DANIEL CRANE
-Minha filha?
-Sim, senhor.
-Elizabeth?
-Sim, senhor.
Lorde Brightdown se recosta na cadeira e acaricia o próprio queixo enquanto me analisa. Acredito que esperava me ver mais assustado em sua presença, se bem conheço meu primo Isaac deve ter feito piadas ácidas quando pediu permissão de cortejo à Victoria. Não estou aqui para um cortejo, quero um casamento e Elizabeth é a solução dos meus problemas.
Dívidas pagas e de brinde um fonte de prazer para minhas noites, quem seria louco de negar? Por Deus, me admira que ela tenha passado por duas temporadas e continuar solteira. Os homens da capital devem ter amolecido em minha ausência, ninguém com olhos e juízo deixaria de investir em Elizabeth.
-Por que, Crane?
-Ela despertou meu interesse.
E invadiu minha casa com sua outra filha, depois me propôs casamento e insinuou que se deitaria comigo, mas creio que esses detalhes o homem não precisa saber. Os D'Evill têm fama de serem incontroláveis e verbalizar a lista de escândalos que sua filha poderia ter causado só pioraria toda a situação.
-Elizabeth?
-Sim, senhor.
-Há quanto tempo?
-O pedido foi feito dois dias atrás, senhor. Elizabeth e eu queremos nos casar o mais depressa possível, com sua permissão.
-Estás apaixonado por minha filha, Crane?
-Não, senhor.
-E espera que eu conceda minha permissão? Realmente pensou que eu perderia meu tempo se você ao menos está apaixonado por ela?
-Servi anos no Exército Real de Sua Majestade, se há algo que valorizo é a honestidade. Vir até aqui e bajular o senhor, dizer que estou caindo de amores por sua filha, conseguir uma licença especial e me casar com ela para que o senhor comprovasse por si mesmo que menti todo o tempo seria a melhor solução? Confiança se conquista com honestidade, não com mentiras e se estou aqui pedindo que confie a sua filha a mim, é preciso confiança.
-E o que o torna bom o suficiente para ela?
-Nada.
-Nada?
-Nada. Minha mãe morreu em meu nascimento, meu pai e meu irmão me desprezaram durante todas as suas vidas. Não tenho estrutura familiar e o mais próximo disso é Isaac. Estou afundado em dívidas geradas pelo meu irmão e tenho problemas causados pelo meu período em combate.
-Quais?
-Episódios de estresse, pesadelos e às vezes exacerbo no álcool.
-Agressões?
-Se está me perguntando se eu seria capaz de ferir sua filha, eu arrancaria minhas próprias mãos antes.
-Suas dívidas?
-Estou tentando solucioná-las. Não por mim ou por meu maldito título, mas pelas famílias que habitam em minhas terras.
-Para quando planejariam o casamento?
-O mais rápido possível?
-Desonrou minha filha?
-Se eu houvesse tocado nela, certamente ela já estaria casada comigo agora mesmo. Posso não ser o melhor homem, mas sei dos meus valores.
-Victoria está prestas a dar à luz, então o casamento ocorrerá dentro de um mês. Sugiro que comece a buscar pela licença especial.
-Sim, senhor. Eu agradeço a confiança.
-Não ainda, Crane. Honre minha confiança fazendo minha filha feliz. Agora escute, se eu ao menos suspeitar que Elizabeth esteja sofrendo, da mínima forma que seja, irei atrás de você e o mandarei direto para o inferno, estamos entendidos?
O homem se pôs de pé e imitei seu movimento, pronto para me retirar na sala.
-Lorde Brightdown, eu fui à guerra. Já estive no inferno.
O restante do dia correu de maneira mais produtiva que eu esperava. Verifiquei cada metro quadrado de minha propriedade e listei todas as reformas, mudanças e reajustes que precisam ser feitos. O contrato de casamento será feito na próxima semana e prefiro manter minhas expectativas sob controle, baseando-me pelo valor médio de um dote, poderei pagar as dívidas e realizar mudanças benéficas para os arrendatários. O mundo está se modernizando e preciso acompanhar o progresso.
Já durante a noite, jantei no escritório como de praxe, mas fui surpreendido com sons de gritaria vindos da sala. Passos apressados se aproximaram no escritório e a julgar pela situação imagino que não sejam os credos. O que diabos os irmãos D'Evill estão fazendo em minha casa? Lorde Brightdown deveria manter seus cães de caça em rédeas curtas, não os deixar vir até minha casa brigar pela irmã.
De rompante, a porta é aberta e não tenho muito tempo para racionar antes de levar a porra de um soco no olho. Não sei qual dos dois fez essa merda, mas certamente lhe cortarei a mão fora. Inferno, isso dói.
-Devo confessar que suas vindas eram esperadas, mas não desejadas. - Tapo meu olho com a mão e tento de endireitar antes de ser golpeado novamente, desta vez na boca.
-Você não pode simplesmente se interessar por nossa irmã e levá-la embora, Crane. - Anthony fala.
-Não estou levando-a embora. Tenho um mês até que Elizabeth passe a se chamar Crane e se não estou enganado ela será vizinha da irmã, não?
-Nós não aceitamos esse casamento. - Harry fala de braços cruzados.
As semelhanças dos cinco filhos é impressionante. Os mesmos cabelos loiros, os mesmos olhos verdes, uma ou outra característica muda e creio que apenas assim é possível diferenciá-los. Anthony mantém seus cabelos bem aparados, enquanto os do irmão são longos passando um pouco dos ombros. As expressões sérias também são as mesmas e estão voltadas para mim agora. Não creio que fui golpeado por esses dois miseráveis, já não me importa a ordem, quero arrancar as mãos dos dois.
-Invadir minha casa e me atacar é a melhor forma que encontraram para expressar o desagrado? - Cuspo um pouco de sangue - Podem não ter se dado conta, mas estou trabalhando.
-Milorde, eu realmente sinto muito. Tentei impedi-los. - Eymer, o mordomo, parece terrivelmente mais pálido que o normal no momento.
-Está tudo bem, Eymer. Deixe que me resolvo com os selvagens.
-Sim, senhor. - Faz uma reverência antes de sair.
-Tudo o que tive para dizer sobre a irmã de você foi dito ao marquês, não sou obrigado a lhes dar qualquer explicação.
-Desgraçado! - Foi tudo que ouvi antes de levar outro soco.
-Podem parar de me atacar, porra? Essa é a minha casa.
-E Elizabeth é a nossa irmã.
-Foda-se. Ela e eu queremos nos casar, seu pai está de acordo, o que podem fazer?
-Não gostamos de você.
-Creio que já sou capaz de perceber isso.
-Fique longe dela, Crane.
-Não.
-Não?
-Não, agora se terminaram vão embora. Eu preciso trabalhar.
-Elizabeth não será feliz com você.
-É ela quem precisa decidir isso, não vocês.
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Capitão Irresistível - Os D'evill 03
RomanceEssa é uma história de minha autoria, ou seja, DIREITOS AUTORAIS. É sempre bom lembrar que plágio é CRIME! Ela é uma jovem sonhadora. Ele um homem marcado. Ela cresceu cercada de amor. Ele foi criado pelo ódio. Elizabeth D'Evill deseja aquilo que s...