Eu ainda o encarei por alguns segundos, completamente em silêncio, tentando criar coragem para falar qualquer coisa que fosse.
- E então, Agatha? – ele me pergunta impaciente e eu me sinto na obrigação de abrir a boca.
- Está falando sobre hoje não é? Me desculpa. – falo, já que me fingir de desentendida não era uma opção. – Me comportei como uma boba mesmo. Eu não sei o que me deu...
- Não sabe mesmo? – ele me interrompe. – Ou é porque você não quer me contar?
Sou pega de surpresa com sua pergunta e fico sem saber o que dizer. Rodrigo me analisa o tempo todo, como se buscasse respostas silenciosas em meus olhos e eu chego a temer que ele realmente descubra algo neles.
- Não é só de hoje. Você vem se comportando mal com a Daniela desde que eu te apresentei a ela. Ela nunca fez nada contra você, Agatha. – ele começa a falar depois de um tempo em que ambos permanecemos em silêncio. – Mas você nunca gostou dela, não é? No começo eu ignorei, não achei nada demais, mas hoje você passou dos limites.
- Eu não fui desagradável com ela. – me defendo.
- Imagine então se tivesse sido! – ele ironiza e eu me controlo para não avançar em cima dele.
- Não foi minha intenção Rodrigo. Eu só não estava num bom dia. – respondo e ele me dá um sorriso irônico. – O que foi? Ela por acaso foi fazer queixa de mim pra você? Por que não diz logo o que ela tanto falou?
- Já chega, Agatha! Para de ficar enrolando e colocando a culpa em quem não tem. – ele diz, irritado. – Estamos dando voltas e mais voltas aqui. Eu só quero entender porque você tem estado tão estranha nos últimos tempos. Você nunca foi assim. Por que você não me conta? A gente nunca escondeu nada um do outro.
- Eu não estou escondendo nada Rodrigo. – me viro para não encará-lo. Não quero que ele veja a mentira estampada em meu rosto. Eu não posso dizer que estava me comportando como uma boba porque estou apaixonada por ele e não tenho maturidade pra lidar com o fato de que ele namora outra.
- Não sabia que você mentia agora. – sua voz tão próxima ao meu ouvido me deixa em alerta. Meu corpo todo se arrepia com sua proximidade. – Eu não acredito em você, Agatha.
- Pois o problema é seu. – respondo, já irritada, me afastando mais uma vez.
- Caralho Agatha, como você é difícil! – ele reclama, diminuindo a distância mais uma vez e me vira para ficar de frente à ele. – Custa tanto pra você admitir?