Vigésimo Quinto

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Foi um milagre.

Centenas de cidadãos e ninjas, que antes estavam estirados e mergulhados em meio ao próprio sangue, se levantaram como se nada tivesse acontecido. Os ninjas médicos correram para seu amparo, descobrindo que seus hematomas e ferimentos haviam sido misteriosamente curados. Ninguém de Konoha sabia que o havia acontecido, mas estavam eternamente gratos por receberem aquela ajuda divina.

Macas e ninjas médicos corriam pelas ruas destruídas. A cada passo que davam, conseguiam ver melhor a situação de sua aldeia. Não havia sobrado nada, um tijolo de uma casa sequer. Comerciantes perderam suas mercadorias, famílias perderam suas casas e o Hokage perdeu toda a sua honra.

Konoha era o significado pleno de caos.

A situação de sua vila era a pior das hipóteses – aquela que Itachi acreditava plenamente que nunca iria acontecer. Observando agora seu primo e secretário sendo levado por Rin em uma maca em meio aos centenas de feridos, o Hokage não podia evitar de se sentir um lixo. Mesmo tendo derrotado o invasor, uma chuva de papéis cortantes chegou de surpresa e levou o corpo junto aos belos e delicados origamis. Se ao menos tivessem o corpo de um membro da Akatsuki, poderiam facilmente inverter essa situação ao seu favor, mas nem isso tinham.

Estava fadado ao fracasso. Depois do dia de hoje, não demoraria para o conselho derrubar seu governo e, com Obito ferido, eles provavelmente escolheriam outro sucessor por eles mesmos. Itachi se ajoelhou no lugar onde antes ficava a sua escrivaninha, encolhendo-se e abraçando os próprios joelhos. Sentia-se como uma criança assustada em meio a tempestade. Estava totalmente sem rumo.

– Olá, Hokage.

Itachi levantou os olhos para cumprimentar a figura mais velha, suspirando.

– Oi, Jiraiya-san.

– Eu imagino como deve estar se sentindo. – Jiraiya fez um pouco de esforço e se sentou ao seu lado, observando a vista da destruída Konoha. – Eu passei no hospital antes de vir para cá. Os ferimentos de todos foram curados e ninguém morreu. – Itachi agradeceu mentalmente a Kami por isso. – Obito foi sedado e está fora da zona de perigo.

Sua preocupação pelo primo era tão notável assim?

– Sei que se sente mal por tudo isso que aconteceu, mas não tinha como evitar, Itachi. Foi literalmente de surpresa. Eles conseguiram até mesmo passar pela nossa barreira protetora! – Jiraiya tinha que dar os créditos a Akatsuki. Eles eram realmente fortes, uma verdadeira ameaça. – Tsunade está uma pilha de nervos lá no hospital.

– Shizune-san também é uma das gestores, Tsunade-sama não precisa se preocupar tanto, temos ótimos ninjas médicos para ajudá-la – disse, com a voz abafada pelos joelhos.

– Tsunade se sente culpada. – Itachi arregalou os olhos. – Talvez até mais do que você, Itachi. Essa vila é aquilo que Hashirama-san deixou para a Tsuna cuidar e proteger, como acha que ela se sente? Eu também me sinto um merda sabendo que não posso fazer nada para ajudar a minha mulher. Shizune também se sente péssima pela melhor amiga. Entende o que eu quero dizer?

Itachi sorriu fraco.

– Eu não estou sofrendo sozinho.

– Sabia que não era o prodígio dos Uchiha a toa! – deu pequenos tapinhas em suas costas. – Lembre-se de que não adianta sofrer e esconder suas preocupações para si mesmo. Estamos todos juntos nessa: eu, você, Tsunade, Shizune, o clã Uchiha, todo mundo! – suspirou. – A Akatsuki não é um mal só para Konoha. Se um único membro conseguiu fazer isso – apontou para o buraco onde estava antes sua vila. –, imagine o que todos eles podem fazer juntos, Godaime.

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