Êmulo

Primeiro

A voz dos kitsunes é a voz suprema. Vocês pediram, Êmulo voltou!

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As patinhas matreiras pulavam os degraus da escada de madeira com animação. Sua língua estava pendida para fora da boca, pingando saliva fresca. Correu até o quarto de seu dono mais novo e arranhou a porta, conseguindo abrir uma fresta. Aproveitou a abertura e entrou por ela, parando ao lado da cama.

Tombou a cabeça para o lado quando percebeu que seu dono preguiçoso ainda estava dormindo. Sorriu travesso. Deu impulso para trás e pulou com tudo em cima do garoto, lambendo seu rosto pálido com afinco e felicidade, como se dissesse: acorde!

– Shiro! – afastou o cachorro, que começou a lamber a sua mão. – Sai daqui!

Latiu e voltou a lambê-lo. Sorriu derrotado e se sentou na cama, apoiando as costas na cabeceira, bocejando. Coçou a nuca e olhou preguiçosamente para o relógio que tinha em cima de sua cômoda.

– Bem na hora que eu tinha que acordar. – olhou para o cachorro sorridente. – Quem precisa de despertador quando tem você, não é, Shiro?

Acarinhou seus pelos amarronzados. Shiro latiu, concordando. Pulou da cama e partiu para o quarto do lado, indo acordar seu outro dono. Suspirou e saiu da cama, andando lentamente até o banheiro.

Tomou um banho rápido e enrolou a toalha na cintura. Parou na frente do espelho do banheiro e se admirou. Seus cabelos negros haviam sido recentemente repicados na nuca, os olhos eram tão escuros quanto ônix e sua pele, tão branca quanto a neve. Era bem bonito para um garoto de doze anos em plena puberdade. Estalou o pescoço e voltou para o quarto.

Vestiu-se com uma blusa da cor azul escuro com gola alta, uma bermuda branca e pôs seus armamentos ninjas amarrados na perna direita. Abriu a gaveta da cômoda e tirou o colar prateado com o pingente de leque vermelho e branco, o símbolo do clã Uchiha.

O colar brilhava em seu pescoço. Arrumou sua pequena bolsa com kunais e shurikens e a prendeu no bolso posterior de sua bermuda. Abriu a porta e encontrou Shiro sentado no pé da escada, sorrindo.

Sorriu para o cachorro.

– Acordou o Itachi, não foi, malandrinho?

Shiro latiu em concordância. Passou na frente do quarto do irmão e ouviu os resmungos irritados do mais velho. Apesar de achar a situação engraçada, entendia que Itachi precisava descansar, afinal trabalhava muito sendo Godaime Hokage de Konoha e quase não parava em casa. Na maioria das vezes, na verdade, acabava dormindo no escritório e restava a ele, o caçula, carregar o peso morto de seu irmão mais velho para casa.

O cheiro delicioso da comida caseira de sua mãe preencheu suas narinas. Andou animado até a cozinha e encontrou a matriarca, a dona Uchiha Mikoto, pondo um cesto cheio de pães na mesa. Seu pai, o líder do clã Uchiha, Uchiha Fugaku, estava sentado na cadeira da ponta lendo o jornal do dia.

– Ohayou, okaa-san, otou-san – cumprimentou alegremente, se sentando a mesa.

– Oi, Sasuke! – Mikoto respondeu sorrindo. – Animado para o seu primeiro dia como um gennin?

Sasuke concordou com a cabeça. Ontem havia sido o dia de avaliações e o Uchiha havia sido perfeito em todas as provas – como todo bom Uchiha –, sendo assim graduado no primeiro patamar de um ninja, o título gennin.

Sendo gennin, Sasuke entraria para um time de três liderado por um jounnin e finalmente poderia sair da vila para participar de missões. Claro que eram tarefas de nível baixo, de rank-D e rank-C, mas já era um avanço para seu sonho de continuar o legado da família e liderar a Polícia Uchiha de Konoha.