Capítulo 11: Confia em Mim?

318 28 10
                                    

Dean Fuller

A contagem regressiva para a nossa liberação está basicamente no fim. Consigo ver Annie a alguns tributos de distância, conversando com Adalia. Concluo que ela decidiu aceitar a aliança, de modo que fico mais tranquilo em seguir meu plano de fugir dessa área com Brian. Percebo que, por sorte, entre nós há apenas duas pessoas, o que facilita nosso trabalho.
Lembrando dos valiosos conselhos de Finnick, por gestos, combinamos o que cada um vai pegar: ele vai atrás de armas que enxergamos atrás de onde estamos, enquanto eu vou pegar comida, curativos e outros itens. Nossa preocupação são os carreiristas que, de onde estou, estão perigosamente próximos.
Tão logo o alarme indicando o início dos Jogos soa, já viro-me e corro rumo a uma pequena bolsa que vi. O cara do meu lado, alguém que não reconheço, parece ter a mesma ideia: vamos na mesma direção. Porém, enquanto eu me joguei para pegar a bolsa, ele foi atrás de um machado. Resultado: eu iria ser fatiado logo nos primeiros instantes; isso, é claro, se eu não tivesse um aliado.
Posso ver Brian atirando uma lança por trás do meu agressor, atingindo-o na coxa. Ele cai no chão, com o dor, deixando o machado cair. É quando pego a arma e, sem misericórdia, atinjo-o na cabeça: era ele, ou eu.
Entrego o machado para meu aliado, já que ele está mais familiarizado com essa arma. Ele retira a lança do inimigo e a entrega para mim, junto com uma adaga. Depois disso, nos apressamos para pegar o máximo de coisas que encontramos no chão antes de seguirmos na direção oposta do massacre.
No instante em que terminamos de pegar tudo, somos surpreendidos por uma flecha que surge cortando o ar. Nenhum de nós é atingido, mas voltamos nossa atenção para a Cornucópia: Blair estava com a besta apontada para nós. Como se isso não bastasse, pude ver Marshall dilacerando inimigos com o que acredito ser a espada especial que ele disse em sua entrevista. Não fico parado o suficiente para entendê-la, porém garanto que nunca vi algo assim.
A garota do 2 segue atirando flechas. Uma delas me atinge nas costas, por sorte não muito profundamente. Nós conseguimos correr para longe o bastante para desviar a atenção dela a outros alvos. Quando paramos para retomar o fôlego, percebo que meu aliado também foi atingido no ombro. Queria ter tempo suficiente para tomar as providências necessárias, mas ainda estamos próximos demais do conflito. Em virtude disso, seguimos correndo por um tempo.
Quando percebemos que a Cornucópia já está suficientemente distante, paramos para ver os conteúdos da mochila e, dentre eles, encontramos curativos. Brian insiste em me ajudar primeiro, pois nem tive tempo de retirar a flecha ainda. Com cuidado, ele remove-a das minhas costas. Em seguida, tiro a jaqueta vermelha e a regata para que ele possa fazer os curativos. Faço o mesmo por ele, mas seu ferimento não parece tão difícil de tratar quanto o meu. É bom termos cuidado disso rápido, uma vez que evitamos uma infecção futura.
Além dos curativos e das armas, temos meia dúzia de laranjas, duas cordas, uma pederneira e uma garrafa de água. Ainda que pouco, serão recursos indispensáveis para os primeiros dias. Ambos concordamos em sequer tocar na água ainda, pois esse é o recurso mais importante que temos e, assim, devemos preservá-lo ao máximo.
Depois de fecharmos devidamente os ferimentos, seguimos caminho. Mantendo um bom ritmo de caminhada, chegamos na borda de uma ladeira: aparentemente estávamos em um terreno mais alto. Logo abaixo, consigo ver uma espécie de floresta, o que me reconforta em termos de abrigo.
O garoto do 7 seguiu boa parte do caminho cantarolando uma música, mesmo comigo dizendo que era perigoso. No fim, até deixei pra lá, pois o som da voz dele nesse silêncio esmagador da Arena deixa as coisas mais toleráveis.

••••••••••••

     Quando escurece, já estamos dentro de uma caverna que encontramos, formada pelo encontro de duas rochas imensas, para passarmos a noite. Tento, com todas as forças, acender nossa mínima fogueira com a pederneira, mas falho pateticamente; emitindo, no processo, várias interjeições de ódio. Brian não conseguia se conter:
     _ Dean, se você continuar assim, vai fazer eu me mijar de tanto rir.

70°Jogos Vorazes: Annie CrestaOnde histórias criam vida. Descubra agora