O véu azul-negro celestial, que outrora decorava-se com estrelas formando encantadoras constelações, estava sendo tomado por uma neblina. As casas, umas ao lado das outras, pareciam querer desaparecer no meio da noite diante de seus olhos e um silêncio insistente sufocava a pequena cidade.
A neblina densa e repentina não era esperada nesta noite iluminada. — quase disse ela, totalmente atenta aos sons ao redor de ambas. Passos rápidos e gemidos podiam ser ouvidos à longa distância, com sua audição. — A neblina não está sendo formada por um fenômeno natural. — ela reforçou, segurando fortemente a mão da lobisomem ao seu lado.
A brisa trazia consigo o som de todos os movimentos e atos que estavam ocorrendo há metros de distância, – umas duas ruas atrás daquela – junto ao terrível e inacreditavelmente esperançoso pressentimento de que poderia ser um vampiro antigo movido ao ódio que guardara por todos os séculos. Jennifer Morrison? Talvez fosse uma ilusão; o desejo repentino de rever sua mãe, o vampiro mais antigo e forte existente. Escutava as presas perfurando furiosamente a garganta de vários homens, aumentando a força sobre os elementos da natureza, por isso a neblina. Mamãe?
— Algo aconteceu? — a loura arqueou a sobrancelha, era possível ver. Sua visão não era muito comprometida pela neblina, mas se Robin conseguia vê-la, talvez não estivesse não difícil de enxergar. — Também não gosta de neblinas?
Alice deu de ombros, sentindo uma vontade inexplicável de dar passos para a igreja ao ouvir a movimentação silenciosa de algumas ruas atrás da antiga construção enegrecida. Era como se estivessem tentando ocultar algo das pessoas, nas ruas vazias de Brasov.
— Eu escuto... — respirou fundo, segurando a mão da arqueira. — Eu estou escutando passos de vampiro e humanos. — apontou em direção à igreja. — É como se eles estivessem ao meu lado, entende? E, nesse momento, escuto um vampiro antigo se alimentando de vários humanos.
Robin arregalou os olhos com tal resposta, estando dividida diante aos fatos. Abriu mão de sua vida como caçadora após ser amaldiçoada e por ter conhecido Alice, mas percebera que haviam vampiros que deveriam ser detidos.
— Queres impedir? — indagou.
— Não, eu não quero impedir. Quero ver quem é. — Alice respondeu, iniciando lentamente seus passos até a igreja.
A lobisomem observava a mais velha andando pouco a sua frente, os cachos dourados bagunçados conforme a brisa fria batia em sua pele pálida, os lábios avermelhados e trêmulos como se ansiasse por aquele momento. Robin não saberia responder o que Alice esperava daquele ataque. Encolheu-se, então, abraçando o próprio corpo e protegendo-se do frio, enquanto a seguia até perto da cena que a lobisomem, até então, nunca havia presenciado.
Alguns corpos estavam distribuídos pelo chão, entretanto, embora seus pescoços estivessem rasgados, não possuíam poças de sangue. Nenhum dos homens ainda vivos conseguia ferir a mulher de cabelos louros, bagunçados e respingados de sangue, com um terno caro manchado. O demônio aparentava concentrado, deliciando-se conforme drenava o sangue das veias das vítimas.
— Mamãe... — Alice sibilou com um leve sorriso em seu rosto, apontando discretamente para a figura loura que se alimentara de uma dúzia de homens da antiga Ordem do Dragão. — Eu preciso ir falar com ela.
— Aquela é tua mãe? — Robin perguntou aturdida, paralisada.
Ao longe, a figura monstruosa alimentava-se, mordendo violentamente o pescoço dos homens. Os longos cabelos ondulados lembravam os de Alice, exceto pelo fato de estarem banhados pela cor vermelha do sangue fresco. Uma companheira ao seu lado, observando assustada todas aquelas mortes... Jennifer Morrison era um monstro, ela pensou.
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Into The Moonlight
FanfictionHá séculos condenado às trevas; condenado à uma solidão eterna. Adormecido por quase quatro séculos, continua a sentir tudo o que acontece ao lado de fora dos túneis de escavações. Desde que caiu sob sua terrível maldição, surgira também lendas sobr...