Luka procura por Rico, em meio à loucura da Repartição. Olhos apressados cruzam seu caminho enquanto buscam distinguir os tortuosos caminhos em meio às inúmeras salas do prédio cinza-prateado.
Ainda não está totalmente habituada àquele ambiente confuso e tormentoso, onde, centenas, ou talvez milhares, de funcionários administrativos se deslocam como insetos em meio ao chão de uma floresta de concreto.
— Olá! Você é a novata, não é?
Luka olha para o homem sério, de cabelos oleados e rigidamente penteados e colados ao couro cabeludo.
— Sim... Sou Luka, e o senhor? — Luka sorri, um pouco constrangida com a situação.
— Sou Kim. O responsável pelo departamento de investigação. — o homem ergue a mão para cumprimentá-la. — Já devíamos ter sido apresentados, mas seu mentor, anda me evitando ultimamente.
Luka não sabe o que fazer com a informação. Apenas balança a mão do homem rapidamente e a recolhe, em seguida, colocando os braços para trás.
— Entendo... O senhor não o teria visto por aí? Me perdi de Rico depois do almoço...
— Não... Não o vi. — ele solta um pequeno suspiro. — Tente encontrá-lo no café. É por ali, depois daquele corredor. E diga que aguardo informações sobre os itens perdidos.
— Claro! — Luka sorri, sem graça. — Ele será avisado...
— Perfeito! Estou na minha sala se precisar algo. — o homem finalmente sorri — Seja bem-vinda a polícia de Heterotopx Luka. Espero que se saia melhor que seu mentor.
♃
Rico está profundamente irritado. O recado que Luka lhe passou, mesmo a menina tendo ocultado as partes mais desagradáveis, foram suficientemente ruins a ponto de prejudicar seu humor pelo resto do dia.
Voltou com Luka ao local do suicídio de Aviva para, mais uma vez, procurar por alguma pista que indicasse o que possa ter acontecido com os objetos da falecida.
— Você sabe que eu moro aqui com Mina, não sabe? — Luka indaga.
— Não! Não sabia disso... Nunca a deixo em casa, pois Mina sempre pede para encontrá-la e, sempre em lugares públicos.
— É verdade... Não havia notado esse fato até agora... — Luka olha para Rico que mais uma vez anda próximo aos meio-fios observando qualquer pequeno dejeto que possa indicar alguma pista.
— Já vim aqui tantas vezes... Não sei mais o que poderia procurar aqui.
— Você já conversou com o recepcionista? Ele pode saber de algo... — Luka tenta ajudar.
— Já sim! Ninguém viu nada anterior ao suicídio... Se é que foi suicídio.
— E os Hologrx? Nada também? — Luka sabe qual será a resposta.
— Nada... — o homem faz um muxoxo. — Havia alguém no apartamento além da moradora, mas os sensores foram cobertos e não conseguimos obter nenhuma imagem.
Luka observa o olhar desiludido de Rico, sente um misto de pena e raiva. Pena pela pressão que o homem recebe do chefe e raiva por não poder ajudá-lo. Se pudesse dar alguma dica, certamente, traria orgulho ao professor.
— Vamos lá para dentro. Vamos tentar de novo com o porteiro. — Luka sorri animada.
— Não vai dar em nada... Esse é um caso perdido. É um beco sem saída.
— Olha, eu moro aqui. Talvez isso deixe o funcionário mais à vontade para falar, do que com um investigador, não acha?
— Talvez... — Rico ergue o olhar após terminar de esquadrinhar mais um pedaço da rua. — Pode ser que você tenha razão. — um esboço de sorriso se forma em sua expressão.

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GLORX
Ciencia FicciónCapa : Template Canva -- Vencedor do Prêmio Wattys 2020 -- Bem vindos à Megalotopx, um mundo dividido em três Estados: 1 - Utopx: o Estado da felicidade infinita onde se vive quando criança e no final da fase adulta. 2 - Heterotopx: onde os cidadão...