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🍩 Capítulo quatro:

— NOITE DA PIZZA, NOITE DA PIZZA, NOITE DA PIZZA!

Eu berrava pelas ruas de Tropicália em plena sexta-feira a noite, agarrada nos ombros de vovô Antônio, que morria de rir das minhas palhaçadas por mais toscas que fossem.

Sextas-feiras de pizza era nosso ritual de avô e neta mais importante, nos entupíamos de pizza — fitness para o vovô porque ele é velho — e víamos uma sessão de filmes variados, escolhidos pelos dois.

Eu só me esqueci de um detalhe...

— Oi pulga... — Revirei os olhos assim que adentrei o apartamento de vovô, Antônio Neto estava jogado de qualquer jeito no sofá, bem no lugar onde eu gostava de ficar.

— Ele não tem nenhuma camisa, não? — Perguntei pro vô, que riu e apenas deu de ombros, indo pro banheiro. — Ai, mesmas pizzas de sempre então... — Cantarolei e peguei o celular do bolso do meu shorts jeans prestes a mandar mensagem para a pizzaria dizendo "manda ai o de sempre", mas uma criatura de boca grande resolveu se pronunciar.

— Ei! Você é muito mal educada, nem me respondeu... E eu quero uma pizza também!

— Você parece uma criancinha de cinco anos, por Deus...

— Ai — Colocou a mão no peito malhado e fingiu sentir dor. — Meu coração é sensível as suas patadas, você é brutal.

— Continuo com a minha teoria de que você é uma criança de cinco anos em um corpo de gorila.

Ele me olhou meio ofendido e igual um bebê me deu língua, apenas revirei os olhos e fiz o pedido, se o bebezão quisesse algo, ele que lutasse por isso.

Eu tinha certa autonomia no apartamento do idoso, então caminhei até o quarto de hóspedes que era mais meu quarto do que qualquer outra coisa e quase tive um siricutico na porta. A porqueira do Antônio havia dominado o quarto inteiro, a prancha assassina estava jogada em um canto, um violão em outro, roupas largadas pelo chão, cuecas... Oh céus.

— Ok, você não precisava ter visto isso. — Antônio brotou atrás de mim adentrando o quarto, isso fez com que seu peito desnudo encostasse levemente em meu ombro ao passar e meus pelinhos se arrepiassem totalmente, me xinguei mentalmente por reagir dessa forma ao toque dele.

Deixei minha mochila na única parte do quarto que ainda estava intacta, a cama que eu costumava dormir que era a inferior do beliche, enquanto o garoto catava rapidamente as roupas do chão.

Acho que ele havia ficado sem graça pelas cuecas mesmo...

— Você por acaso vai morar aqui? — Questionei, notando a quantidade de cacareco que tinha espalhado pelo cômodo.

— Mais ou menos — Antônio pela primeira vez que eu via, enfiou uma camisa preta e justa pela cabeça e a ajeitou pelo corpo, virando-se para mim. — Fiz merda e vou ter que cumprir tipo uma "prisão domiciliar" nessa cidadezinha minúscula.

— Que tipo de merda? Assassinato? Você roubou uma joalheira? Pegou a filha do chefe da máfia? — Debochei, fingindo estar super interessada.

Ele me deu um empurrãozinho de leve, rindo da minha bobeira, o acompanhei, sentindo o clima ficar menos tenso entre nós.

— Uma hora eu te conto, pulguinha. — Piscou para mim com um de seus olhos esverdeados e sorriu, com AQUELE sorriso...

Antes que eu pudesse estapeá-lo por essa porcaria de apelido pelo qual ele resolveu me chamar, o garoto já estava do lado de fora do quarto gritando que o primeiro filme era ele que escolhia.

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