Capítulo 1

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Autora Narrando

As tardes no parque local de Sweet city sempre eram agradáveis, as crianças entretidas em suas brincadeiras corriam despreocupadas, e claro, os pais corujas estavam sempre de olho nos filhos.

Adelaide, mãe dos gêmeos Nathaniel e Ambre, estava distraída conversando com suas "amigas", as fofocas nunca estiveram tão quentes, por isso não notou a comoção que estava tendo entre seus filhos.

Nathaniel, o gêmeo mais velho por três minutos, tinha acabado de arrancar a cabeça da boneca favorita de sua irmã mais nova, a garotinha loira vendo sua boneca quebrada, começou quase instantaneamente com seu ataque de choro. As lágrimas foram as primeiras a chegar, o rosto vermelho de raiva fora o segundo, antes mesmo que os berros infantis saíssem de seus lábios, Nathaniel puxou seu cabelo por trás soltando gargalhadas, Ambre engasgou com seus gritos reprimidos.

No momento que o loiro soltou seus cabelos, o mesmo jogou sua boneca no chão e saiu andando como se nada estivesse acontecendo. Ambre finalmente soltou todos os gritos que estavam presos em sua garganta, Adelaide ouvindo os gritos da filha, logo correu para socorre-la.

Ao invés de Ambre esperar sua mãe chegar até si, como seria o natural, a loira resolveu correr para perto da mãe, a vista embaçada e o ataque de berros atrapalhava seus músculos não tão desenvolvidos.

A cena pareceu se passar em câmera lenta, os passos desengonçados de Ambre resultaram em sua queda, sua testa fora em direção a grande pedra, os reflexos infantis não foram suficiente para impedir que o estrago fosse maior. Adelaide gritou em desespero finalmente chegando a filha, seu corpo estava mole, seus olhos estavam abertos, mas não pareciam realmente ver alguma coisa, sangue escorria de sua testa.

Ao longe, Nathaniel olhou para sua irmã com culpa infantil, a cena se desenrolava repetidas vezes em sua cabeça, e pela primeira vez, ele se arrependeu.

(...)

Quando ela "acordou" tudo estava preto, ela não sabia onde estava, lágrimas escorriam constantemente de seus olhos, ela fungava desejando que sua mãe estivesse com ela no momento, Ambre nunca achou que teria tanto medo do escuro quanto agora.

No meio de todo aquele escuro, um brilho carmesim chamava sua atenção, a curiosidade infantil falou mais alto do que seu medo, seus passos hesitantes ecoavam no vazio.

Chegando a luz carmesim Ambre se deparou com um espelho, grande o suficiente para mostrar todo seu corpo, ela olhava para o espelho, mas não era seu reflexo que olhava de volta. A imagem de uma adolescente refletia no espelho, ao invés da sua, os cabelos curtos e bagunçados fora a primeira coisa que Ambre notou, o pijama com desenhos de estranhos tubarões foi a segunda.

A criança encarou a garota com nojo aparente, mesmo tendo apenas 7 anos, ela estava ciente das modas atuais, a garota do espelho não tinha nem um senso de moda. A loira continuou a encarando, sentindo aquela estranha sensação de que ela já tinha visto a garota em algum lugar. A garota no espelho sorriu com aparente felicidade, seus olhos castanhos eram decorados com olheiras profundas.

Pelas próximas quatro horas mentais, Ambre viu as cenas de uma vida que não era sua, o espelho mostrava tudo para ela. Viu a vida inteira daquela garota, seus momentos especiais, os momentos em que ela se sentiu destruída, suas amizades, seus amores, seus gostos e desgostos, suas paixões, Ambre viu tudo.

O único problema era que não era apenas o espelho que mostrava, cada cena desencadeava uma memória, uma vida.

E naquele momento ela lembrou de tudo, lembrou de toda sua vida passada, ela era uma garota comum, tinha duas melhores amigas, gostava de animes e mangás, gostava de tangerinas e de comer melancia em dias de piscina.

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