Capítulo 8

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Paola

A cozinha está barulhenta e movimentada como deveria estar, as panelas batendo, as carnes chiando quando em contato com o fundo quente da frigideira, tudo estava em perfeita harmonia.

O almoço está quase no fim e os ajudantes estão correndo para deixar tudo no lugar antes de irem para casa.
Estou terminando de montar o último prato assim que o solto, lavo de novo as mãos, retiro o avental e vou para o escritório. Não tenho nada de urgente pra resolver, mas preciso sentar um pouco, minhas pernas estão me matando.

— Chef. — Elisa diz batendo na porta.
— Pode entrar Elisa.
— Nós já terminamos, estamos prontos para ir. — diz ela — Você vai ficar?
— Na verdade não, eu vou indo também. Vou pegar Fran na escola hoje.
Saio do restaurante direto pra escola de Fran, ela vem correndo me encontrar soltando a mão da professora.
— Hija. — sorrio ao me abaixar para pega-la no colo. — Como foi seu dia? Aprendeu muito?

Fran apenas ri enquanto lhe encho de beijinhos por todo o rosto.

— Ah meu amor, eu sabia que iria te encontrar aqui. — uma voz diz atrás de mim.
— Mariana, o que você está fazendo aqui? — Me viro já com a cara fechada.
— Tia Mari. — Francesca estica os bracinhos na direção dela, se jogando.
— Oi bebê. — Mariana se abre em sorrisos e estica os braços para pegar Fran no colo.
— Não. — puxo Fran dando um passo para trás. — O que você quer?
— Eu só quero ver a bebê, você sabe que eu me apeguei muito a ela.
— Você já viu, agora por favor. Não volte aqui.
— Paola o que é isso a menina me adora.
— Diga tchau pra Tia Mari.
— Tchau tia Mari. — Fran diz e acena com a mãozinha.

Coloco Fran na cadeirinha e saio com o carro sem olhar para trás. Passo o resto da tarde brincando com Fran, preparo o jantar e a coloco para dormir.

Tomo um banho e caio na cama, após mais um longo dia, levanto em conta que ele começa às 5:30 da manhã com as compras.
Pego meu celular e confiro o que tem para mim, nada de interessante em rede social nenhuma, só coisa inútil. Abro o Whatsapp e o primeiro contato é "Ana Paula Padrão". Que o jogo comece.

Ana Paula e eu estávamos nesse jogo sensual, há duas semanas, mas como a agenda dela e a minha estão muito lotadas, ainda não tivemos a chance de nós encontrarmos pessoalmente.

Sábado de manhã eu deixei o restaurante nas talentosas e mãos de Elisa e decido deixar o dia inteiro reservado para mim e Fran, a levei para passear em vários lugares da cidade, por fim levei-a ao cinema para ver um desenho. Particularmente eu não sou a maior fã desse tipo de programa mas, Fran adora então faço tudo o que posso.

Estávamos na fila para comprar os ingressos quando ouvi a risada. Olhei a procura e lá estava ela, linda em um vestido verde, os cabelos escuros caindo em ondas pelas costas, um sorriso muito aberto, reluzindo a luz do lugar todo. Mas não era pra mim que ela sorria, uma mulher também muito linda estava a acompanhando na risada, com longos cabelos loiros muito lisos na altura da cintura, ela ria abertamente, chamava um pouco de atenção, e Ana estava sorrindo para ELA. Uma dor aguda atingiu meu peito e eu não entendi o porquê, eu só senti.

— Mamá, mamá! — Fran puxava minha blusa tentando chamar minha atenção.
— Sí hija, que quieres?
— Xixi. — disse ela.
— Segura só um pouquinho, vamos comprar os ingressos. — éramos as próximas, comprei os ingressos e sai da fila com ela no colo, em direção ao banheiro e estava lavando suas mãos quando a vi pelo espelho, parada atrás de mim.

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