Décimo Quinto

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A primeira coisa que viu após acordar foram as grades cheias de selos supressores de chakra do pequeno cubículo onde estava. A algema prateada queimava a base de seus punhos, não importava quantas vezes tentava se soltar, apenas conseguia sentir mais dor e cansaço. Sua cabeça latejava com força. As memórias dos dias anteriores se passando como um filme interminável em sua mente.

Parecia um filme de terror. Sasori não costumava ter medo de filmes ou apresentações de teatro, mas ele temia aquele. E como temia.

Sasori se perguntava como poderia ter sido tão descuidado ao ponto de cair em um mísero genjutsu. Percebeu então que estava de guarda baixa no último encontro que tivera com Kabuto, quando o Yakushi estava o revelando o esconderijo da Akatsuki. A partir dali, sentia como se não respondesse por si mesmo.

– O genjutsu é tão perfeito que eu nem percebi quando estava nele. – pensou alto. – Quem poderia ter um nível de ilusão tão grande quanto esse? É esse tipo de shinobi que a Akatsuki possui?

As respostas para suas perguntas o assustavam. Muito.

Em sã consciência, Sasori nunca seria capaz de trair sua própria vila. Além disso, rebelar-se a Suna era quase o mesmo do que negar o Kazekage, seu aluno de época gennin. O Akasuna viu nos olhos soturnos de Gaara o talento para se tornar um ótimo ninja no futuro, o que realmente aconteceu. Sasori se odiaria se o sonho de Gaara fosse destruído por sua causa.

Além de Gaara, havia também Kankuro, seu pupilo na arte de marionetes. Sasori via no Sabaku o jeito sonhador e curioso que tinha quando criança. Só de lembrar que provavelmente Kankuro não sobreviveu ao seu veneno – que era tão complexo que nem mesmo ele havia criado um antídoto – deixava Sasori intensamente triste e frustrado consigo mesmo.

Sasori havia falhado como shinobi.

– Rasa-san vai me matar – resmungou.

– Eu até o faria se essas merdas de grades não estivessem no meu caminho. – Sasori pulou de susto e olhou para seu chefe furioso. Engoliu em seco. – A minha vontade nesse momento é de te esmagar com minha areia até o seu intestino travar com o pó.

– Não seja tão direto, Rasa-sama. – Obito se aproximou e sorriu pequeno para o Akasuna. – Viemos te soltar, Sasori.

Me soltar?

– Não pense que você andará livremente por aí, por mim você seria morto em praça pública e teria as partes do corpo jogadas para os cachorros selvagens comerem. – Sasori se encolheu. As ameaças de Rasa nunca eram apenas ameaças. – Mas Chiyo-sama insistiu em dizer que você estava em um genjutsu, o que me deixou com ainda mais raiva da sua incompetência, se quer saber.

– Você será mantido em custódia, mas terá a pena reduzida se nos ajudar. – disse Obito. – É só colaborar e dizer o que sabe.

– Eu digo! – concordou rapidamente. – Eu digo tudo! Não posso deixar Gaara nessas situações sem fazer nada a respeito.

– É Kazekage-sama para você, traidor – corrigiu Rasa.

Obito abriu a cela de Sasori e o ajudou a se levantar. O Akasuna foi levado para uma pequena salinha onde teve suas mãos soltas. Rasa estava sentado a sua frente, olhando-o como se pudesse matá-lo em um segundo – e realmente podia. Obito estava de pé ao lado do Yondaime. Chiyo, acanhada, observava a tudo de longe com o olhar pesaroso.

– Eu deveria acabar com você e com Obito por esconderem de mim a ameaça da Akatsuki – os dois engoliram em seco. –, mas vocês tiveram sorte de eu ter recebido mensagens do Hokage e do Tsuchikage pedindo sigilo. Apesar de entender seus propósitos, não quero que me escondam mais nada, ainda mais agora que meu filho está em perigo.

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