Vigésimo Terceiro

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A churrascaria nunca esteve tão lotada nos últimos tempos – isso porque o cardápio era quase cortesia da família Akimichi. Eles, em sua maioria adolescentes, conversavam e riam a cada minuto, diminuindo a tensão viviva em momentos tão difíceis que não aconteciam desde a última guerra. A ascensão da Akatsuki preocupava a todos e provocava uma preocupação enorme neles, por isso, aquela noite era mais do que necessária.

E o aniversariante não estava menos agradecido pelo apoio que seus amigos o davam. Havia se enchido de carne desde que pisou na churrascaria de Konoha, rindo tanto que provavelmente sentiria dores abdominais se não estivesse tão anestesiado com a felicidade do momento. Afinal, quem não estaria feliz ao poder ser finalmente considerado maior de idade? Eram enfim os seus dezoito anos.

Mas, mesmo sendo agora mais velho, Sasuke não se sentia completamente em paz. Estava diante de seu bolo de aniversário, feito de um sabor amargo e cítrico – já que Sasuke não era muito chegado a doces –, olhando para as faíscas das velas que balançavam diante de seus olhos negros.

– Faz um pedido, Sasuke! – gritaram após toda a cantoria de aniversário.

Sasuke suspirou, pensando em seu pedido. Não precisava refletir muito, sabia exatamente do que queria. Assim, assoprou as velas. Seus amigos bateram palmas, implorando internamente para que pudessem logo comer o bolo.

– Primeiro pedaço! – berrou Chouji, animado.

– Pega, sua testuda maldita – Sasuke teria jogado o bolo na cara dela se ele não estivesse tão bonito.

– Também amo você, bunda de pato.

Os amigos começaram a comer o bolo. Mesmo em meio a comilança, Sai se mostrou um ótimo amigo ao fazer uma bela piada sobre alimentos amargos e o sabor de esperma. Como aquele maldito sabia daquelas coisas? Sasuke não sabia e nem queria saber.

Apesar disso, ele era seu amigo – de companhia nem mais tão insuportável.

Sasuke mexeu preguiçosamente no recheio cítrico de laranja. O bolo estava uma delicia – não duvidava nada das habilidades culinárias de sua mãe, que doou o bolo para a festa interna entre seus amigos –, mas, ainda sim, não tinha a mínima vontade de comê-lo. Sakura percebeu, afastando-o um pouquinho da multidão.

– Você está bem, Sasuke?

O Uchiha suspirou, negando com a cabeça. Era óbvio que não estava nada bem.

– Não muito.

– É por que ele não está aqui, não é? – Sasuke desviou o olhar, aquilo era vergonhoso. – Ah, Sasuke, sabe que estamos fazendo o nosso melhor para trazê-lo de volta.

– Eu sei, mas não consigo evitar de me preocupar. – encarou o bolo esquecido em suas mãos. – Como Naruto está? Vivendo e lutando para Orochimaru? Buscando uma vingança que provavelmente irá matá-lo? – suspirou. – Eu queria ter o impedido quando tive chance.

– Naruto quis ir embora por vontade própria, não se culpe por isso, Sasuke. – sorriu. – Tenho certeza de que em breve ele estará conosco. Todo o Time Sete reunido! Eu, você, Naruto, Obito-sensei...

– O idiota do Sai e o estranho do Yamato Taichou. – soltou um pequeno sorriso. – Como consegue sempre me acalmar, testuda?

Sakura negou com a cabeça, socando levemente os fios negros.

– Porque eu sou incrível, baka.

A dupla voltou como se nada houvesse acontecido. Sasuke estava mais leve após a conversa, se divertindo com seus amigos até que a churrascaria teve que fechar – Chouji comeu todo o estoque de carne do dia e, talvez, da semana inteira. Assim, às dez da noite, o Uchiha voltou para casa.

ÊmuloOnde histórias criam vida. Descubra agora