Paola
Ana Paula pegou no sono, enquanto nos estávamos conversando, não acho ruim, ela estava sonolenta desde a hora que a enfermeira injetou uma nova dose de analgésicos no tubo em seu braço. Me ajeito na poltrona reclinável ao lado de sua cama e durmo um pouco, ela acordou durante a madrugada e pediu ajuda para ir ao banheiro, eu ajudei e a coloquei de volta na cama.
Eu não contei porque decidi vir passar a noite no hospital, pois bem, Gabi me ligou para me dar notícias sobre o estado de Ana, e disse estar se sentindo mal por ela passar a noite sozinha, como seus pais moram em Brasília, seus irmãos moram fora, e ela não poderia pois estava atarefada com o trabalho agora que Ana está ausente. Então ela iria ficar sozinha, e meu coração ficou tão apertado por pensar que ela poderia se sentir sozinha ou abandona que simplesmente fui.
Quando os primeiros raios do dia começaram a aparecer eu a acordei só para me despedir.
— Buenos dias Cariño, eu tenho que ir acordar Fran, mais tarde falamos si?
— Obrigada por ficar comigo. — Ela sorriu ainda sonolenta.
Peguei o carro e fui pra casa o mais rápido que consegui, e graças a Deus nos céus a Fran estava dormindo, tomei um banho rápido e fui acorda-la. Como sempre aquela preguiça pra levantar mas, logo ela concordou, tomou um banho e tomou o café, deixei ela na escola e fui para o restaurante.
— Paola! — Mariana estava com os braços cruzados na frente do restaurante as 7horas da manhã.
O que eu fiz pra merecer isso Senhor?
— Bom dia Mariana, posso ajudar?
— Claro que pode meu amor. — ela sorri e tenta me beijar, viro o rosto em tempo e ela beija meu rosto.
— Então? O que você quer?
— Você, é você que eu quero, e você sabe disso. — Ela se aproxima tentando me beijar outra vez.
— Mariana, já falamos disso. O que tivemos foi ótimo, mas já acabou. Desculpa.
— Quem é ela Paola? Quem é a vagabunda por quem você me trocou?
— O que? O que nós tivemos acabou e foi só isso, não tem ninguém.
— Você está mentindo, alguma vagabunda roubou você de mim, eu sei.
— Olha, você pode achar o que quiser, eu tenho que trabalhar agora.
Passei por ela abrindo a porta do restaurante e fechando logo em seguida, passei a chave na porta por garantia.
— Visitas logo cedo Chef. — ironiza Elisa atrás de mim. — Você está com uma cara péssima.
— Mariana é louca, você acredita que ela acha que eu terminei com ela porque tô ficando com outra e não porque ela é completamente surtada?
— Eu sempre falei pra você que ela é completamente louca, você não acreditou em mim. — Ela da de ombros.
— Me avisa sempre de acreditar em você? — digo indo pra cozinha e vestindo meu avental.
— Agora você vai me falar como foi seu encontro com a Ana Paula, melhor sexo da minha vida em uma noite fria em Paris?
— Eu não chamaria de encontro, eu só passei a noite com ela no hospital. E também só fiz isso porque fiquei preocupada, ela fez uma cirurgia na coluna e ia ficar sozinha.
— Sozinha? Em um hospital cheio de enfermeiros e médicos? Me poupe por favor Paola. — Elisa prende os cabelos cor de mel em um rabo de cavalo e os esconde em uma toca. Eu faço o mesmo, só que com um lenço.
E assim nos começamos a dança dentro da cozinha, uma música calma toca da minha playlist enquanto Elisa e eu fazemos o miss en place do dia, não falamos muito, o único som vem do bater das panelas e das facas. É lindo trás uma paz que não dá pra explicar, é uma sensação de liberdade, é estar em sintonia com o mundo, me sinto bem, me sinto viva!Claro que tem coisas ruins, os cortes nas mãos, queimaduras, os pés cansados, as pernas inchadas, a falta de tempo, trabalhar 6 ou 7 dias na semana, tudo isso é "ruim" mas, no fim do dia, quando eu deito na minha cama, eu tenho certeza que estou fazendo a coisa que eu mais amo no mundo, o que eu sei fazer e sou muito boa, todo o vazio se preenche, e a vida faz todo sentido, quando alguém come algo que eu fiz.
Escolhi os ingredientes, cortei, dei tudo de mim por aquele prato e no fim a pessoa sorri comendo, eu me sinto quase completa.
— Paola, você está mais calada que o normal. — Elisa me tira de meus pensamentos — Pensando na Ana Paula?
— Na verdade não estava.
— Sei.
— É sério. Você fala mais nela do que eu. Se quiser te apresento.
— Ah, muito obrigada eu não tenho vocação pra talarica.
— Tala o que?
— Talarica, Paola você não é tão velha assim, talarica é quem pega a mina das amigas.
— Então você não é essa coisa aí, porque Ana Paula não é minha mina, ela é só uma garota que eu conheci quando era jovem, foi uma vez só, já passou.
— Mas pode repetir, não pode? Você quer repetir, não quer?
— Não vou negar a você que mais uma noite não seria nada mal.
— Ah, eu sabia. Você está louca pra ter mais uma noite, aposto que até sonhou com isso já.
— Um dia eu ainda vou te demitir por ser tão abusada. — Elisa apenas ri e me joga um beijinho antes de voltar a atenção a sua panela.
A grande verdade é que ela não estava errada, eu sonhei mesmo com a Ana Paula noite passada, sendo uma grande filha da Puta, quando ela adormeceu segurando minha mão, eu sentia seu calor e a maciez de sua pele, fechei os olhos e voltei a noite em que a tive nos braços.
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Your Eyes
FanfictionEla ergueu os olhos para mim, e eu fiquei presa a eles, não sei dizer se foi por um segundo ou uma hora, por mais que eu tentasse eu não conseguia desviar os olhos. Estava presa ali como se alguma força que, eu não entendia muito bem na época me seg...