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Quando Kalyne despertou, seus olhos focaram nas grades à sua frente. Tinham-na presa por conta de Hollow. Sua cabeça doía de forma insana e a sede de morte era enorme.

A Davillier puxou a mão, mas estava acorrentada. Revirou os olhos e levou a mão ao bolso, tirando um gancho. O engraçado das correntes mágicas, é que elas são abertas por chaves. Enquanto se libertava das correntes, Kalyne não pude deixar de notar o quão estranha sentia-se.

A Hollow estava dentro dela. Ela a tentava dominar.

—Interessante como és tão voluntária. — disse tomando a forma de uma mulher que Kalyne nunca vira na vida

A Davillier inclinou a cabeça, parando de soltar-se. Talvez ficar presa fosse melhor.

—Era a tua tia Miriam, teu pai fez questão de arrancar o coração com um sorriso sociopata no rosto. — esclareceu

—E estás tão desesperada para me atingir que recorreste a uma carcaça morta. — disse sarcástica — O que o desespero não faz.

—Tens que matar. Quanto tempo irás aguentar? — perguntou retórica — Falta apenas dias para a lua cheia. Terás que matar se quiseres permanecer viva. Eu irei consumir-te aos poucos.

—Se eu matar, também. — retrucou por cima

—Claramente. — revirou os olhos — Não te preocupes, irei cuidar muito bem do teu corpo. És uma jovem inteligente, bonita e poderosa. Uma alma esplêndida. — elogiou

Kalyne cerrou os dentes! Além dos infinitos sussurros, seria assombrada pela Hollow em forma de seus familiares mortos? Havia como piorar?

—Sim, tem como piorar, querida. — Hollow respondeu com um sorriso malicioso — Somos uma só agora. Só tu e eu!































Alyssa olhava para Freya, irritada. A Davillier só não estava a esganar a Mikaelson mais velha porque Rebekah a segurava. Qualquer movimento violento teria o pescoço partido. Para conter Kol foi preciso algo mais ofensivo, mas eficaz — Klaus, o mordera, estava fraco com o veneno de lobisomem em seu organismo.

A Davillier estava extremamente nervosa. Sua filha fora possuída por completo pelo espírito milenar de uma bruxa insana, e o seu marido estava a sofrer no andar de cima. E ela convivera com Kol enquanto este tinha só um quarto de Hollow em si. Vira as crises de violência. Não queria nem pensar no que Kalyne faria no comando de Hollow.

—Porque raios fizeste isso? — Alyssa finalmente conseguiu formular uma frase decente no meio daquele ódio em que estava submersa

Nunca pensou que poderia odiar tanto alguém como estava a odiar Freya naquele momento. E o vampirismo por si só ampliava os sentimentos. Era demais até para ela, que era vampira há sete, quase oito anos. Não estava a conseguir lidar com tanto ódio e raiva.

—Tu não entendes, passei anos tentando arranjar uma solução para unir a minha família...— esbravejou Freya irritada com as questões

—Eu não entendo?! — Alyssa se soltou de Rebekah, mesmo a Original sendo mais forte

Aproximou-se de Freya, com o rosto vermelho de raiva. Só faltava sair fumo pelas orelhas.

—Eu passei anos a fugir do meu próprio clã, tive que cooperar na morte da minha própria mãe para manter a minha filha a salvo. Eu pus o vosso irmão no corpo verdadeiro dele. Mas onde raios estavas quando ele precisou dessa ajuda? — questionou retórica — A tentar matar Klaus por ele não confiar em ti! Eu arrisquei a minha filha para poderes localizar Klaus e encontrar Hope. E mais, confiei pela primeira vez que tu cuidasses da minha filha. E afinal era só uma maldita armadilha! — gritou — Não se resolve um problema causando outro ainda pior. O teu egoísmo pode trazer a morte da minha filha! E nem vale a pena dizer que a Hope aceitou, ela é só uma adolescente que não tem noção dos riscos e as consequências.

Alyssa passou a mão pelo cabelo, nervosa. Ela aderiu esse hábito de Kol e até Kalyne. Freya encarou a cunhada, sentindo-se culpada. Nunca pensou que Alyssa se sentisse traída. Pensou na raiva dos irmãos por os mentir e até de envolver Hope. Mas esqueceu completamente da parte em que depositaram sua confiança nela para cuidar das suas preciosidades.

—Eu sinto muito Alyssa, irei encontrar uma solução. — prometeu Freya

—Claro que vais. Porque a Keelin não merece ficar viúva antes do casório. Não achas? — perguntou sarcástica e Freya engoliu seco

Nunca pensou que se sentiria ameaçada por uma vampira, já que era uma bruxa poderosa. Mas Alyssa além de estar na proteção de Kol — que não hesitaria em matar alguém da família por sua esposa e filha —, também era mãe. E nunca se deve duvidar da capacidade de uma mãe. Ninguém sabe até onde irão por seus filhos, o que farão por seus filhos.































Alyssa acariciava o cabelo de sua filha numa forma de acalmá-la. A mesma parecia estar em sofrimento, o que causava também dor na Davillier mais velha. Ela evitou tanto algo assim para no final sua filha estar a sofrer por ser poderosa. Se no passado havia repreendido e discordado de Kol por manter Kalyne desconhecida para seus irmãos, agora ela desejava que tivesse continuado assim.

—Mãe, — chamou e Alyssa a encarou em silêncio — será que podem adormecer-me? — pediu

Alyssa suspirou em concordância. Se ela estivesse inconsciente, ao menos não era assombrada. Antes que pudesse se levantar, Lavínia apareceu com uma chávena de chá.

—Eu trouxe um chá, ela irá descansar. — estendeu a chávena e Alyssa a olhou agradecida dando à sua filha que bebeu rapidamente

Lavínia coçou a garganta. Era constrangedor ficar a sós com Alyssa. De certa forma, as duas nunca dialogaram. Era a primeira vez que estavam frente a frente.

—O Klaus achou uma solução. Vamos para Mystic Falls. — contou a bruxa

—Deveria ser a Freya a procurar. — retrucou Alyssa — Mas eu agradeço.

Lavínia assentiu antes de sair. Alyssa voltou a mexer nos fios castanhos de sua filha. A tribrida estava com a cabeça nas coxas de sua mãe, e dormia agora. O efeito do chá foi instantâneo. Ao menos teria um pouco de descanso.

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