Capítulo 26

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Aquele mesmo esquema, minha gente, se você é sensível a cenas muito fortes é melhor esperar o próximo capítulo.

Boa leitura <3

*****

DANIEL CRANE

Odeio missões de reconhecimento, são as piores. Os sons de tiros infestam o ar e parecem vir de todas as partes. Estamos escondidos pela mata da floresta atirando contra um acampamento inimigo, torcendo para resolvermos todo esse problema de uma vez.

Fomos mandados para o meio da mata para identificar pontos estratégicos. Acabamos encontrando soldados inimigos com um acampamento formado perto do nosso. É nosso dever eliminar qualquer ameaça. Não gosto de tirar a vida de outras pessoas, mas não sou pacifista. Durante uma guerra é a sua vida ou a deles. Não há escolha.

-Capitão! - Um dos meus homens grita e viro-me para olhar.

Jones está sendo atacado por um homem e sendo arrastado para outro lugar da mata. Porra, era tudo o que me falta agora. Grito para os homens continuarem e corro na direção que Jones foi levado.

O oficial tentava lutar contra o homem, mas este segurava uma espécie de punhal de boa empunhadura. Ele golpeava Jones repetidas vezes, mesmo o homem não se mexendo mais. Não tive muito tempo para pensar, simplesmente continuei correndo e abracei o homem, jogando-o para o lado de Jones.

Começamos a lutar pela lâmina, ele não queria desistir e eu não estou disposto a perder outro dos meus homens. Deus sabe que eles significam mais do que meras baixas, são vidas, maridos, pais, filhos, irmãos. Não meras baixas a serem contabilizadas.

Senti a lâmina passar por minha boca antes que eu socasse a porra do seu rosto. Ele não desistiu e senti a lâmina passar perto do meu olho pouco depois de me esquivar. Soquei-o mais algumas vezes e rolamos no chão, o miserável  estava por cima e assisti em câmera lenta a lâmina descer na direção de meu rosto outro vez. Joguei meu rosto para o lado, sentindo a ponta da coisa cortar meu rosto de um ponto a outro.

Sangue escorregou no meu olho esquerdo e desisti de lutar contra, iríamos a favor agora. Soquei-o nas costelas e poucos segundos depois estávamos rolando pelo chão outra vez, eu não sabia se Jones havia corrido para pedir socorro ou continuava no chão por estar ferido demais.

Quando consegui ficar por cima novamente usei meu peso para imobilizá-lo. Seu braço subiu com a lâmina para me atacar novamente e usei meu braço esquerdo para dobra o seu e o direito para abaixar a lâmina com velocidade suficiente para atravessar seu peito. O homem soltou um grito de dor e parou de lutar. Puxei a lâmina de sua carne e cortei sua coxa, garantindo um pouco de dano.

-Você será levado para os meus superiores. - Digo antes de feri-lo na barriga uma última vez para ter o mínimo de sua resistência possível.

Meu rosto arde em todos os lugares possíveis, mas isso não é o importante agora. Grito por ajuda algumas vezes e dois dos meus homens aparecem empunhando suas armas. Eles são rápidos em amarrar o desgraçado. Levemente tonto, cambaleio algumas vezes até Jones, seu corpo está imóvel e seu rosto foi terrível de ver.

Praticamente não havia rosto, essa é a questão. Tudo era uma enorme bagunça de carne viva e sangue. Jones tinha uma noiva, a garota havia rompido com ele pouco antes do homem embarcar até esse inferno. Ela alegava não poder esperar por uma incerteza. Pelo que sei ele não tinha família também. Um pobre garoto de orfanato que estava tentando ser alguém na vida.

Os tiros ainda infestavam o ar, perturbando minha mente. Posso jurar que em algum lugar houve uma explosão.

Os zumbidos em meus ouvidos diminuem, voltando para a realidade. A lembrança mais vívida que já tive. Surpreendeu-me saber que estava de pé, em frente a parede do meu quarto, próximo a janela. Dei um passo para trás e meu pé tocou algo quebrado.

Não, de novo não.

-D-Daniel?

Oh, não!

Me viro sob os cacos quebrados para encontrar Elizabeth parada na porta de ligação dos quartos. Seu rosto pálido iluminado pelas chamas da lareira, os olhos verdes arregalados em horror. Observo a situação do quarto, móveis quebrados e tudo revirado, meu corpo inteiro treme e dói. Meus punhos estão cerrados, mas ainda sinto minhas juntas arderem.

Não preciso olhá-las para saber que estão sangrando, provavelmente em carne viva. A julgar pelo estado do meu quarto, essa crise certamente foi pior que as outras.  Quando meus olhos pousaram em Elizabeth outra vez senti que o mundo desabava sobre mim.

Agora ela descobriu o bastardo com quem se casou.

-Eu sinto muito. - É tudo que consigo dizer, minha voz soou fraca mesmo para os meus próprios ouvidos.

-Daniel? - Seu pé descalço pisa vacilante em minha direção e recuo, estendendo a mão para impedi-la.

-Não! Fique longe! Não é seguro para você!

Sinto meu corpo inteiro suado, uma gota extra escorreu por minhas costas por imaginar Elizabeth se ferindo no meu de todo aquele caos.

-Daniel, deixe-me chegar até você. - Sua voz não é mais alta que um sussurro.

-Não! Fique aí!

-Nós... Nós podemos dar um jeito em tudo isso. Está tudo bem.

Batidas vacilantes soaram na porta do quarto.  Acostumado a esse tipo de situação certamente é Eymer.

-Milorde?

-Eymer, prepare outro quarto para mim, por favor. - Consigo dizer.

-Sim, senhor. - Escuto seus passos se afastando pelo corredor.

-Daniel...

-Não, Elizabeth. - Olho para ela mais uma vez, finalmente percebendo manchas de sangue em sua camisola. Não. Não. Não. Não. Não. Não - Eu a machuquei?

Dou um passo em sua direção, estacando no lugar. Não posso me aproximar, não é seguro. O medo em seus olhos são como adagas em meu peito. Porra, não posso ter feito mal a ela.

-Não. Daniel, não. Esse sangue é seu. Você não me fez mal.

-Você não devia ter entrado, Elizabeth.

-Eu não posso ficar longe de você, Daniel. Por favor, não me afaste.

-Tem certeza que não está machucada?

-Absoluta. - Ela mexe uma mão na outra impaciente.

Meu peito arde buscando por ar. Eu sou um perigo para ela. Sou instável, sem controle. Elizabeth não pode ser feliz aqui. Ela precisa ir para longe. Céus, eu preciso pensar. Não consigo respirar.


Capitão Irresistível - Os D'evill 03Onde histórias criam vida. Descubra agora