⋯ Oitavo Capítulo ⋯

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A neve cobrindo as superfícies externas indicavam a chegada característica do inverno da região. O céu escurecido e ornamentado pelas luzes coloridas dos relâmpagos deixavam o final da tarde ainda mais excitante.

Os preparativos do Baile Invernal foram tão exaustivos para Arya que não havia sobrado tempo para seus treinamentos, a rainha estava tirando todo o sossego e conforto que restavam em seu corpo. Soren ficaria orgulhoso de seu preparo físico, afinal descer e subir as escadarias para satisfazer os desejos de Eleonora era um treino muito rigoroso. Idra dizia que todos os esforços corporais seriam recompensados e isso fez a garota criar fortes expectativas em relação à noite, mas ao mesmo tempo sua consciência a julgava.

Será que ela estava apreciando a vida fútil no Castelo?

A empolgação diária das criadas não a deixavam esquecer que todos os nobres — pelo menos os que valiam a pena lembrar — estariam presentes na festa, diziam como se isso importasse, a verdade é que ela preferia viver na floresta a se casar com algum deles. Também não paravam de falar sobre a ausência de Edward na corte, reacendendo a curiosidade semeada nos dias anteriores.

— Espero que tenham costurado algo para mim. — disse ainda sem entrar em seu quarto. — Sei que não tive tempo de experimentar, mas depois de tanto esforço acho que mereço isso.

Roberta pareceu surpresa ao vê-la em um estado decadente, seu vestido que um dia fora branco agora estava em um tom encardido e o cabelo amarrado em uma espécie de coque, parecia mais um grande nó. As olheiras também estavam presentes, manchando os olhos da menina pálida que não havia descansado por nenhum minuto.

— Milady, onde estava? — perguntou a criada mais nova, preocupada em como poderia ajeitar sua ama em apenas algumas horas.

— Deus! — exclamou Grace ao vê-la.

— Esqueceram que organizei um baile junto à rainha? — respondeu em direção ao espelho.

— Espero que não seja dama dela, se já está assim após um dia de serviço, imagina em anos... — lembrou Lya.

Arya se entristeceu.

— Não se preocupe, querida. — disse Grace aproximando-se da menina que estava sentada em frente ao espelho. — Vamos deixar você apresentável.

As criadas prontamente começaram a embeber um pano quente com uma espécie de óleo viscoso e aplicar em todo o cabelo e corpo da menina, diziam que era para ajudar na limpeza. Arya não conseguiu distinguir o cheiro, mas seja lá qual planta foi usada na confecção do óleo, era muito cheirosa. O momento foi relaxante, as moças caladas e inexpressivas, rodando a Violeta em somente uma missão: eliminar todo resquício de suor e deixar sua pele limpa.

— O que achou da rainha? — Roberta interrompeu o silêncio.

— É uma grande líder, sua bondade me admira. — sorriu ao lembrar dos momentos bons com a rainha. — Parece ser muito apaixonada pelo rei.

— Ouvi dizer que quando eles se casaram ela tinha apenas quinze anos. — Lya, a criada fofoqueira acrescentou. — Às vezes ele parece irritado com a beleza dela. Outros reis já tentaram tirá-la dele.

— Como?

— Minha filha, Regan nem sempre foi uma nação estabilizada como é hoje. — respondeu Grace. — Você sabe muito pouco, existe por aí coisas que você nunca imaginou.

Irônico.

A garota apenas assentiu com a cabeça e pediu para que preparassem seu banho.

— Obrigada, Grace.

A Coroa PúrpuraOnde histórias criam vida. Descubra agora