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Enquanto eu passava pelo processo de adoção de Vitória, ela recebeu alta do hospital. Graças à Bianca, consegui permanecer com ela até que a decisão final sobre sua adoção fosse tomada. Enquanto todo o processo corresse, eu teria uma entrevista com uma psicóloga e receberia visitas de uma assistente social, que observariam se eu tinha condições o suficiente para criá-la. Tirei férias na construtora pra que eu pudesse me dedicar totalmente a Vitória nesses primeiros dias. Rodrigo tem sido um grande parceiro desde o início de tudo. Compramos juntos tudo o que eu precisava para recepcionar Vitória no meu apartamento, cuidava dela sempre que eu não podia e me ajudava com toda a burocracia. Nossas famílias haviam tomado um susto quando contamos sobre minha decisão de adotar um bebê e a de Rodrigo em me apoiar e me ajudar a criar, mas não demoraram a aceitar a ideia. Ao verem a nossa Vitória na primeira semana em que ela estava conosco, foi inevitável que todos se apaixonassem por ela. Ela seria muito amada. Já era. Tudo corria para que logo ela fosse realmente nossa. E eu não via a hora.
Eu troco a fralda de Vitória enquanto a ouço resmungar um pouco. Eu ainda estava pegando o jeito. Não estavam acostumada a isso, já Rodrigo era muito melhor nessas tarefas do que eu. Ele tinha prática com bebês devido à sua profissão, mas eu ainda estava pegando o jeito para segurar, dar a mamadeira, dar o banho. Era um aprendizado diário. Vitória me ensinava como ser mãe todos os dias.
- Boa noite! – ouço a voz de Rodrigo logo atrás de nós.
- Olá! – respondo com um sorriso, desviando meu olhar de Vitória apenas por alguns segundos.
- Precisando de ajuda com a nossa pequena? – ele pergunta, aproximando-se do pequeno rostinho dela para sentir seu cheirinho de bebê. Ao notar a presença de Rodrigo, os olhos de Vitória ficam fixos nele.
- Ela ainda reclama um pouco quando eu troco a fralda dela, mas acho que dessa vez eu me saí melhor do que nas outras.
Rodrigo pega Vitória em seu colo, checando meu trabalho e sorrindo satisfeito. Logo ele está colocando ela para dormir enquanto eu permaneço onde estou, observando-os. Ela ficava muito calminha com ele.
- Seria bom que começássemos a procurar uma babá pra Vitória, você não acha? – Rodrigo comenta, colocando Vitória no bercinho e voltando para onde estou parada. – Quando você voltar a trabalhar vai precisar de alguém que fique com ela. Posso cobrir você quando não estiver no hospital, mas nem sempre vai ser possível. E você sabe que emergências sempre surgem.
- Sim, eu estava pensando nisso. – falo. – Na próxima semana a assistente social vai vir aqui e eu quero que ela saiba que estou em busca de uma babá, que a Vitória não ficará sozinha enquanto eu estiver trabalhando.
- Então amanhã mesmo podemos procurar por uma. – ele diz e eu concordo. – Cansada?
- Um pouco. – respondo.
Ele então me puxa pelo braço, fazendo com que eu fique colada à ele. Deito minha cabeça em seu ombro e relaxo, deixando que ele me abrace. Aproveito o conforto que é estar assim com ele até que o chorinho de Vitória tome conta do quarto. Rodrigo vai até ela e a traz para perto de mim. Ele a nina nos braços enquanto eu mexo em sua mãozinha.
- Depois me diz que feitiço você usa com ela, porque não é possível. Basta você pegar ela no colo que ela se acalma.
- É questão de jeito, Agatha. – ele sorri. – Logo você aprende, mamãe.
- Essa mamãe tem sentido ciúmes desse dengo todo. – falo e observo Rodrigo se controlar para não rir e acordar Vitória, que rapidamente voltara ao seu sono. – Eu passo o dia com ela e ela parece se comportar melhor com você do que comigo.
- Para de coisa! – ele me repreende sem tirar o sorriso do rosto. – Isso já é o cansaço falando por você. Quer que eu durma aqui pra te ajudar com a Vitória de madrugada? – ele oferece.
- Não quero te dar esse trabalho. Amanhã você tem que ir cedo pro hospital...
- Eu estou no papel de pai, não estou? – ele me interrompe. – Isso não é incômodo pra mim.
- Já que você insiste... – dou de ombros. Jamais negaria ajuda.
- Então assunto encerrado. – ele diz, voltando a colocar Vitória no berço. – Boa noite. – ele beija minha testa, se encaminhando para fora do quarto.
- Aonde você vai? – pergunto, confusa.
- Vou dormir na sala. – ele responde como se fosse óbvio. – Seu outro quarto está em reforma pra passar a ser da Vitória, então eu vou pro sofá.
- E por que não dorme aqui? – pergunto sem pensar e o vejo me encarar surpreso. Não era estranho amigos dividirem uma cama, era? Além do mais, ele estava se oferecendo para ser uma ajuda durante a madrugada e teria um dia cheio quando acordasse. Eu não o castigaria fazendo-o dormir em um sofá.
- Bom, se você não se importa...
- Claro que não me importo Rodrigo. Você trabalha o dia todo amanhã. Não vou te fazer dormir todo desconfortável em um sofá. – dou voz aos meu pensamentos.
- Ok então. Só vou subir no meu apartamento e pegar uma roupa pra dormir. Daqui a pouco eu estou de volta tá?
E quando ele volta, eu já estou quase adormecendo. Rodrigo se acomoda ao meu lado na cama e depois de conversarmos por alguns minutos, ambos adormecemos. Vitória acorda apenas uma vez na madrugada para tomar a sua mamadeira, o que faz com que eu e Rodrigo possamos ter uma noite tranquila de sono. Acordo com os primeiros raios da manhã e meus olhos tem um surpresa ao se abrir. Rodrigo está muito próximo a mim, nossos rostos a centímetros um do outro, enquanto sinto seu braço envolver minha cintura. Me sinto estranha com a forma em que estamos. Em quatro anos de amizade nunca tínhamos dividido uma cama, mesmo que inocentemente. Estar assim com ele era diferente. Mas ao mesmo tempo em que parecia estranho, era bom. Me fez bem acordar e seu rosto ser a primeira coisa que vi. Ele dormia sereno, e sua boca parecia tão convidativa... logo interrompo meus pensamentos. O que estava acontecendo comigo? Me afasto assustada, e isso faz com que ele desperte surpreso.
- Vitória? – ele pergunta ao abrir os olhos e olhar ao redor do quarto.
- Não, ela está dormindo. Eu acabei te assustando, desculpa. – peço.
- Tudo bem. – ele responde, agora aliviado. – Bom dia, Moreira. – ele sorri, beijando meu rosto e eu sinto minhas bochechas esquentaram ao lembrar aonde eu queria que sua boca estivesse em mim até segundos atrás.
- Bom dia. – digo de volta, enquanto o acompanho com o olhar. Rodrigo sai da cama e vai direto conferir como Vitória está.
- Vou precisar ir pro meu apartamento me arrumar e ir pro hospital. À noite eu estou de volta e podemos conversar sobre a questão da babá, tudo bem?
- Claro. – respondo.
Ele se despede de mim com mais um beijo na testa e quando sai do meu quarto, voltamos a ser apenas eu e Vitória. Ela então acorda com seu chorinho característico de fome e eu logo corro para dar o que ela quer. Mais um dia começando e eu estaria mentindo se dissesse que não estava amando essa nossa rotina. Melhor do que isso, só mesmo ter Rodrigo à noite junto conosco.