ELIZABETH CRANE
Minha vontade é sair pulando pela sala, dando gritinhos e batendo palmas. Meus estômago está agitado, nunca pensei que sentiria as famosas borboletas, mas aqui estou. Daniel cumpriu sua palavra e uma hora depois de nosso encontro pela amanhã estava reunido comigo nada sala amarela - a única habitável - fazendo as entrevistas.
Estávamos indo muito bem. Um grupo de cinco empreiteiros foram contratos para as reformas planejadas, algumas criadas para a limpeza e organização, um cocheiro, alguns cavalariços. Tínhamos uma equipe muito agora, a casa ganharia vida e se tornaria um lar afinal.
Daniel acompanhou os homens para lhes mostrar onde começaríamos a reforma, os pontos mais críticos tinham a preferência óbvia. Acompanhei o senhor Eymer na apresentação dos novos empregados, o homem parecia tão contente em poder delegar funções e comandar nosso pequeno esquadrão.
A alusão com o exército me diverte. Daniel pareceu surpreso - porém contente - quando o chamei de capitão pela manhã. Fora um reflexo, nada planejado. Resultado de passar a madrugada rolando na cama pensando em como o homem agia no campo de batalha. Não sou uma exímia conhecedora, mas imagino que os homens não fiquem em poses de heróis a todo instante.
Eu sofro de sono leve, mesmo se não tivesse passado a noite em claro, teria ouvidos os resmungos e lamúrias vindos da porta de conexão. Não julgo Daniel por ter deixado o leito matrimonial após nosso momento juntos, casais nobres não costumam dormir no mesmo quarto - como podemos ver, mais uma vez, minha família segue como exceção a regra. Em nosso acordo antes do casamento deixamos claro que nenhum dos dois procurava romance - por mais que em meu íntimo eu torça para que aconteça - então o deixei ir.
Eu precisava conversar com os empregos mais antigos, o senhor Eymer ou a cozinheira, eles parecem trabalhar aqui há muitos anos. Devem saber de algo. Ora, por favor, anos interagindo com os empregados da casa dos meus pais me renderam certas habilidades de persuasão. Não há fontes melhores de informação que os empregados, eles sabem de tudo e de todos.
Terminadas a apresentações segui para a biblioteca, muito serviço é necessário por lá e não quero designar outra pessoa para essa tarefa. Bibliotecas são sempre os melhores lugares, meu refúgio e quero organizar tudo por conta própria.
Os empregados já viviam em condições diferentes, também já perceberam que não sou uma dama típica. Qual mal há em trabalhar e andar de calças por aí? Todos se acostumarão com o tempo.
-Elizabeth? - Batidas soam na porta, pouco antes de Daniel colocar a cabeça para dentro do cômodo - Precisa de algo mais?
A felicidade mal cabia em mim. Um ato simples e bobo, mas vê-lo me procurar e sua preocupação com meu bem-estar me preencheram de vontade jogar-me em seus braços.
-Companhia? - Arrisco com um sorriso - Sei que há muito trabalho a ser feito, meu esposo, mas pensei que talvez poderia me ajudar a organizar tudo por aqui.
Aponto para as pilhas e mais pilhas de livros ao meu redor. Seus olhos escuros analisaram a sala antes de pousar em mim, um calafrio percorrendo meu corpo. O homem é tão bonito que chega a intimidar.
Quando pensei que ele negaria e correria para o mais longe possível, Daniel fechou a porta atrás de si, as mangas da camisa dobradas até os cotovelos. Os cabelos negros bagunçados, com mechas rebeldes caindo em seus olhos, o rosto inexpressivo destacando as cicatrizes. Os lábios bem desenhados, prontos para serem beijados.
Tão bonito.
-Por onde devo começar?
Esse homem é meu marido, senhoritas. Apenas meu. Obrigada.
-Estou separando-os por temas. - Em um piscar de olhos Daniel caminhou até mim, sua frente praticamente colada as minhas costas. Seu cheiro envolveu-me em uma névoa de desejo - Não querendo ser rude, mas o descaso em que estava essa biblioteca era de sangrar os olhos.
