Capítulo 7: Último Dia

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Dean Fuller

     Já se passaram alguns dias desde que chegamos aqui. Não deixei de treinar em nenhum deles. Vou confiar que, com Finnick ao nosso lado, irei passar por isso.
     Depois de nossas entrevistas e notas, nosso mentor relatou que tem sido mais fácil conseguir reuniões com patrocinadores que, antes, só focavam no 1 e no 2. Enquanto ele luta por nós do lado de fora, Annie e eu nos esforçaremos para aguentar do lado de dentro da arena.
     Os Idealizadores dos Jogos não dão nenhuma pista do que iremos enfrentar. Porém, desde a revelação de Marshall de que há uma arma nova projetada para essa Edição, não espero nada de bom do local em que vão nos colocar. Que meios cruéis de matar terão sido projetados?
     Hoje é nosso último dia de treinamento. Os Jogos começam amanhã.
     Conforme o tempo passa, pior eu durmo. Treino com pessoas que podem arremessar facas a inúmeros metros de distância, erguer pesos que não sou capaz de levantar, ou até mesmo que sabem usar técnicas de combate corpo a corpo que nem sonho em aprender. Tudo isso só me faz recordar que o que terei de enfrentar não será nem um pouco fácil.
     Todo esse raciocínio se estende pelo café da manhã. Comigo, Plum, Finnick e Annie comem em silêncio. O peso do último dia antes do início dos Jogos recai sobre nós.
     Nunca me apaixonei antes, mas acho que ultimamente tenho entendido qual é a sensação. Se esse instinto for real, posso jurar que Annie e Finnick estão com uma conexão muito mais profunda que a de mentor/tributo. Por um lado, sinto pena dos dois: ele terá que dar duro para ela não morrer de um modo horrível. Por outro, sinto raiva, porque, se eu pudesse apostar, diria que Finnick pretende direcionar suas forças para salvar a garota que ama. Sei que só pode haver um vitorioso, mas não acho que cabe ao meu mentor imaturo decidir quem.
     Com essa convicção em mente, parto para o Centro de Treinamento antes de Annie, em uma tentativa de estudar meus adversários e de provar para Finnick que também sou digno de receber uma parte dos recursos dos patrocinadores.
     Uma vez lá, a primeira pessoa que vejo é Marshall, do 1. Ele é quem chega mais cedo todos os dias, mas não sei o porquê, considerando que provavelmente esse desgraçado treinou a vida toda para nos matar. Logo que me aproximo da ala dos pesos em que ele está, ouço:
     _ Olha só quem vem aí... é a estrela do Distrito 4!

     _ Não enche, Marshall.

     _ E por que não? Vai chamar seu mentorzinho pra te defender?

     _ Ninguém precisa me defender de nada, ouviu?! -não resisto e grito. -Não é culpa minha que sou incrivelmente maravilhoso e que o povo da Capital sabe reconhecer um tributo incrível quando vê.

     _ Você só é incrivelmente estupido se pensa que tem toda essa atenção. Quando estivermos brigando lá dentro, veremos quem realmente tem o coração dos patrocinadores.

     Ele termina a frase arremessando um peso de 50kg do meu lado e, na sequência, esbarrado em mim antes de se dirigir para a cessão das lanças.

     _ Quem ele pensa que é? -resmungo para mim mesmo.

     _ Um carreirista, simples assim.

     Fico assustado com a voz repentina que surgiu de onde estou.

     _ Prazer, Dean. Sou Damon Reese, do Distrito 9. Minha aliada Adalia disse que conversou com Annie uns dias atrás, por isso achei que seria interessante falar com você também.

      _ Seja lá o que for, não estou interessado, Damon.

     _ Eu sei que está. Todo ano os mentores precisam escolher o tributo que acham mais promissor e acabam focando os recursos apenas nele. Ouvi dizer que quem está sem sorte nessa situação é você.

70°Jogos Vorazes: Annie CrestaOnde histórias criam vida. Descubra agora