ELIZABETH CRANE
O brunch chegou ao fim e segui com Daniel para casa. Minha nova casa. Estou nervosa com a perspectiva de ser a senhora, tendo tudo sob meu controle. Não consegui ver muito quando invadi a casa de Daniel pela madrugada, estava escuro e observar o lugar não era meu foco.
Ainda é cedo para o casamento ser consumado, devo aguardar até a noite. Por isso, quando chegamos Daniel me apresentou ao pequeno grupo de serventes da casa - todos os quatro funcionários - e nos separamos para realizar nossas próprias atividades.
Estranhei um número tão pequeno de criados para uma casa tão grande, mas quando entrei todas as duvidas foram sanadas. Daniel não usa grande parte da casa, é por isso que não há trabalhadores. Uma cozinheira, um mordomo, uma arrumadeira e um cavalariço.
Trouxe comigo minha criada pessoal, Libby. Segui com ela e o mordomo, senhor Eymer, até o meu quarto. A antiga condessa tinha um gosto maravilhoso de decoração, apesar de uma coisinha ou outra estar fora de moda, pareceu-me tão gracioso que deicidi manter como está.
Libby ajudou-me a trocar de roupa, um vestido menos armado para que eu pudesse me locomover com maior facilidade. O penteado elaborado fora desfeito e substituído por uma trança. Liberei a jovem dama de companhia para explorar e conhecer o novo lugar, é meu objetivo também, depois de conversar com os funcionários.
-Boa tarde! - Cumprimentei a todos ao entrar na cozinha. Quatro pares de olhos fitaram-me em completo espanto. A cozinheira levou uma das mãos ao peito, a arrumadeira tampou a boca e os homens lembraram-se de fazer uma mesura.
-Milady. - Eymer foi o primeiro a se pronunciar - Em que podemos ajudá-la?
-Estão comendo? Quero dizer, estão almoçando no momento?
-Não, senhora. Costumamos almoçar mais cedo.
-Ótimo! - Bati palmas - Sabem onde está meu marido?
Meu marido... Em meu interior estão saltitando, batendo palminhas e rindo com histeria.
-O conde acabou de sair, lady Lawfort. - O cavalariço se pronuncia - Um dos arrendatários precisou de sua ajuda.
-Bem, receio que ele estará de volta para o jantar. Gostaria de conversar com todos vocês separadamente, porém preciso conhecer as dependências da casa. Senhor Eymer, poderia me acompanhar?
-Claro, milady.
-Perfeito! Podemos começar agora mesmo.
De primeiro momento não entendi a razão para o mordomo parecer tímido ou mesmo vergonhoso ao sair comigo pelos cômodos, mas não tardei em compreender. A casa era enorme e estava sendo negligenciada por tempos desconhecidos. A maioria das salas e quartos estão trancados e não são limpos, - ao menos não com regularidade. Os quartos dos criados, do conde, a biblioteca e o escritório são os únicos que recebem limpeza frequente.
É claro que uma única arrumadeira não seria capaz de limpar tudo isso e para meu completo desespero a biblioteca, apesar de limpa, está uma completa bagunça. Ela será minha maior prioridade nos próximos dias, assim que conseguir organizar essa casa.
Não gostei do escritório, parece um cômodo de clima pesado. Ao passar pelo batente senti uma leve tontura, como se estivesse sendo oprimida por estar ali. Não gosto deste lugar, precisará de uma reforma.
-O conde passa muito tempo aqui?
-Toda noite, durante o jantar, milady.
-Ele janta no escritório? Não na sala de jantar?
-Sim, senhora. Milorde não faz uso da sala de jantar.
Não estou impressionada, a julgar pela quantidade de poeira na mesa de madeira. Não quero ao menos citar a quantidade de teias de aranha nas paredes. Retornamos para a cozinha, encontrando apenas a cozinheira. Os outros dois criados já havia se dispersado em suas tarefas.
-O que o conde gosta de comer no jantar?
-Não tenho ideia, senhora.
-Perdão?
-O conde nunca desejou algo em específico para comer. Ele come o que lhe é servido.
Por Deus, a situação só piora a cada segundo.
-Tudo bem. Senhor Eymer, tome notas.
-Sim, milady.
-Precisamos de novos funcionários. Ao menos três arrumadeiras, dois cavalariços, uma assistente de cozinha e empreiteiros. Alguns cômodos precisam de reforma urgente.
-Assistente de cozinha, milady? - Pergunta a cozinheira.
-Mais é claro. A senhora precisará de ajuda.
-Perdão pelo atrevimento, senhora. - Fala o senhor Eymer - Mas para que finalidade estamos procurando tantas pessoas?
-Ora, não se preocupe, senhor Eymer. seus empregos continuam garantidos. Esta é uma linda casa, mas vem sendo negligenciada e precisamos retornar aos tempos de glória o quanto antes. Farei algumas mudanças de estrutura e decoração e para isso preciso de pessoas. De confiança.
-Conheço algumas que precisam de trabalho. - A cozinheira fala pensativa.
-Ótimo! Peçam que estejam aqui pela manhã. Entrevistarei a todos logo cedo.
-Sim, milady.
-Oh! Precisaremos de um cocheiro também.
-Providenciaremos tudo, milady.
-Obrigada, senhor Eymer. Gostaria que tudo corresse como de costume por hoje, começaremos as mudanças amanhã. Se precisarem de mim, estarei na biblioteca.
-Sim, milady.
Dando um sorriso satisfeito girei meu calcanhares e saí andando para fora da cozinha, quando já havia passado pela porta e sumido na escuridão do corredor escutei os dois conversarem dentro da cozinha.
-Ela é diferente. - Disse a cozinheira.
-Você conhece a irmã dela. Dizem que a família cria os filhos de um jeito diferente que o resto do mundo. - Respondeu Eymer.
-Pois eu acho que aquela garota é a nossa salvação aqui.
-Contanto que os surtos do patrão não a espantem.
Surtos? Afastei-me em silêncio e fiz o percurso até a biblioteca, o único que decorei até o momento. Não sei o caminho até o meu quarto, mas sei até a biblioteca e isso para mim é o bastante.
Minha mãe ficaria orgulhosa ao ver como me saí com os serventes. Eu nem ao menos tagarelei! Isso é ótimo! Bom, ainda há um longe caminho até conquistar a confiança de todos, mas eu diria que foi um começo muito bom. Eu parecia firme e decidida, uma verdadeira senhora da casa. Estou muito satisfeita comigo mesma.
Encaro as altas prateleiras repletas de livros e abro um enorme sorriso. Reorganizarei tudo, catalogarei e os separarei por sessões. Os exemplares estão todos misturados e isso dói em minha alma. Romance com botânica e aventura. Não, não mesmo. Essa biblioteca se tornará o lugar mais limpo e organizado de todos o país ou não me chamo Elizabeth.
Começarei agora e trabalharei o máximo que puder até a hora do jantar. É uma excelente forma de controlar o nervosismo para hoje a noite.
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Capitão Irresistível - Os D'evill 03
RomanceEssa é uma história de minha autoria, ou seja, DIREITOS AUTORAIS. É sempre bom lembrar que plágio é CRIME! Ela é uma jovem sonhadora. Ele um homem marcado. Ela cresceu cercada de amor. Ele foi criado pelo ódio. Elizabeth D'Evill deseja aquilo que s...