrevida
-Mas a anciã pode se comunicar com as ancestrais. E tem que cumprir a dívida, senão perde o cargo. – Kol deu um dos seus sorrisos debochados
-Eu irei pagar a dívida. Mas assim que paga, nunca mais estaremos envolvidas com os vampiros. — cedeu rapidamente recebendo o olhar de reprovação da amiga
-Parece justo. – Rebekah apareceu atrás da amiga de Miriam – Mas ficaremos de olho na tua amiga. Por garantia. – sorriu sarcástica
Miriam suspirou. Ela estava em sarilhos. Esses sarilhos tinham nome e apelido: Kol e Rebekah Mikaelson.
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05 | Make it Home
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