Asura

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Krul estava em seu quarto arrumando da sociedade, estava sentada em sua escrivaninha que estava cheia de papéis e livros que apesar de organizados, eram tantos que davam uma impressão de "bagunça" ao mesmo e o fato de suas centenas de borboletas estarem espalhadas pelo seu quarto não ajudavam a diminuir essa sensação de bagunça. Krul estava completamente concentrada no que estava fazendo até alguém bater em sua porta fazendo-a perder um pouco a concentração e sentir-se levemente irritada pela interrupção, mas suspirou fundo e falou.

Krul -- entre -- e neste instante a porta do quarto foi aberta revelando Mikaela do lado de fora.

Mika -- oi mãe, bom dia, desculpa... a senhora tá ocupada?

Krul -- bom dia querido, na verdade estou um pouco, por que?

Mika -- ah, é que eu queria te fazer uma pergunta... mas se a senhora tiver muito ocupada eu posso voltar mais tarde.

Krul -- não meu querido, pode fazer, eu vou demorar muito aqui -- e então pegou um dos livros deixando-o em cima dos papéis para que eles não voassem com o vento -- o que deseja me perguntar?

Mika -- ahm, claro, com licença -- e entrou no quarto da mãe fechando a porta atrás de si -- eu gostaria de saber... b-bem... eu passei um bom tempo da minha vida sem saber que a senhora era feticeira... eu... teria perguntado isso antes isso mas eu acho que aconteceu tanta coisa que eu acabei esquecendo... bem... eu queria saber... o meu tio... era um feiticeiro também...? -- então o loiro sentiu um silêncio tão pesado no lugar que era como se o clima o esmagasse -- a-ah, me desculpa, acho que eu não deveria ter te perguntado isso, eu sinto muito, eu... -- o loiro já iria embora, mas foi interrompido.

Krul -- Mika... -- então as borboletas que pousavam sobre a cama da rosada abriram espaço -- sente-se.

Mika -- ahn? M-mas por que?

Krul -- o que eu vou lhe falar agora não é algo que se converse em pé -- Mikaela ficou levemente assustado, apesar de que sua mãe não parecia irritada, não demorou a se sentar na cama enquanto sua mãe arrumava a cadeira para que ficasse de frente para o filho -- bem Mika... como você deve imaginar, seu tio era um feiticeiro também, assim como eu...

Mika -- mas por que isso parece tão sério pra senhora mãe?

Krul -- por que o meu irmão nunca foi possuído Mika... o Asura... se perdeu... -- Mikaela arregalou os olhos completamente em choque.

Mika -- e-ele o que...? M-mas por que...?

Krul -- pelo pior motivo que um feiticeiro pode se perder Mikaela, pela dor... -- as palavras iam atingido Mikaela uma a uma, ele estava completamente em choque -- naquele dia quando eu mandei você se esconder por causa de um ataque de um demônio e não sair em hipótese nenhuma, na verdade não tinha nenhum ataque até o momento, na verdade os soldados haviam suspeitado de nós e estavam indo nos investigar... -- Mikaela passou tempo o suficiente servindo o exército humano para saber que da palavra "investigar" não viria coisa boa.

Mika -- e como era a investigação? -- perguntou já com medo da resposta.

Krul -- eles iriam nos torturar até certo ponto, se fôssemos feiticeiros iríamos no perder, se fôssemos humanos iríamos ficar com sequelas eternas... você deve imaginar o que veio disso -- Mikaela engoliu o seco -- Asura foi primeiro... eu tive que assistir o meu irmão ser torturado até se perder... e eu simplismente... não tive poder pra fazer nada... -- engoliu o seco -- porém... no mesmo momento em que Asura se perdeu, por coicidência, outro feiticeiro se perdeu na cidade... foi um desastre por que eram dois... e por isso... houve aquela devastação... -- Mikaela ficou em silêncio por alguns segundos.

