Décimo Sétimo

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Gatilho atrás de gatilho

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As safiras inexpressivas escondiam o conflito mental que se instalava no interior de Naruto. No passado, há cerca de três anos, estivera no Vale do Fim lutando contra Sasuke em uma batalha intensa que supostamente havia terminado com a morte do melhor amigo. Agora, porém, via o garoto completamente vivo e saudável a sua frente com os restantes membros de seu antigo time de época gennin – e mais dois desconhecidos insignificantes para si.

– Kurama, isso tem a sua cara. – o bijuu nada respondeu, escondendo a cabeça entre as patas peludas enquanto fingia estar tirando um cochilo. – Minha vontade é de te matar, raposa maldita.

O maior laço de Naruto ainda estava vivo. Aquilo o deixava feliz ao mesmo tempo em que o assustava. Saber que não havia conseguido cortar seus vínculos com Sasuke o irritava muito. Fazia com que o Uzumaki se sentisse fraco, inútil, incapaz de crescer para ganhar poder. Se não conseguiu matar Sasuke, como poderia vingar seus pais?

Não poderia deixar as emoções conflituosas que sentia tomar conta de seu subsconsciente. Se não havia conseguido antes, agora o faria.

Naruto não iria falhar.

– Sasuke, então você veio também. – disse totalmente inexpressivo, como se a sua presença não o incomodasse. Sasuke, estranhamente, se irritou com aquilo. – O Time Sete inteiro reunido, que nostálgico.

– Nós somos o Time Obito – disse Yamato, que parecia ser o único que não estava abalado com a presença do Uzumaki. –, viemos levá-lo de volta para Konoha.

Obito abriu a boca, mas não conseguiu soltar nenhuma palavra. Minato-sensei, eu falhei na minha missão como ninja mentor, decidiu por fim abaixar a cabeça, não se sentia capaz de fazer um mísero movimento. Seu filho estava sob minha responsabilidade e no fim eu não consegui salvá-lo. Espero que me perdoe por ser um lixo, sensei.

Sai empunhou sua katana na direção de Naruto. Sakura tentou reclamar, porém, assim como Obito, nada saía de sua boca.
Era como se o Time Sete estivesse mudo.

– Esse cara é o meu substituto, não é? – Naruto riu entredentes.  – Ele falou algo sobre proteger os laços entre Sasuke e eu. Completamente patético!

Proteger os nossos laços?; Sasuke encarou Sai com o cenho franzido.

– É verdade, minha verdadeira missão era o assassinato de Naruto – o time Sete arregalou os olhos com a revelação, Obito e Yamato, no entanto, não esperavam menos de um ex-membro da Anbu Ne. –, mas eu não estou mais seguindo ordens de ninguém. Agora, irei tomar minhas próprias decisões, porque Sasuke-kun me fez lembrar da sensação de ter um laço com alguém. – Sai parou de falar por alguns instantes, parecendo se recordar de um passado distante. – Alguma coisa me faz querer ajudá-los. Esse sentimento de ter vínculos, mesmo que pouco, é importante para mim.

Naruto permaneceu calado enquanto absorvia vagarosamente as palavras de Sai. Garoto idiota, aquela era sua primeira impressão do jovem pálido. Laços apenas nos enfraquecem, não importa com quem sejam.

– Posso não te conhecer bem, mas existe uma razão pela qual Sasuke-kun, Obito-sensei e Sakura-san vieram atrás de você. – depois daquilo, o Time Sete passou a admirar Sai. – Eles estão aqui para evitar que esses vínculos se percam. Eu ainda não tenho muita compreensão sobre isso, mas você, Naruto-kun, deve saber o porquê de todo esse esforço.

O Uzumaki respirou fundo.

– Sim, eu sei disso. – seus olhos pararam de piscar. Vermelho-sangue, intenso, profundo. – Por isso me separei deles.

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