Capítulo 2

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DANIEL CRANE

-O que está fazendo aqui, senhorita D'Evill?

-Não que seja de sua opinião, milorde. - Fala enquanto estapeia as saias do vestidos para tirar um pó que não existe, com extrema brutalidade -  Mas estou visitando minha irmã. Estou prestes a ganhar meu segundo sobrinho.

-Caso não esteja se recordando, milady, meu primo é casado com sua irmã.

-Então por que perguntou-me se já sabia a resposta?

-Eu gostaria de saber o que diabos estás fazendo aqui, no meio das árvores.

-Tenho uma irmã de treze anos, uma irmã muito inquieta. Não tenho paz o suficiente para ler um único capítulo e não ligo se me julgar. Eu precisava de um momento somente para mim.

-Acreditas que justo eu posso culpá-la por se esconder?

A mulher levantou-se em um pulo, esquecendo completamente das carícias que estava fazendo em meu cachorro. Seus olhos cor de esmeralda me fitaram com ódio e sua expressão mais indignada a cada segundo.

-Não estou me escondendo, senhor. Uma dama nunca se esconde, estou apenas reservando um momento para mim mesma.

-Oh! Voltaremos a esta conversa, não é? A senhorita nunca me pareceu uma dama, deixou isso esclarecido na primeira vez nos encontramos e xingou-me mais que um marinheiro.

-Não coloque-se de vítima! O senhor mereceu cada ofensa!

-Por que não lhe beijei os pés como um rapazote tolo? Nunca se contenta, senhorita? Todos sabem que na capital há pretendentes o suficiente para fazer isso por mim, já era assim na época de sua irmã, não? As joias do marquês de Brightdown, com seus cabelos e esse olhos. - Gesticulo para seu rosto, frisando minha fala.

-Eu nunca pedi ou mesmo desejei sua atenção! O senhor foi grosso na primeira vez que nos encontramos e pelo que vejo sua educação não melhorou em nada.

-Olhe bem para mim e veja se tenho o rosto de um cavalheiro.

Por um segundo pude garantir que havia fumaça saindo de sua cabeça, seu rosto estava vermelho e seus olhos pareciam liberar faíscas. Se pudesse ela me incineraria, sem sombra de dúvidas. Elizabeth dá um passo enorme em minha direção e cola seu corpo junto ao meu, olhando-me no fundo dos olhos. Muito tempestuosa para uma dama.

-A única coisa que vejo é um homem que vive recluso, sem modos, grosso e que definitivamente não sabe como tratar uma dama!

-Você não é uma dama, mas pelo que vejo és demasiada inocente.

-Inocente.

-Olhe bem para o meu rosto! Em uma cidade onde status é tudo que realmente importa, acreditas que me sentiria bem lá? Elbenia não é uma cidade para mim.

-O que há de errado? O senhor é um homem bonito, um conde, com propriedades e muito dinheiro, todos sabem disso. Seu único problema é a extrema selvageria.

-Meu único problema? - Rio sem humor - A porra do meu rosto é marcada por cicatrizes, acha mesmo que as pessoas ignoram isso?

-Não há nada de errado com elas.

-Não minta para mim.

-Não estou mentindo! Como és obtuso. - Olha para o céu a fecha os olhos antes de soltar um longo suspiro. Ela ainda está muito perto e não sinto-me confortável com tamanha proximidade - Preciso pedir aos céus que me dotem de paciência para que consiga conduzir uma conversa decente contigo.

Capitão Irresistível - Os D'evill 03Onde histórias criam vida. Descubra agora