Paraíso Terrestre (Parte 1)

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Aviso: Sim, era pra ser o ultimo, mas eu tive que dividir porque ficou grande kkkkkk é isso, boa leitura. 

                The Last Judgement, John Martin, 1853

Me levantei ainda atônita, tentando processar todas as informações. Porque cara... não são poucas. Mal tenho tempo para admirar o portão dourado gigante que fica em alguns metros de distância, ou as grandes muralhas em volta que parecem feitas de nuvens. Me sentia estranha, ainda era Kim Jiwoo, mas ao mesmo tempo não era mais a mesma. E além disso, eu não tinha certeza como Yves ia encarar a situação. Eu mesma passei toda minha jornada no purgatório odiando Lilith pelo o que ela – pelo o que eu fiz – com Eva. Ela tinha passado tanto tempo esperando por mim, mas no momento tinha me superado? Meu Deus, minha cabeça ta uma confusão... eu como Jiwoo tive ciúmes de Lilith todo esse tempo, e agora enquanto Lilith tinha ciúmes de Jiwoo. Faz sentindo? Não, nenhum. Mas eu nunca fiz muito mesmo sentido, nem na minha primeira, muito menos na segunda. Isso na verdade explica muita coisa, sabia que eu era muito estranha para ser uma simples mortal.

-E-eu... – Yves começou a falar, ela não tinha se movido quando eu cai de joelhos e permaneceu no mesmo lugar enquanto eu me levantava. Foi interrompida por um anjo de cabelos cor de rosa e vestes negras. Ela tinha traços asiáticos, aparentemente eles ainda estavam tomando formas que se encaixavam na visão de mundo da minha versão humana.

-Er, oi... eu ia perguntar se a alma era budista ou se ia subir aos céus, mas isso? – Assobiou impressionada. – Eu vi as imagens no fogo, é você mesmo Lilith? – Me olhava de cima a baixo.

-Eu acho que sim? – Soou mais como um questionamento.

-Menina, você sumiu tipo por milhares de anos. – A de cabelos rosas parecia empolgada.

-Azrael? – Perguntei assustada por lembrar quem era. Na época em que eu era Lilith, antes de conhecer Eva conheci muitos anjos, eles eram muito mais interessantes do que meu marido. Azrael era o anjo da justiça.

-Nossa, faz tempo que ninguém me chama assim. – Ela sorriu, seus olhos em formato de meias luas. – Os chineses me chamam de Meng Po, os cristãos de anjo da morte, mas por aqui os seres divinos podem me chamar de Vivi.

-Eva, Lilith. – Escutei outra voz nos chamar, parecia vir do alto da muralha. Olhei pra cima, mas tinha uma luz forte, não dava pra ver quem era, mas parecia outro anjo, dava pra ver que estava descendo e batendo as longas asas brancas. Olhei para Yves, mas ela encarava o céu. Eu só queria saber o que estava se passando na cabeça dela. Sabe aquele filme Divertidamente? – Deus autorizou a entrada das duas no Éden. – Foi o que disse a anjo loira, mais alta do que eu por alguns centímetros, mais ou menos do tamanho da Eva, também de traços coreanos, que pousou na nossa frente.

-Que? – Finalmente a morena falou, não que fosse muita coisa. A gente tinha descoberto que eu sou a ex dela e até agora tudo que eu ouvi foi "eu" e "que", quando vamos sair das palavras monossilábicas? – Jofiel, o que você quer dizer com Deus nos autorizou? – Amém, ela ainda sabe falar.

-Eu prefiro Jinsoul agora. – A loira sorriu. – E é simples, vocês estão intimadas a comparecer no Jardim, é hora do Juízo final.

Os portões dourados do Éden se abriram e ela estendeu a mão, nos mostrando o caminho. Encarei Yves esperando um sinal, mas ela olhava pra frente e começou a caminhar sem desviar os olhos uma única vez. Soltei um suspiro e comecei a andar também. Acho que nossa conversa sobre o que tinha acontecido viria só depois. Eu só não sabia quando seria aquele depois.

-Já que vocês vão entrar, digam que eu mandei um beijo para a Haseul! – Azrael gritou acenando pra nós enquanto entravamos no paraíso. Lembram quando eu estava passando pelo quarto do orgulho e entrei na sala da casa da minha mãe? Era uma sensação parecida. Como voltar pra casa, mas ao mesmo tempo não parecia que eu pertencia aqui.

Fallen (Chuuves)Onde histórias criam vida. Descubra agora