Ao me olhar no espelho é visível que passei a noite chorando, meu rosto está inchado e meus olhos em um tom avermelhado escuro. Estou mal, mas não só por fora... o meu interior está machucado a ferida se abriu...
Na verdade sempre esteve lá... eu só fingia que não, mas, ela sempre esteve e sempre estará lá. Porém, mexeram nela e isso complicou ainda mais a minha situação.
🌸🌸🌸
Meu pai me trouxe para escola hoje, primeira vez, era um sonho antigo meu... Porém, não queria que fosse nessas circunstâncias.
E minha tristeza? Se transformou em ódio, é sempre assim.
Estou em frente minha sala, ele me trouxe muito cedo então ainda não abriram as salas de aula, fez de propósito.
Não me pediu perdão, nem sequer me deu um bom dia hoje.
Avisto Cristina vindo, é bom ela não vir com gracinhas ou então posso não me controlar e ir parar novamente na diretoria e de lá não voltaria pra casa ou levaria suspensão, iria para delegacia.
-Vejo que não está bem, julia. Desabafe. -Diz Cristina.
Era tudo o que eu mais precisava nesse momento, tirar esse peso de minhas costas.
Está doendo tanto!
-A minha vida é um inferno! Odeio meu pai, ele é um miserável! E a Lídia? Espero que morra envenenada com seu próprio veneno. -Desabafo e logo começo a tremer e soar frio.
-Você tem amigos, isso não basta? -Cristina pergunta.
-Amigos? Ahhh não bastam! Simon é apenas um iludido que vai quebrar a cara assim como quebrei por acreditar em Deus! E a Iza? Nos chamamos de irmãs, mas isso não é verdade! Não somos nada, talvez nem amigas, é tudo uma tremenda bobagem. -Não estou sendo completamente sincera, mas quem se importa!
- E a Carla é só uma garota traumatizada com tudo e todos! Guarda tudo pra si e uma hora vai explodir! E ninguém irá ajudá-la, NINGUÉM. -Digo por fim.
Estou me sentindo melhor agora...
Não, tá pior!
-Cristina, não conte isso a ninguém ou...-A ameaço e ela me interrompe.
-Relaxa, miga. -Diz e sai plenamente.
Ela não me passou muita confiança, mas, se ela contasse a alguém e vinhessem tirar satisfação, eu negaria até a morte. Resolvido.
Agora paro para reflerir em tudo o que acaba de acontecer... eu estava tremendo, soando frio e com a voz bastante alterada. Aconteceu de novo, tive uma crise como daquela vez...
" Flashback on"
Estava eu com algumas coleguinhas brincando de pular corda, avistei uma garotinha sentada sozinha e isolada.
Me aproximo dela e entrego um se minhas bonecas a ela, a mesma me encara e logo em seguida sorri tirando a boneca de minhas mãos.Faço um sinal para as outras menininhas que estavam brincando de pular corda virem até nós duas e assim acontece.
Quando estamos em uma rodinha bricando uma delas fala:-Quem aqui não tem papai ou mamãe para te dar um abraço no dia das crianças?
Eu fiquei calada por um momento, nesse tempo eu tinha uns oito/nove anos e meus pais já tinha se separado há alguns anos... fico nervosa e com medo de responder. Pois, minha mãe estava em missões e meu pai em outro país e ele também nunca foi muito carinhoso, mandava apenas um montão de presentes de todos os tipos e tamanhos.
-A Anne é órfã, então não tem nem papai nem mamãe. (Respondo prontamente e solto uma gargalhada falsa, pois eu só queria que focassem nela e esquecessem do meu caso)
Vejo a menina que antes estava sorrindo com a minha boneca, arremessá-la longe e se levantar vindo em minha direção. Ela era mais velha do que eu uns três anos.
-Pelo menos se meus pais estivessem vivos eles viriam seja de onde estivessem, me abraçariam e me encheriam de amor e carinho. Os seus estão vivos, e nem se dão ao trabalho de fazer isso, porque você é o DESGOSTO DA VIDA DELES.
Começo a tremer e a soar frio.
Nesse exato momento eu surto, começo a gritar e bater na menina sem parar. A deixando inconsciente!
" Flashback off"
Essa é a segunda cez que acomtece, eu passei muito tenpo me culpando por isso, alias, ainda me cultpo. Pelo menos dessa vez não machuquei ninguém fisicamente, só com palavras... que podem ser muito piores.
Sei bem disso, a dor de um tapa passa e depois de um tempo é quase imperceptível, no entanto, a dor de uma palavra, essa é uma marca qie você carrega pra sempre.
🌸🌸🌸
Hoje minhas aulas terminam mais cedo, temos apenas aulas nessa manhã. Então sigo para o corredor do terceiro ano, para encontrar Sebastian.
Eu ainda estou muito mal, não tenho cabeça para fazer absolutamente nada.
Vou até a porta da sala dele e fico esperando por alguns minutos até que o professor percebe minha presença e vem até a mim. Digo a ele que preciso conversar com Sebastian e o mesmo concorda.
Depois de alguns minutos vejo Sebastian sair da sala com uma expressão de "O que você está fazendo aqui"
-Sebastian, preciso que me compreenda eu não estou bem! -Ele me observa calado e preocupado, provavelmente analisando o meu estado que é crítico, devo estar coberta de olheiras!. -Por favor, eu não consigo ficar aqui e... -Imploro
Certamente ele vai me jogar alguma piada e debochar do meu estado.
Sou uma idiota.
-Tudo bem, eu fico. -Ele fala e eu me viro de costas pro mesmo, já dando alguns passos para ir embora, mas sou impedida por um braço que me puxa. -Mas... Quero que amanhã me conte o que aconteceu.
Outro metido querendo saber da minha vida!
Presumo que ele não irá me soltar se eu não concordar, então exito um pouco e assinto para o rapaz a minha frente que pela primeira vez demonstrava se importar comigo de alguma maneira, ou talvez seja apenas curiosidade.
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A EXCLUÍDA- Romance Cristão
SpiritualJúlia é uma garota de 16 anos que após a trágica separação dos pais se afasta completamente de Deus. Decepcionada e magoada, foi morar em Buenos Aires (Argentina), com sua tia. Depois de um tempo, quando já tinha se acostumado com o lugar, recebeu...