Cosmic Love S03

Latência, II

Naquele início de noite, Giovanna chegou da rua, passou no quarto de Luna para lhe dar um beijo, deixou a pequena entretida com os desenhos dela e, como segundo passo da ronda diária, encontrou Tainá dando banho no filho no quartinho dele.

Ficou parada uns segundos observando a bagunça que ele fazia e a paciência de Tainá, mas logo foi flagrada.

T: Podia ajudar um pouco ao invés de só espionar, não é, não, mamãe? – Nem precisou girar o corpo para perceber que era observada.

Aos poucos, iam caindo todos os bloqueios que elas tinham erguido como forma de proteção naqueles meses, tanto que Tainá já havia soltado as travas de seu sexto sentido para que pudesse novamente procurar a presença de Giovanna onde quer que ela estivesse. Afinal de contas, os inevitáveis alarmes falsos que por vezes escapavam já não doiam mais naquela intensidade, uma vez que estavam novamente juntas.

G: Sei não, acho que tô bem aqui! – Sorriu travessa, mas acabou se aproximando – Já vi que nosso pequeno príncipe está espoleta hoje, e quando tá assim, sai debaixo!

T: Pois viu certo! Você ficou toda preocupada porque tava febril essa noite, mas hoje a criaturinha tá que tá pilhada... Acho que nunca vi ele assim! – Sorriu apaixonada para o filho, mas em seguida procurou o olhar da amada e lhe mandou um beijo no ar.

Giovanna, por sua vez, não resistiu e fechou a distância entre elas pousando um beijo delicado nos lábios de Tainá.

G: Melhor assim, não? – Deixou também um carinho no rosto branco.

T: Sempre muito melhor! – Beijou a mão dela e justificou-se em seguida – Mas a Luna tá por aí, amor. Só quis evitar mais um flagra indesejado.

G: Aparentemente a gente ainda sabe brincar disso, né? Esse esconde-esconde todo... – Sorriu ligeiramente constrangida, pois tinha consciência que Tai se esforçaria naquele papel até quando fosse necessário, mas de fato não se sentia confortável nele.

T: Sabemos e sabemos muito bem. Sabe por quê, mamãe? – Tirou o filho da banheira, e Gio enrolou-o na toalha, olhando atentamente para que Tainá continuasse – Porque não há brincadeira nesse mundo que eu não saiba "brincar" se me contarem que o prêmio é ter ao menos um pouquinho de você do meu lado. No momento, é só isso que me importa...

Tainá sorriu largo e Gio devolveu o sorriso na mesma medida, sentindo-se imensamente compreendida e "desculpada" diante da reação da branca.

Conhecia Tai por tempo demais para saber, entretanto, que aquilo certamente não duraria para sempre, mas por ora era o suficiente a aquietar seu coração cada vez mais repleto de culpa por ainda não conseguir se livrar do que lhe limitava assim tão incontrolavelmente.

G: Te amo... – Sussurrou a única resposta que pôde dar e Tai beijou-lhe rapidamente os lábios mais uma vez – Agora vamos vestir essa gostosura aqui pra logo encher a barriguinha, e dar um pouco de sossego pras mamães, né, meu amor? – Reagiu ao sorriso do filho já estirado no trocador e brincando com um mordedor que ele alcançou ali.

T: Cara, ele é muito apaixonado por você! – Sorriu encantada – Pra variar, eu posso ser a mãe mais boa onda do universo, encher de doces e das irresponsabilidades que eles amam, mas nunca vou receber de nenhum desses ingratos um sorriso como os que eles dão pra você... Nenhum deles!

G: Deixa de exagero... – Revirou os olhos pra ela e, quando voltou o olhar para o filho, ficou paralisada e só conseguiu voltar a reagir na cena quando ouviu a gargalhada de Tainá.

T: Realmente... É amor e intimidade demais, universo! – Até curvou-se para rir.

G: Eu não A-CRE-DI-TO, Senhor Gabriel! – Não sabia se olhava mais indignada para o bebê ou para Tainá gargalhando histericamente – Taí, quase batendo um aninho no lombo, e ainda tá fazendo xixi na mamãe, cara? Pelo amor de Deus! – Alcançou uns lenços do bebê e tentou limpar a roupa e o braço onde Gabriel acabou lhe acertando com a pequena travessura.