-Era um dos poucos cômodos limpos com regularidade. - Respondo com o cenho franzido.
Como pode ser tão bonito? A natureza fora muito gentil na criação desse espécime.
-Estar limpo não significa organizado, capitão.
Seu rosto baixou até o meu, um meio sorriso brincando em seus lábios. Certamente meus ossos se tornaram gelatina.
-Tem razão, minha senhora. Perdoe este leigo homem.
Não esforcei-me para esconder o sorriso. Antes que perdesse a coragem, levantei-me rapidamente na ponta dos pés e lhe dei um beijo casto. Eu precisava fazer isso, uma necessidade de vida. Ele pareceu genuinamente surpreso com minha atitude.
-Como conseguia encontrar os livros que precisava aqui?
-Não encontrava. - Responde com a voz um pouco mais rouca que o normal antes de limpar a garganta, os ombros levemente tensionados - Não costumo usar esse cômodo. Tive limpo porque minha mãe o usava.
-Seu pai? Seu irmão? O acervo estava um completo caos desorganizado.
-Vez ou outra, provavelmente foram eles que bagunçaram. Não conheço muito dos dois para ser sincero.
Como era possível? Eles eram sua família.
-Bem, então é melhor começarmos. Dividi o espaço em pequenas zonas. Ali estão os romances, ali as histórias de aventura, ali os botânicos. Oh, sim! Aqueles ali são livros contábeis antigos, prefiro que os leve de volta para seu escritório.
-Sim, senhora.
-Aqueles ali... - Não pude concluir o raciocínio. Daniel colocou meu cabelo para o lado e depositou um beijo molhado em meu pescoço, enviando ondas de choque por todo meu corpo.
-Daniel?
-Hm?
-O que está fazendo? - Outro beijo, um pouco mais alto, a caminho da orelha. Meu corpo inteiro se arrepiou.
-Gosto do seu cabelo solto.
Meu cabelo não está totalmente solto. Libby fez um penteado com pequenas tranças na parte superior no cabelo, mas o restante se encontrava livre. Lembro-me também quando nos encontramos pela manhã, eu estava com Cérbero e meu cabelo completamente selvagem. Uma bagunça desgrenhada pela brincadeira com o cachorro e pela caminhada.
-Gosta? - Sua boca alcança o lóbulo da minha olha, dando uma mordiscada.
-Sim.
-O usarei mais vezes solto, se o agrada.
-Me agrada e muito. - Recebo um último beijo rápido antes que ele se afaste e encare os livros - Devemos começar logo?
Como eu gostaria que a noite chegasse mais depressa. O teria em meu quarto de muito bom grado.
Ignorando esse pensamento concordei com ele, nos separamos entre os livros não organizados ainda. Alguns não tinham inscrições e era necessário olhar o conteúdo para saber onde colocá-los. Conversamos um pouco sobre os planos para a casa, confessei que planejava a abertura de novas janelas em alguns cômodos para aproveitar a luz solar. Em alguns momentos pude ver a sombra de um sorriso em seu rosto, nada comparado aos seus enorme e antigos, mas o esforço valia.
Pouco mais de uma hora havia se passando quando observei um pequeno e incomum caderno vermelho no meio dos livros, não havia inscrições na capa.
-Ei, veja este. - Eu disse levantando o exemplar, senti a cor sumindo do meu rosto ao ver o conteúdo - O reconhece?
-Não. - Voltou a se aproximar de mim - Ele parece bem diferente dos outros.
-Pensei a mesma coisa.
-Sobre o que fala?
-Não é um livro. É um diário.
-Um diário?
-É o diário da 13° condessa de Lawfort.
-Minha mãe?
-Temo que sim.
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Capitão Irresistível - Os D'evill 03
RomansaEssa é uma história de minha autoria, ou seja, DIREITOS AUTORAIS. É sempre bom lembrar que plágio é CRIME! Ela é uma jovem sonhadora. Ele um homem marcado. Ela cresceu cercada de amor. Ele foi criado pelo ódio. Elizabeth D'Evill deseja aquilo que s...