Como eu amo o Natal! É uma época feliz, onde o amor e a união prevalecem e os momentos em família são sempre especiais. E agora eu tinha Vitória comigo, o que tornava tudo ainda mais especial. Em seus três meses de vida, esse era seu primeiro Natal e eu desejava de todo o coração que fosse o primeiro de muitos que passaríamos juntas, como mãe e filha. Como uma família. Meus pais tinham vindo de Brasília para passar a data conosco. Os pais de Rodrigo e o irmão também vieram de São Paulo e todos passaríamos o Natal juntos. Ana fizera questão de organizar uma ceia de natal no apartamento do filho e queria que eu, meus pais e sua “netinha” passássemos a noite com eles. Lógico que não recusamos. Nossas famílias se davam muito bem. Os quatro anos em que eu e Rodrigo nos conhecíamos tinham servido não somente pra estreitar os nossos laços de amizade, mas também os de nossas famílias.
- Olha quem chegou, Beto! – Ana grita para o pai de Rodrigo assim que abre a porta do apartamento e nos vê. Seus olhos focam em Vitória, que estava acordada e lhe presenteava com um sorriso banguela. – E nossa Vitória está usando o vestidinho que demos de presente! – ela encara admirada a minha princesinha vestida com um lindo vestido vermelho que tinha sido um presente dos pais de Rodrigo. – Vamos, entrem. Sejam bem-vindos.
Ela nos dá passagem enquanto entramos e logo nos acomodamos na sala. Meus pais conversam animadamente com Beto e Ana, enquanto Felipe passa a me contar sobre como anda seu namoro e a faculdade durante uma brincadeira e outra que ele faz com Vitória, que nesta noite está mais acordada do que nunca. Parecia até adivinhar que era dia de festa e que toda a família estava reunida. Faltava apenas Rodrigo, que chegaria mais tarde por conta do plantão que estava dando no hospital.
- Rodrigo está demorando, não está? – comento com Felipe. Já passava das dez horas e nada dele aparecer.
- Como se você não conhecesse o meu irmão, Agatha. – Felipe dá de ombros. – Aquele ali esquece do mundo quando está dentro daquele hospital.
Isso era verdade, mas embora ele se dedicasse ao máximo e se envolvesse com o seu trabalho no hospital, ele nunca deixava um compromisso de lado. Ele não se atrasaria para a ceia de natal, não quando sua família toda estava ali. Não quando ele estava tão ansioso quanto eu para o primeiro Natal com Vitória. Mas não foi preciso que esperássemos mais. Logo Rodrigo abriu a porta, chamando para si todas as atenções. Ele tinha os cabelos bagunçados e um aspecto cansado, mas ainda assim continuava lindo. Eu me pergunto se alguma vez Rodrigo havia me parecido feio. Mas eu sabia que não.
- Desculpem o atraso. – ele pede assim que vem até nós. – Acabei perdendo a hora no hospital e ainda dei uma carona para uma colega. – justifica-se.
- Que colega? – Felipe curioso como era, logo pergunta.
- Daniela. – ele responde. – Uma médica que chegou há poucos dias no hospital.