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- Vamos relembrar tudo pra ver se falta algo

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- Vamos relembrar tudo pra ver se falta algo. – Agatha pede, andando sem parar pela sala enquanto eu tenho Vitória dormindo tranquilamente em meus braços.

- Agatha, acabamos de fazer isso. E fizemos isso também há meia hora atrás. – contenho a risada. Sei que ela está nervosa e não quero irritá-la. – Fica calma, vai dar tudo certo.

- Eu estou nervosa. – ela diz, como se eu já não soubesse. – E se essa assistente social não gostar de mim? E se ela achar que a Vitória vai ficar melhor com uma família estruturada ao invés de uma mulher solteira?

- Ei, calma aí. – caminho até ela. – Relaxa, ela vai te adorar. Quem não gosta de você, Agatha?

Eu me pergunto se era possível alguém não gostar dela. Agatha era incrível. Eu tinha tido a sorte de ter ultrapassado a estranheza inicial quando nos conhecemos e ter podido criar uma amizade com ela. Hoje minha vida era muito melhor por tê-la comigo. Agatha era uma boa amiga e como mãe, estava sendo brilhante. Ela ainda se sentia insegura com Vitória, isso eu notava. Mas mal sabia ela o quanto estava se saindo bem. É impossível que seu amor por Vitória passe despercebido. Eu tinha certeza que a assistente social veria isso. Agatha e Vitória já eram mãe e filha. E ela veria isso também. Eu tinha boas expectativas quanto ao que aconteceria nessa visita.

- Seu apartamento está todo em ordem, o quarto da Vitória já está pronto e completamente lindo, já temos uma babá com ótimas referências, você é uma arquiteta reconhecida, tem um ótimo emprego, uma boa moradia e o mais importante, você ama a Vitória. Vai dar tudo certo. – a tranquilizo.

- E tenho você comigo também. – ela completa sorrindo.

- Sempre. – respondo, puxando-a para um abraço, enquanto tenho Vitória segura em meu outro braço.

Ficamos alguns segundos daquela forma, eu mantendo as duas perto de mim. Nesses momentos eu me sentia completo, e essa sensação era incrível. Então a campainha toca e toda a calma que eu tinha conseguido de Agatha vai por água abaixo.

- Segura a Vitória. Deixa que eu abro. – coloco nossa pequena em seus braços e vou atender a porta.

- Bom dia! – a mulher me cumprimenta. – Eu sou a Renata. Sou a assistente social.

- Muito prazer, Renata. – aperto sua mão. – Seja bem-vinda.

- Olá. – Agatha aproxima-se com Vitória nos braços. – Sou Agatha, muito prazer.

- O prazer é meu. – Renata diz, simpática. Parecia ser um bom começo. – Então essa é a Vitória?

(...)

Foi como eu esperava. Agatha tinha se saído muito bem na entrevista. Renata havia gostado da estrutura do apartamento, tinha visto o cuidado de Agatha com Vitória e eu fiz questão de deixar claro que elas contariam com a minha ajuda e suporte para tudo o que precisassem. Ao fim da visita, Renata foi embora nos deixando bastante esperançosos.

- Deu certo! – Agatha pula em meus braços quando fecho a porta, pegando-me de surpresa.

- Eu te disse! – falo, me recuperando de seu avanço sobre mim, segurando ela com mais força. Agatha envolve suas pernas ao redor da minha cintura, para firmar-se mais.

- Se não fosse você aqui comigo... – ela suspira, me encarando. – Obrigada Rod! Obrigada, obrigada, obrigada...

Agatha beija meu rosto repetidas vezes, e eu rio com sua euforia. Por conta das risadas, vou perdendo as forças e quase a derrubo no chão, mas consigo segurá-la a tempo. Mas com isso nossos rostos ficam perigosamente próximos. Seu cheiro doce me envolve e eu me perco em seus olhos e sua boca, tendo que reprimir uma vontade que eu não sabia de onde surgia. Depois do dia em que eu a havia conhecido na praia, esta é a primeira vez em que eu a olho com um interesse além da amizade que temos. E constatar isso me assusta.

- Vitória não está chorando? – pergunto a primeira coisa que me vem à mente quando me afasto dela. Eu preciso parar de pensar em coisas assim. Agatha é minha amiga e eu não quero estragar o que temos. Claro que eu notava o quanto ela era bonita e desejável, mas eu tinha aprendido a diferenciar nossa amizade do desejo que ocorre entre um homem e uma mulher. Eu sinceramente não entendo porque de repente eu estava pensando nela de outra forma.

- Eu vou ver. – se Agatha tinha percebido minha desculpa para me afastar dela, eu não sabia. Mas se havia notado, preferiu me ajudar e se afastar.

Fico sozinho tentando organizar os meus pensamentos enquanto ela não volta do quarto onde Vitória está. Quando Agatha retorna à sala, acabo recebendo uma ligação. Havia uma emergência no hospital e mesmo eu estando de folga, eles precisavam de mim. Me despeço dela às pressas e caminho para o hospital, agradecendo internamente por não ter que enfrentar um momento constrangedor com Agatha. Até a hora em que eu voltasse a vê-la, tudo já teria se normalizado e nosso momento embaraçoso já teria sido esquecido. Até porque tudo o que eu menos precisava era começar a confundir nossa amizade com outra coisa.

O Elo Entre Nós DoisOnde histórias criam vida. Descubra agora