Ana Paula
Assim que cheguei em casa, soltei mané que foi correndo para a sua cama, e eu me jogo no sofá. Deixando de verdade que as lágrimas caiam por meu rosto livremente, me sinto culpada por tudo o que aconteceu mas, era o certo a ser feito.
— Meu Deus Ana Paula, o que foi que aconteceu com você? — Natália desce as escadas e senta ao meu lado. — Porque você está toda roxa? O que fizeram com você?
— Fui atacada na rua por cara, mas a polícia passou ele saiu correndo e tudo está bem.
— Você saiu daqui antes das 10h da manhã para levar mané passear no parque. Volta já está noite toda machucada e chorando igual criança que perdeu a chupeta e quer me dizer que tudo está bem?
— Paola.
— O que foi que aconteceu?
— A encontrei no parque, almoçamos juntas, a filha dela me convenceu a ficar para brincar, quando eu vi estávamos lá a tarde toda, ela me deu uma carona, nós brigamos, ela me deixou na rua, eu fui atacada, eu peguei um táxi, fui buscar o mané, nos beijamos, ela me pediu para ficar com ela, mas eu não posso.
— Calma você está falando muito rápido. — Natália riu.
— Desculpa.
Então contei toda a história do meu dia para ela em detalhes e calmamente, minha amiga era boa ouvinte, ela xinga nos momentos certos, faz piada, da risada, e até chora as vezes. No fim ela me abraça e ficamos assim por mais de uma hora antes de ela me soltar.
— Apenas me explique porque você não quer ficar com a Paola? Ela é linda, sexy, bem sucedida, gostosa, um pouco surtada, mas quem não é?
— Depois de tudo o que eu já passei em relacionamentos? Não estou preparada para sofrer isso outra vez.
— Quem disse que você vai sofrer Aninha?
— Eu não vou arriscar, fechei meu coração e não vou abrir.
— Tudo bem Ana, vamos deitar.
Tomei um banho e deitei na minha cama para dormir, Paola me mandou uma mensagem pelo celular, uma letra de música, apenas li mas não respondi. Passei a noite em claro, me virando de um lado a outro na cama sem conseguir pregar os olhos, até que desisti e me sentei em frente ao computador para trabalhar. Adiantei todo o meu trabalho dos próximos dias, até que quando percebi o dia estava amanhecendo novamente, tomei um novo banho e me vesti para enfrentar mais um dia, um vestido verde e um salto quadrado é o que escolho, entro no carro e saio com ele da garagem, releio a mensagem de Paola pela milésima vez."Antes de desistir do amor, testa o meu por favor."
Tentar. Transitivo direto.
Empregar meios para conseguir algo.Depois de quase 50 anos vividos, entre viagens, trabalho, grandes reportagens, programas de televisão, e amores perdidos, eu já não acredito mais que romanticamente a minha vida tenha jeito. Com Walter tudo foi tão bonito por um tempo, até que nossas rotinas nos transformaram em grandes amigos e acabamos por deixar a vida a dois totalmente em segundo plano, o divórcio foi inevitável. Com Gustavo eu realmente pensei estar apaixonada, achei que tinha encontrado alguém com quem dividir a vida e a velhice, tantos sonhos e planos, e tudo foi por água abaixo quando ele resolveu me trocar por uma versão mais jovem, o impacto foi tão forte e avassalador que eu demorei anos para me recompor, demorou muito tempo para que eu pudesse ao menos me permitir explorar mais minha sexualidade outra vez. E agora Paola apareceu, quinze anos depois, mexendo comigo, fazendo-me sentir coisas que há anos estavam adormecidas em mim, sua pequena criança de olhos da cor do mar me faz sentir completa, emocionada quando ela corre para os meus braços e diz "tia Ana, eu estava com saudades", "me empurra no balanço mais alto" e quando Francesca ri eu sinto como se a felicidade estivesse toda em seu sorriso. E também é claro a própria Paola, com seu sotaque sensual, e sua forma de me olhar como se eu fosse a coisa mais bonita que seus olhos cor âmbar já tivessem tido o prazer de observar, suas mãos percorrem minha pele de maneira suave e delicada quase como se toca uma obra de arte, sua boca tem um gosto muito particular que eu não sei descrever, é doce e apimentado, suave e quente, frio e gelado, é algo dela. O prazer que só ela foi capaz de me proporcionar me eleva a um nível tão alto que eu quase perco os sentidos e as vezes perco. Paola se entrega para mim de corpo e alma todas as vezes, seu corpo reage ao meu toque mais suave, é sempre uma explosão estar em seus braços. Ela diz que está apaixonada, que quer estar comigo. Mas e se tudo isso for apenas reflexo do sexo incrível que fazemos?
Tentar. "Pelo menos tente Ana, por favor".
— É exatamente isso que farei. — dirijo até sua casa e toco a campainha.
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Your Eyes
FanfictionEla ergueu os olhos para mim, e eu fiquei presa a eles, não sei dizer se foi por um segundo ou uma hora, por mais que eu tentasse eu não conseguia desviar os olhos. Estava presa ali como se alguma força que, eu não entendia muito bem na época me seg...