⋯ Décimo Sétimo Capítulo ⋯

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O caminho para a Sala Fria nunca pareceu tão longo, eram curvas e mais curvas dentro do castelo das paredes douradas, haviam guardas por toda parte, a cada esquina que viravam, uma saudação diferente. Edward segurava o braço da garota com uma firmeza peculiar, por um momento seu toque pareceu eletrocutá-la, uma impressão é claro, naquele momento sua adrenalina fazia tudo parecer elétrico.

A Violeta temeu.

Apesar de ser acostumada com mistérios e suspenses, a vida — quase sempre — estável na corte a fazia desejar que tudo fosse assim: branco no preto ou preto no branco. Olhou para o lado tentando disfarçar, o rosto do príncipe mais velho estava tenso, se a garota forçasse as vistas, poderia ver um finco entre suas sobrancelhas grossas.

A velocidade dos passos estava a deixando com uma visão turva, seus pés pareciam borrões e a face de Edward, uma memória.

— Arya, você está comigo? — Ouviu a voz do rapaz com um eco absurdo.

— Sim, Edward. — Respirou fundo ainda vendo tudo borrado. — Estou com você.

Dentre os soldados que os acompanhavam, estava Pratt, atento, olhando para os lados como se tivesse medo da própria sombra. Prestando atenção nas coisas erradas não pôde ver Arya enfraquecendo lentamente enquanto caminhava para o lugar de sua absolvição.

— Do que isso se trata? — perguntou a menina ignorando o zumbido alto que perfurava seus ouvidos.

Não obteve resposta.

— Vossa Alteza. — disse Mackenzie atrás deles.

— Estou ouvindo. — respondeu o príncipe.

— Devemos nos retirar? — perguntou em nome dos demais soldados.

— Não há necessidade. — Virou-se para os homens. — Podem ficar aqui na porta. Só me entreguem o material. E lembrem-se, meu pai não pode saber sobre isso.

O lugar estava exatamente do jeito que ela se lembrava. O ar gelado queimava o interior de suas narinas e o chão espelhado causava arrepios na garota, que mesmo inocentada, ainda temia o cômodo.

Ainda de longe, avistou o príncipe mais novo sentado ao lado de Cassandra, estavam conversando, ela estava nervosa, talvez até chorava, não conseguiu averiguar, estava muito zonza para isso.

— Edward. — chamou sem ter certeza de que realmente emitia algum som. — Edward, eu-eu... — Sentiu seu corpo desfalecer.

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Nunca havia reparado o quão era escuro estar de olhos fechados, sempre que o fazia, enxergava pequenos pontos de luz — que em sua mente, se pareciam com estrelas. Seu corpo apesar de reto, estava dolorido, era como se uma agulha afiada espetasse sua pele. Em sua boca, um gosto de ferro inebriante e familiar, só pôde perceber que se tratava de sangue ao abrir os olhos e enxergar suas mãos.

Um calafrio passou pela sua espinha, dessa vez, tinha certeza de que estava sendo ferroada.

Ela ainda estava na Sala Fria.

Apoiada em uma mesa dura, sua cabeça latejava e seu corpo parecia morrer aos poucos. A garota pôde ver, de forma desfocada, o príncipe mais novo em sua frente, sussurrando algumas palavras, ao seu lado segurando suas mãos, a acompanhante de Edward desesperada.

Sentou-se na mesa, ainda tremendo, passando as mãos pela boca — que já não pingava mais.

O príncipe mais novo arregalou os olhos e arfou:

— Ela acordou! — disse, ainda sem sorrir.

Ao seu lado esquerdo, Cassandra segurava uma agulha, que perfurava sua veia, extraindo seu sangue Coulor para um pequeno frasco de vidro.

A Coroa PúrpuraOnde histórias criam vida. Descubra agora