Capítulo 33

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Sebastian:

- Digo-vos mais: todo aquele que me confessar diante dos homens, também o Filho do homem o confessará diante dos anjos de Deus. Lucas capítulo 12, versículo 8. - Simon cita o versículo. -Bom, basta você cr... -Começou  a explicar o versículo, mas eu me perco em meus pensamentos e não ouço o que ele estava explicando.

Era sábado. O dia na qual eu tinha combinado já há anos com minha mãe que estaria na igreja. Esse combinado foi de fato cumprido apenas no ano em que o fiz. Depois disso passei a fingir que ele não existia. Nunca achei que Deus não existisse, pelo contrário. Já senti o Espírito Santo me chamar algumas vezes.

Só que sempre achei que essa vida de "cristão" não era pra mim. Cresci sim em um lar onde Jesus esteve presente. Lembro-me de minha mãe lendo a Bíblia comigo antes de dormir todas as noites, das orações antes das refeições... Mas, com o passar dos anos e com o meu distanciamento tudo isso foi acabando.

A minha ignorância me afastou muito de minha mãe e fez com que esses momentos que apesar de na infância eu amar, assim que cheguei na adolescência comecei a achar "chatos" e "desnecessários", acabassem por completo. Faz muito tempo que não participo das refeições junto com meus pais, almoço na escola e sempre procuro sair à noite para não ficar em casa. Nem sequer me lembro da nossa última refeição juntos...

Mentira é tudo mentira. Não eram momentos chatos e tediosos.  Eram momentos precisos, eu só não queria ver isso.

Na adolescência muitas coisas foram mexendo comigo e me influenciando. A fama... A minha popularidade tinha que ser sustentada. E como? Ficando com as garotas mais gatas para preencher o meu ego, sendo ignorante com as pessoas... Principalmente as poucas que gostam verdadeiramente de mim. Indo a festas, bebendo algumas vezes...

Não me leve a mal... Eu só queria preencher esse vazio aqui no meu coração. Eu me perdi de mim...

Mas hoje eu vivenciei um milagre de acordo com os médicos, pois o meu carro está em pedaços e eu tive pouquíssimos ferimentos e a pancada que levei na cabeça não deixou nenhuma sequela.  Eu sei que foi um livramento, um milagre!

Ele salvou a minha vida e não quero mais viver da forma que vivia antes. Quero viver para Ele.

Nunca me senti tão amado antes. Parece que o brilho daquela criança que ouvia com entusiasmo as histórias bíblicas de Davi, Samuel ou até mesmo Sansão, tinha voltado. Sim, voltou. Jesus trouxe de volta esse brilho, e tenho certeza que ele não quer que eu viva mais como antes.

Olho para Simon e para Arthur. Meu Deus, o Arthur. Diferente de mim, ele era cristão. Mas se desviou, eu afundei no meu abismo e o levei junto. Fizemos coisas erradas...ele me acompanhou nas noites de bebidas, de festas. Por outro lado, ele sempre pedia para parar e quando bebiamos eu via a culpa em seus olhos, algo que eu não sentia. Eu só queria mais...

Eu sou tão estúpido. Arthur não é apenas um companheiro de festas. Ele é meu parceiro de vida! Ele me ajuda em absolutamente tudo. Sempre esteve comigo em todos os momentos, sempre me fez bem... E eu só soube levá-lo pro abismo. Eu não mereço nada. Eu não valho nada.

Porém, o Criador viu algo em mim que eu não vejo. Aliás, que ninguém deve ter visto. Acho que ele me ama, apesar de eu não merecer esses amor.

Deus colocou pessoas em minha vida que tentaram me levar pra Ele, mas eu e minha ignorância ridícula não demos ouvidos. Jesus obrigado!

Muito obrigado, Senhor .

-Sim, sim e sim. Chame o pastor. Eu quero aceitar Jesus. Ele me salvou hoje. Ele já me deu tantas oportunidades... E mesmo eu sendo negligente ele nunca desistiu de mim. -Digo isso após alguns minutos pensando e com uma lágrima solitária descendo por meu rosto.

Simon sai da sala para chamar o pastor e Arthur senta ao meu lado na cama e começa a chorar. Eu sei o que é isso. Não são lágrimas de tristeza, são de arrependimento...

-Perdão meu irmão, você sempre me ajudou em tudo. E eu só te fiz mal. -Digo com a voz embargada de choro.

Arthur não responde, apenas me abraça.

Obrigado, Deus. Por ter colocado um amigo verdadeiro como o Arthur em minha vida. Eu irei cuidar dele apartir de agora.

Obrigado... Não me lembro a última vez que disse isso com sinceridade. Costumo dizer apenas quando estou na empresa e fecho algum negócio com um cliente de meu pai, ou quando peço um favor ( o que é muito difícil de acontecer).

-Meu jovem. Então você deseja aceitar Jesus como o Senhor e salvador de sua vida? -Diz o pastor assim que entra no quarto sendo seguido por Simon que está com um sorriso no rosto.

-Sim, eu aceito. -Digo com convicção, não vejo mais outro caminho, outra saída, outro lugar melhor que não seja ao lado dele...

-Jovem Arthur, assim que chegou só hospital você disse que gostaria de falar comigo. Gostaria de se reconciliar com Deus? -Pergunta o pastor.

-Sim, pastor. -Responde Arthur ainda com a voz chorosa.

-Então vamos orar por vocês e quando tiver alta Sebastian, vá a igreja para fazer a sua decisão publicamente, certo? -Ele pergunta e eu assunto com a cabeça. -Ok, vamos orar...

Julia:

Faz mais de quarenta minutos que Simon e o pastor estão lá dentro com Sebastian. Eu queria entrar, não sei porque mas... Eu queria.

Será se ele tá muito ferido?

Hoh meu Deus, cuida dele por favor.

Ele é chato, sim. Mas... Cuida dele.

Tento conter as lágrimas, meu pai está em minha frente e a sala de espera está com alguns familiares. Eu chorei na frente de todos eles, chorei na entrada do hospital. Certamente amanhã serei matéria para o jornal, mas isso não tem importância.

-Pai, eu posso entrar com o Senhor? -Pergunta esperançosa.

-Está tarde filha. Sebastian precisa descansar e você também. Vamos para casa e talvez amanhã você consiga falar com ele. -Papai diz já se levando e pegando a chave do carro que estava em seu bolso.

Eu não quero ir sem ver ele! Sem saber se ele está bem...

-Eu quero ficar aqui, papai. O senhor pode ir, vou ficar aqui. -Falo decidida.

-Julia, vocês nem são amigos e se ele não quiser te ver?

Uma lágrima cai. Mais outra. Meu Deus de novo não, eu estou em prantos em frente de mais de quinze pessoas.

-Amor do papai, vamos pra casa. Amanhã cedinho eu te trago para você ver ele, certo? -Papai diz com a voz doce me abraçando e dando tapinhas nas minhas costas.

Queria tanto ficar.

-Cadê o Sebas? Cadê o meu amor? Ele está bem dona Elisa? -Ouço uma voz familiar, viro-me na direção da voz para ver de quem é...

NÃO PODE SER!

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Fiquem com Deus💟

A EXCLUÍDA- Romance CristãoOnde histórias criam vida. Descubra agora