Desconforto e Empenho

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Quando o dia finalmente começou após o despertar, Tainá logo se percebeu nos braços de Giovanna, e por um instante duvidou se não estava idealizando como tantas vezes fez naqueles meses todos.

Passado o momento em que a branca havia se proibido de pensar em Gio para que não enfrentasse de frente o peso de suas atitudes, quando a saudade fez morada definitiva, Tainá havia desenvolvido o hábito de todas as noites, antes de dormir, imaginar-se nos braços de Gio, como fora durante tantos anos. A fantasia era tão perfeita que muitas vezes ela conseguia sentir o cheiro e a textura da pele da morena. Sabia inequivocamente que se tratava de truque de sua consciência, porém o hábito lhe servia de anestésico e, por isso, recorria todas as noites à mesma rotina.

Mas agora tudo parecia real. Tão real que o primeiro movimento de Giovanna na cama encheu o coração de Tainá de alegria e ela girou o corpo com cuidado, ficando de frente para a amada adormecida.

Passou longos minutos examinando cada linha e traço do rosto de Gio, sentindo a respiração dela e viajando nas lembranças da noite anterior. Estava ansiosa para ter mais da companhia de Giovanna, mas ao mesmo tempo sentia-se incapaz de despertá-la. Estava completamente hipnotizada pela imagem que ela não via há tanto tempo.

Mas como era de se esperar, não demorou muito e o senso maternal cada vez mais apurado da morena fez com que ela acordasse, cedo para o horário que haviam pegado no sono.

T: Bom dia, meu sol! – Deslizou a mão delicadamente pela fronte de Gio, recepcionando-a com um sorriso maravilhoso.

G: Bom dia! – A voz rouca veio para soprar mais um pouco de habitualidade na cena – Ué, já tá assim? Com essa carinha toda serelepe e desperta?

T: Fechei o olho só o suficiente para repor as energias que vão garantir que eu continue funcionando hoje, mas se eu pudesse não fechava nunca mais e ficava aqui, só olhando pra você. Morta de medo de você sumir da minha vida... – Disse com carinho, mas com uma seriedade que não passou batido pela morena.

G: Eu tô aqui! – beijou a mão de Tainá – Não precisa disso, tem que descansar.

T: Não arrisco! – Pronunciou divertida e finalmente selou os lábios de Gio, mantendo o sorriso fixo no rosto em seguida – Estava tão abobalhada que tinha esquecido do principal... O beijo gostoso.

G: Perdeu o hábito? – Sorriu largo, esforçando-se para igualar a euforia romântica de Tainá.

T: Talvez sim, mas recupero em dois tempos. A gente perdeu tanto tempo... – De bruços e apoiada com os cotovelos no colchão, Tainá percebeu os olhos de Giovanna deslizando por suas costas, contorno das nádegas e toda a silhueta estirada na cama – Vai ficar me secando assim? Vou ficar tímida! – Sentou e tapou os seios com os braços.

G: Que tímida o quê? – Puxou ela com força, trazendo o corpo branco para cima do seu – Você é a safada mais safada desse universo – Puxou o pescoço de Tai e roubou-lhe um beijo intenso.

T: Sou safada nada... – distribuiu muitos beijos no rosto de Gio – Tímida. Mais tímida ainda depois de tantos meses sem ser desejada e observada dessa forma por ninguém.

Gio continuou acariciando os cabelos de Tai, mas afetou-se com a declaração.

G: Você não ficou com mais ninguém depois daquilo? – Perguntou suave, morrendo de medo da resposta.

T: Eu não fiquei com mais ninguém depois de VOCÊ. – Disse firme – Aquilo nem de longe contou. Só serviu pra separar a gente...

G: Acaba contando, né? – Sorriu de canto.

Cosmic Love S03Onde histórias criam vida. Descubra agora