Capítulo 21: Fome

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Annie Cresta

      Meu primeiro pensamento é correr para fora desse meu abrigo e encontrar o pequeno autor do choro. Porém, graças aos presentes que ganhei no Banquete, meu raciocínio, ainda que não totalmente normal, é eficaz o bastante para me fazer perceber que não passa de uma grande armadilha.
      Crio a hipótese de que quem está por trás disso é a Capital: não ficaram nada satisfeitos com o fato de não ter ocorrido nenhum conflito durante o Banquete, então precisaram criar outra forma de entreter o público.
      Não sou eu quem irá descobrir qual é.

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Adalia Wright

      Depois que eu e meu aliado pegamos nossa bolsa com o "9", corremos em direção a um casebre dessa vila feia. O motivo? Nós fomos os últimos a pegar nossa bolsa e, com certeza, nossos inimigos também ficaram pela região.
Não gostei desse ambiente. Se, por um lado, o fato de os espaços entre uma casa e outra serem apertados demais para fugas, o que, em teoria, facilitará que eu mate os outros tributos mais facilmente; por outro, o número de habitações oferece esconderijos irritantes para os sobreviventes.
Descansamos um pouco nesse abrigo temporário. Esse local é ainda pior por dentro do que por fora: quase não há mobília alguma, exceto por um sofá, por uma mesa com duas cadeiras e pelos armários na cozinha.
Arrasto o sofá até a porta como medida de segurança. Damon, por sua vez, vasculha cada um dos armários em busca de suprimentos, mas acaba não encontrando nada. Desse modo, precisamos consumir as últimas frutas que temos guardadas da floresta para não morrermos de fome.
Assim que terminamos nosso "jantar", não hesito em abrir a nossa bolsa do Banquete. O que ganhamos só faz a minha audaciosa vontade de vencer ficar ainda mais intensa: para Damon, há um katar semelhante àquele usado por Raiden, com a diferença de que foi adaptado para alguém colocar no braço, e não segurar com a mão. Assim, meu aliado agora tem uma arma que pode usar com o braço antes inútil. Já para mim, há duas maravilhosas foices novas para substituir as minhas já gastas e danificadas.

      Jomilee teve muita consideração

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Jomilee teve muita consideração. Ela sabia que nossos maiores problemas eram a falta de armas e de comida, tal como escreveu em sua carta. Por isso, dos quatro itens que conseguiu mandar com todos os recursos restantes dos patrocinadores, o terceiro foi um generoso recipiente com a sopa que mais consumimos em nosso distrito.
O último item que retiramos me deixa muito curiosa. Não entendo o propósito dele até ler com atenção a carta de minha mentora: se eu usá-lo no local e momento adequado, conforme ela diz, posso ser a vitoriosa antes do dia seguinte sequer começar.
Não hesitamos em comer um pouco da sopa para recuperarmos a energia gasta na caminhada até aqui, já que só as frutas não deram conta do recado, e também por precisarmos estar aptos para caçar os três ratos restantes ainda hoje.

70°Jogos Vorazes: Annie CrestaOnde histórias criam vida. Descubra agora