⋯ Sétimo Capítulo ⋯

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— Assim não, Lya.

O quarto estava uma bagunça.

Grace não parava de implicar com as duas irmãs mais novas que tentavam arrumar o lugar com apreço. Arya não estava se sentindo bem naquela manhã e praguejava as criadas por terem a acordado tão cedo.

Dois dias haviam se passado desde a Sala Fria, mas a dor de cabeça excruciante e as dúvidas ainda não sanadas permaneciam assombrando a mente da menina. Ela pensava que, se ficasse mais só mais alguns dias trancafiada em seu quarto, o peso de suas perguntas desapareceriam como em um passe de mágica.

— Roberta, olhe como você é inútil! — a mais velha bradou lampejando a ponta do dedo anelar sob uma prateleira e mostrando à sua irmã o quão preto ele ficara.

A Violeta tampava os ouvidos com um travesseiro de fronha branca, gritando para que as moças a deixassem em paz:

— Parem!

— Arya, querida. — Grace se aproximou sentando na beirada da cama. — Já fazem dois dias que você está deitada aí... Tentamos arrumar o quarto em todos eles mas você nunca deixava.

Seu rosto ficou sério.

— Tivemos que tomar algumas medidas.

Roberta se aproximou inconsequente.

— Ela falou com o príncipe, Arya!

O rosto da garota adquiriu um tom corado.

— Qual? — perguntou apoiando os cotovelos sobre os joelhos.

— Como qual? — indagou a mais nova. — Sua Alteza, Henry.

Arya assentiu com a cabeça. Por um momento, arrependeu-se de ter perguntado, a questão só traria desconfiança as criadas e era completamente sem sentido perguntar qual dos príncipes se importava com ela, afinal Edward não havia se desculpado pelo convite furado que fizera e nem demonstrado interesse nisso.

— Por que o príncipe está interessado em seus aposentos, milady?

Grace olhou de lado em direção à irmã. Do outro lado do quarto, Lya ria enquanto limpava as quinas — ansiosa para que sua curiosidade fosse sanada logo.

— O príncipe não está interessado nos aposentos, mas no meu bem estar. — o olhar sério de Arya transformou-se em um suspiro passional. — Apesar do que aconteceu ou do que poderia ter acontecido, ainda sou uma convidada na Corte Regan, eles devem me tratar bem!

As criadas concordaram em um uníssono e permaneceram caladas enquanto continuavam a limpar o cômodo.

— Lya.

Arya chamou pela criada do meio.

— Preciso que leve esta carta para Pratt.

A criada franziu o cenho.

— Senhorita, já é a terceira da semana.

A possibilidade das cartas terem sido extraviadas deixavam a garota tensa, mas sua insistência em saber o motivo da ajuda do soldado ruivo a fazia persistir. Sem criatividade para inventar outras desculpas, apenas assentiu com a cabeça, despertando dúvidas no interior de Lya.

A criada saiu do quarto atordoada carregando a carta entre os dedos firmes, torcendo para encontrar Pratt o mais rápido possível.

Enquanto isso Arya adentrava a água morna. Mergulhou na banheira molhando os cabelos, tentava se esconder de seu passado e imaginar um futuro sem dor e sem segredos, seus cabelos castanhos adquiriam um tom bonito quando molhados e ficavam mais macios também, apesar de ser uma filha do ar, Arya obtinha um fascínio extraordinário pela água — em qualquer uma de suas formas. Pensava se assemelhar com o elemento, já que constantemente tinha que mudar sua personalidade, ainda mais dentro de um lugar inseguro como o castelo.

A Coroa PúrpuraOnde histórias criam vida. Descubra agora