Mika -- por isso... você está tentando dar um jeito de reverter a perdição?

Krul -- eu tenho esperança que ele está em algum lugar... vivo... e que eu possa traze-lo de volta... mas... depois de ver Yoichi... eu tive uma nova esperança...

Mika -- hm?

Krul -- eu tenho a esperaça que desde que ele se lembre de mim, nós possamos ser todos felizes de novo, mesmo que eu não possa trazê-lo de volta -- disse abrindo um sorriso para Mika -- o mundo não é nada gentil conosco Mika, mas acho que se estivermos juntos, podemos todos sermos felizes.

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Mikaela entrou novamente no quarto que dividia com o namorado, ainda era de manhã, cerca de 10:00, Yuuichirou ainda dormia e Wotterson havia acabado de pegar no sono, ambos estavam na cama de casal, Yuu dormia ocupando bastante espaço na cama enquanto Wotty dormia em sua forma de morcego deitado em cima da bochecha de sua "mãe".

Mikaela abriu um sorriso fraco e pegou o morceguinho com delicadeza no colo, sabia bem que a corrente sanguínea de um morcego era adaptada para que ele ficasse de cabeça para baixo, sempre que wotty dormia de outra maneira em sua forma de morcego se queixava de dor de cabeça o dia inteiro. O loiro gentilmente pôs o morcego de cabeça para baixo pendurado em um cabide do quarto, os pézinhos agarraram imediatamente o gancho sem que o morceguinho acordasse.

Logo em seguida o loiro olhou para o namorado que ainda dormia e foi até a cama sentando-se nela e observando seu amado dormir, primeiro passou as mãos delicadamente pelos cabelos bagunçados tirando uma mercha de seus olhos, logo em seguida desceu para o ombro e afastou bem delicadamente o pijama na parte do ombro revelando uma pequena cicatriz que Yuu havia adiquirido quando havia sido capturado na capital.

Mikaela suspirou, sempre que se lembrava que havia servido o exército e literalmente caçado quase todas as pessoas que agora amava sentia um peso tão grande na conciência que sentia vontade de chorar, mas agora depois de saber o que a capital havia feito com seu tio que ele tanto amava sentia o peso da culpa ainda maior em seu peito.

"Yuu-chan..." -- pensou enquanto levava sua mão de volta para o cabelo de Yuu lhe fazendo um cafuné -- "só a sua prescença me ajuda quando eu me sinto desse jeito, obrigado..." -- e então levou os lábios para a testa do menor, lhe dando um beijinho na testa, Porém o que não esperava era que algo o puxasse para baixo fazendo com que o beijo fosse na boca.

Yuu -- Mika, meus lábios são um pouco mais um baixo -- disse com a voz sonolenta.

Mika -- e-eh? você tava acordado?

Yuu -- hmhm -- murmurou em concordância e puxou o mais alto para a cama, Mika só teve tempo de tirar os sapatos antes de ser puxado completamente para um abraço de um Yuu sonolento -- cafuné gostoso... faz mais... -- pediu manhoso, Mikaela sorriu e atendeu o pedido.

Mika -- por que tava fingindo que tava dormindo?

Yuu -- queria saber o que você faz enquanto eu durmo -- disse se aconchegando mais no abraço e aproveitando o cafuné.

Mika -- você não tem mesmo jeito... te amo, sabia?

Yuu -- claro que eu sei, eu te amo muito também... -- e dito isso voltou a ressonar caindo no sono.

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Em sua cabana afastada de qualquer sociedade feiticeira ou humana Noya regava tranquilamente as flores de seu jardim até que sentiu um arrepio na espinha que o obrigou a olhar para o horizonte ao norte, bem de longe, quase minúscula havia as ruínas de uma cidade destruída pelo veneno, o feiticeiro sem sociedade suspirou profundamente e disse para si mesmo:

Noya -- as coisas não estão muito boas para você hoje não é colega...?

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