Vigésimo

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Itachi deveria estar se preocupando com a enorme pilha de papéis espalhada por sua mesa – mesmo com o apoio que tinha, muitos relatórios surgiram depois dos ataques da Akatsuki e tudo aumentava com Obito e o Time Sete saindo regularmente em missões –, mas estava aéreo demais para pensar em alguma coisa. Sua mente alternava entre suas preocupações com a vila, a ascensão da Akatsuki e – a cereja do bolo – Deidara.

Deidara é mesmo especial, meu shinobi da guarda, desvencilhou-se da mesa – onde quase dormia de exaustão –, tateando as gavetas até chegar na última. Abriu-a. Sem ele, eu seria apenas mais um Uchiha mergulhado na maldição do ódio. Agradeço-o tanto que não deve existir uma forma de recompensá-lo por todo o apoio.

Da gaveta, Itachi tirou uma pequena caixinha de veludo contendo um par delicado de anéis. O Hokage engoliu em seco, analisando todos os detalhes da joia que ele mesmo desenhou – tentou desenhar. Tinha medo de as nuances não o agradarem, talvez ele nem mesmo gostasse de objetos prateados. Pior: e se Deidara fosse alérgico a anéis?

Estremeceu só de pensar na possibilidade.

– Será que é o suficiente? – pensou alto.

– Então os pombinhos finalmente se acertaram, já estão até pensando em casamento. – Itachi quase teve um infarto ao ouvir a voz daquele maldito que chamava de primo. – Eu disse, não disse?

– Faça o favor de calar a boca, Obito. – revirou os olhos. – Está atrasado.

– Eu faço o meu horário, Itachi. – apoiou-se na mesa. Seu olhar pousou na caixinha. – Sabe, Hokage-sama, Deidara é meu melhor amigo. Sei tudo sobre ele: o que gosta de comer, o que não gosta, se gosta de joias...

Não vou cair nesse jogo sujo, pensou Itachi, virando o rosto. Não vou...

Segundos depois Obito analisava minuciosamente o conteúdo da caixa. Levantou o anel prateado ornado com uma bela pedra azulada. O Uchiha franziu o cenho ao virar a joia, vendo um desenho rudimentar – mas sentimental – de um pássaro branco.

– E...?

– Como sabia que Deidara gosta de pássaros? – mostrou o desenho. – Dos brancos, ainda. Tenho certeza de que ele nunca disse isso para você.

– Ele gosta? – certo, Itachi podia morrer feliz agora. – Foi bem proposital. Você sabe, eu gosto de corvos, e eles são pretos...

Obito sorriu de canto.

– Yin-Yang! – parece tão idiota e clichê quando ele fala, pensou o Hokage. – Que fofo e romântico vindo do Godaime Hokage, não sabia que você tinha sentimentos clichês, Itachi.

– Vá a merda, Obito! – tomou a caixinha e os anéis, guardando-os na gaveta. Por que havia pedido a ajuda justamente de Obito?

– Sem brincadeiras agora. – disse, sem tirar o sorrisinho idiota. – Deidara não precisa de anéis ou coisinhas fofas para aceitar ficar com você. Só sua presença já basta para ele.

– Por que eu confiaria em você?

– Deidara me disse isso hoje, durante o café. – os olhos de Itachi brilharam. – Você deveria se apressar, ele vai embora amanhã pela tarde.

Itachi fez muxoxo. Deidara não poderia ficar muito tempo em Konoha. Como Tsuchikage, tinha que estar a maior parte do tempo em Iwa, cuidando do bem-estar de todos. Além disso, Ōnoki estava hospitalizado e precisava dos cuidados do “neto”. Na prática, Deidara estava fazendo nada em Konoha além de acalmar Itachi.

Aquilo chegava a ser vergonhoso.

– Eu sei. – bufou. – Iria fazer o pedido hoje, mas olha essa quantidade de coisas que tenho para fazer. – apontou para os papéis. – Amanhã tiro o dia de folga e resolvo isso.

ÊmuloOnde histórias criam vida. Descubra agora