Rodrigo estava namorando. E eu não imaginei que isso fosse me incomodar tanto. Ele tinha se envolvido com algumas mulheres ao longo desses anos em que nos conhecemos, mas essa era a primeira vez que ele partia pra algo mais sério. Talvez fosse por isso que eu estivesse achando estranho. Eu apenas não estava acostumada a vê-lo levar um relacionamento a sério. Não era nada além disso, logo eu deixaria de me importar... não é?
A quem eu queria enganar? Eu me apaixonei por Rodrigo, vamos logo dar nomes aos sentimentos e encaremos a realidade. De uma estranha que o ignorou, eu passei a ser sua melhor amiga. Acrescentei uma filha alguns anos depois. E agora eu tinha descoberto que sentia por ele além de uma simples amizade. E ver ele com outra me machucava, me doía. Porque eu tinha vontade de estar no lugar dela. Porque eu queria que todos os sorrisos que ele dava fossem pra mim. Porque eu queria que ele sentisse o mesmo que eu.
Eu tinha consciência de que o que vivemos naquela noite foi verdadeiro. Eu sabia que o atraía, mas diferente dele, o que eu sentia por ele ia além do físico. Eu não percebia, mas era por isso que fugia toda vez que ele fazia menção de falar sobre aquela noite. Eu não queria ouvir que tinha sido só algo físico quando pra mim tinha sido muito mais. Eu pus uma máscara, fingi que tinha sido algo de momento e que não queria que acontecesse novamente, quando no fundo o que eu mais queria era ter isso sempre. Ter ele comigo pra sempre. E só agora eu enxergava.
Era duro ver ele dando à outra pessoa tudo o que eu queria que ele me desse. Era com isso que eu não estava sabendo lidar e por causa disso vinha me comportando como uma idiota. Rodrigo já tinha me apresentado a Daniela, já a tinha trazido para conhecer Vitória. Ela sempre foi simpática, parecia não se importar com o tipo de família que eu e Rodrigo formávamos com ela, mas mesmo assim eu não conseguia devolver a simpatia, muito menos gostava que ela ficasse próxima à minha filha. Tolice e pura criancice, eu sei. Mas eu não conseguia reagir bem, por mais que tentasse. E eu tentava. Deus, como eu tentava! Às vezes conseguia, mas outras vezes não. E nessas vezes eu sabia que Rodrigo notava. Mas ele nunca falava nada, acho que preferia ignorar.
- Agatha! – ouço a minha mãe chamar por mim, me tirando dos meus pensamentos. – Meu Deus, no que você tanto pensa? Estou te chamando há meia hora. – ela reclama.
- Desculpa, mãe. – respondo, voltando a enrolar um brigadeiro em minhas mãos.
Vitória está completando 8 meses e como sempre vem sendo todos os meses, Rodrigo e eu sempre organizamos uma pequena comemoração. Ele sempre me ajudou com os preparativos, mas dessa vez minha mãe tinha vindo para a festinha e agora me auxiliava, enquanto Rodrigo ficou encarregado de cuidar da nossa pequena, já que era domingo e era a folga da babá.
- Está pensando nele, não é? – minha mãe pergunta, e não é preciso que ela cite nomes para que eu entenda que ela está se referindo a Rodrigo.