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🌻 Capítulo três:

— Ele é tão bonito quanto todo mundo tá dizendo que é?

Alguna dias depois do fatídico momento em que eu havia conhecido o neto do homem que durante esses meses havia se tornado como um avô adotivo para mim, o cara já era a maior novidade da cidade, o assunto rodava na boca de todos e agora Maethe não parava um segundo de me questionar sobre ele.

— Eu já disse ontem e anteontem, ele é... Normal. — Dei de ombros, sem fazer muita questão do assunto, roubando com uma colher um pouco da pipoca doce no pote que a mesma equilibrava em cima de sua barriga de grávida, não sei como aquilo não havia caído ainda.

— Ah é, porque o deus grego que todos estão falando é "normal" na sua concepção, mas o Lucca é um gostoso né... — Taquei um almofada na sua cara, de leve, apenas para que ela calasse a boca.

— Nunca disse que o Lucca é gostoso.

— Não, só falou isso do pinto dele... — Olhei para minha melhor amiga incrédula com sua cara de pau.

— Ok, chega, Lucca Peres é um assunto PROIBIDO de agora em diante entre a gente e não, você não tem direito de vetar isso.

Ok, talvez parte de mim se sinta uma grande de uma desgraçada por ficar com um garoto comprometido, essa atitude vai totalmente contra a minha boa índole, eu não costumava ser esse tipo de garota, mas desde que Melissa e eu nos declaramos inimigas mortais, eu queria mais é que ela fosse se foder, e se pegar seu namoradinho fosse o que a magoasse, bom, eu o faria com todo prazer.

— Tá bom, senhora estressadinha — Ela apertou a ponte do meu nariz e eu fiz careta. — Mas o assunto Antônio jamais será proibido, aliás, aqui ó, pega o meu celular. — Apontou para o aparelho perto de seu pé, peguei e me joguei ao seu lado, escorada na cabeceira fofinha de sua cama.

Maethe abriu o instagram e já na barra de buscas eu percebi suas intenções... Poucos segundos depois o ig de Antônio Neto estava aberto bem na minha frente e minha curiosidade me cutucava mentalmente e falava bem lá no fundinho "stalkeia, menina, stalkeia".

Eu não queria admitir que aquele garoto era atraente, mesmo sabendo que era e muito.

Também não sabia se isso estava ligado ao fato de que depois daquela passagem do vovô na loja com os donuts, nós realmente deixamos de ser desconhecidos e passamos a ser como uma família. O idoso me contou que desde a morte de sua esposa, Cora, que tinha as mesma características físicas que eu, cabelos escuros quase pretos e olhos azuis acinzentados, ele se sentia extremamente sozinho pois o único filho morava em São Paulo, com a esposa e seu único neto, que vivia fazendo viagens por todo o mundo.

Então eu meio que fiquei com um pouco de pena dele no início e comecei a puxar assunto quando ele ia na loja a partir daquele dia, quando percebi já o chamava de vô e havia engordado uns três quilos pelas besteiras que ele sempre levava para que eu comesse. O homem foi logo acolhido também pela minha mãe, que após a morte de minha avó algum tempo depois que viemos morar aqui se sentia muito sozinha pois não possuía família próxima e alguns não podiam sequer imaginar nossa localização. Então rapidamente todos nos encantamos com o senhor, que se tornou parte da nossa família, inclusive tornou-se muito importante para mim, a ponto de eu ter um cantinho em sua casa e dormir lá todas as sextas-feiras de pizza.

E com tudo isso, talvez, eu tivesse medo de que por alguma razão ligada ao seu neto de sangue, ele me rejeitasse ou pensasse mal de mim, eu não suportaria ser deixava de lado por alguém a quem havia me apegado tanto, então preferia deixar aquele garoto para lá e seguir com a minha vida tranquilamente.

Mas não tinha como isso acontecer se toda Tropicália havia paralisado por causa do cara.

— Olha, ele tem vinte e dois anos, é de escorpião e também é paulista...

Entre Flores & DonutsOnde histórias criam vida. Descubra agora