Capítulo 6

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O alerta do comunicador dispara dentro da viatura. As luzes do giroflex do VLI de polícia se acendem e a sirene grita, enquanto o veículo parte em disparada pelo boulevard principal de Heterotopx.

O tripulante se irrita com o chamado, gostaria de continuar a ler seu romance até que seu turno terminasse para, enfim, poder ir até o Infernx, mas... ossos do ofício.

A central envia os dados da ocorrência. "Desinteligência". Rico se irrita um pouco mais. Outro cidadão enlouquece, apenas para atrasar seus planos.

Em poucos minutos, chega ao local indicado. Um homem barbudo segura uma faca, ameaçadoramente, em uma das mãos enquanto, com o outro braço, prende uma moça em uma gravata.

— Senhor. Qual o seu nome? — Rico grita em direção ao homem.

— Saiam! Me deixem em paz! — o homem barbudo responde. — Só falarei na presença de um índigo.

— Escute! — Rico se aproxima cautelosamente. — Não queremos piorar essa situação não é? Sejamos razoáveis.

— Razoável o caramba! Quero um índigo que devolva minha Glorx. Estou sendo roubado nesta cidade desde o dia em que cheguei aqui.

Ao perceber a abertura para um diálogo, Rico pensa rapidamente em uma forma de deixar o barbudo falar mais. Quem sabe um desabafo possa acalmar um pouco o homem furioso?

— Me diga seu nome, senhor. Podemos resolver isso rapidamente e deixar essa situação para trás. O que acha?

— Não... Só saio quando restituírem minha Glorx. Sou um azul, cheguei aqui como um azul e agora... — ele aproxima ainda mais a faca do pescoço da refém. — Olhe meus olhos, estão quase laranja! Vocês pensam que irão me enviar para Distopx? Ser um escravo de vocês até o fim dos meus dias?

— Não, senhor, arranjaremos uma solução. Eu mesmo restituirei seu saldo. O senhor é um azul correto? Deve ter havido algum engano, não é mesmo? Solte a moça e cuidarei para que sua glória retorne ao que lhe é devido. Mas antes me diga seu nome, por favor...

— Meu nome é Hugo e... sei que você está mentindo! Não poderia resolver isso, eu sei! Somente um índigo pode me ajudar.

— Não é verdade, senhor Hugo. A polícia de Heterotopx possui um saldo de reserva para estas ocasiões, mas só posso agir se o senhor liberar a refém. — Rico sente a tensão, por estar mentindo e por ainda ver a moça sob ameaça. Dezenas de oficiais atenderam ao mesmo chamado e se mantém à distância observando a negociação.

— Quero acreditar que o me diz seja verdade... Mas, a refém é minha única garantia agora. Consiga um índigo e a libertarei. Agora saia daqui.

Rico percebe que a situação chegou a um impasse. Não há mais meios tranquilos para resolver a questão, uma moça está em perigo sob o jugo de um laranja enlouquecido. Agora é tudo ou nada. Cuidadosamente, saca seu lumx e se aproxima do sequestrador.

— Escute-me, não tenho nenhum motivo para mentir para o senhor. Vamos resolver isso de modo amigável, assim, poderemos ir para nossas casas como se nada disso houvesse acontecido. O que me diz?

— Afaste-se! Ou terei que matá-la. — a refém está em choque, com o rosto cheio de lágrimas. — Estou falando sério! Afaste-se!

Hugo cospe a ameaça enquanto aponta a faca na direção de Rico. A oportunidade se apresenta e o policial não a deixará escapar. Em um movimento rápido e preciso, saca seu lumx e dispara em direção ao homem. Os olhos laranjas de Hugo observam a aproximação da delgada língua de fogo e, em uma fração de segundos, o disparo atinge a ponta da lâmina.

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