Ana Paula
O domingo na casa de Paola foi perfeito.
A pequena Francesca é uma criança encantadora, alegre, espoleta, sorridente, e muito inteligente para alguém tão pequena. Ficar junto dela me deu uma alegria tão profunda que eu não sou capaz de colocar em palavras para vocês.Me senti completa pela primeira vez em muito tempo, eu nem sabia que estava faltando alguma coisa em mim, até que estive completa com o sorriso e a energia de Francesca Carosella. Sai de lá no fim da tarde me sentindo viva e ao mesmo tempo, novamente incompleta, com quase 40 anos, eu sei que está um pouco tarde para lamentar as escolhas que fiz na vida, eu tentei ter filhos mais de uma vez e o destino não o quis. Eu superei, passei por cima e entendi que mulheres não nascem para serem mães, elas não têm que dar a luz para serem alguma coisa, ou para provar que são mulheres. Existem muitas outras coisas que uma mulher pode ser ou fazer, TUDO, mulheres podem ser tudo o que quiserem.
Assim que cheguei em casa peguei uma taça de vinho e fui para fora, a noite estava quente e as estrelas pontilhavam o céu com o seu brilho. Mané estava deitado no meu colo e eu passava a mão em seu pelo, perdida em meus pensamentos sobre coisas completas e incompletas.Ding Dong
Desperto dos meus pensamentos e vou ver quem está batendo a minha porta, olho pelo espelho mágico e abro a porta.
— Nat, você está aqui então alguma coisa está errada! — digo rindo.
— Por quem me tomas Ana Paula? Eu só vim visitar minha amiga e sócia. — diz ela entrando em casa e se abaixando para fazer carinho em mané que pulava em suas pernas.
— Desembucha querida, eu sei que você não tá aqui só pra me ver, o que aconteceu?
Eu é claro tinha toda razão, assim que fechei a porta e me virei para encara-la Natália estava com lágrimas caindo pelo rosto, me aproximei e ela me abraçou e o soluço tomou conta de seu corpo.
— Foi horrível Ana, eu não sei o que fazer. — ela disse por fim.
— Me diz o que foi horrível? — digo passando as mãos em seus cabelos, ela se afastou e seus olhos estavam vermelhos e com um fúria contida.
— Eu cheguei em casa e ele estava... Ele estava na cama com ela. Na MINHA CAMA. — Ela gritou.
— É o que? — perguntei sem entender muito bem.
— Eu cheguei em casa hoje, agora a pouco. Eu estava na empresa, resolvendo as últimas cláusulas do contrato, terminei e fui para casa mais cedo. E eu o vi. Daniel estava na cama com a secretária dele, na minha cama Ana.
— Ah querida eu sinto muito. — falei já a abraçando outra vez, enchi uma taça e ofereci a ela.
— Você não tem nada mais forte do que vinha?
— Tenho uma garrafa de tequila.— Serve.
Trouxe a garrafa e copos para ela, que logo começou a virar doses de tequila como se não houvesse amanhã enquanto falava tudo o que estava preso em sua garganta.
Natália passou a noite na minha casa, deixei que ela desabafasse tudo o que estava sentindo, nunca fui traída meu casamento acabou por outros motivos, mas ela estava acabada.— Me alegre. — diz ela de repente.
— Como é?
— Me alegre Ana, me conte como estão as coisas na sua vida, me conte da Argentina. Qual é o nome dela?
— Paola. — falei. — O nome dela é Paola.
— Me conte da Paola.
E então eu contei, Natália estava rindo esquecendo uma pouco da sua própria dor.
— Então finalmente Ana Paula de Vasconcelos Padrão está apaixonada.
— Eu não estou apaixonada, se toca. — falei revirando os olhos. — Paola e eu transamos algumas vezes, duas na verdade. Mas foi só isso. Nada que eu já não tenha passado antes, o sexo é ótimo, mas eu não estou aberta a nenhum tipo de relação. Agora que eu já tive o que eu queria. Estou pronta para a próxima.
— Conta outra Ana Paula, há semanas você fala nela, você está sempre trocando mensagens com ela, fica distraída, está com esse sorrisinho besta no rosto só de lembrar dela, você não me engana.
— Foi ótimo há quinze anos, senti um tesão absurdo e fui atrás dele. Ha três semanas fui outra vez atrás desse mesmo tesão depois que ela esteve aqui e eu vi que podia sentir aquilo outra vez. Mas foi só isso Nat, não estou apaixonada nem nada do tipo, mas se ela quiser continuar transando eu também quero.
— Tudo bem então Aninha, você sabe o que faz.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Your Eyes
FanfictionEla ergueu os olhos para mim, e eu fiquei presa a eles, não sei dizer se foi por um segundo ou uma hora, por mais que eu tentasse eu não conseguia desviar os olhos. Estava presa ali como se alguma força que, eu não entendia muito bem na época me seg...