28| O dia que ela saiu de fininho.

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O FLASHBACK DA FESTA NA PRAIA

Nos filmes, quando uma garota saía de fininho do quarto do cara pela manhã ou pela madrugada, sem ser notada, significava que o sexo tinha sido horrível e que ela deveria fugir o mais rápido possível. Homens também faziam isso, quando queriam fugir do compromisso ou nao queriam dar expectativas pra alguém.

Bom, Clarissa saiu de fininho também. Mas não tinha odiado o sexo com Theo, mil vezes o contrário. Ele era perfeito, feito pra ela, absurdamente magnífico: nada a decepcionou, o que tornava as coisas bem mais difíceis. Talvez se ele fosse um grosso, ou transasse mal, ou não cheirasse bem, tudo teria sido fácil de aceitar. Porém, além de ser lindo e ter um abdômen sensual, seu olhar azul tinha praticamente derretido o coração de Clarissa. Ela estava apaixonada, mesmo que não admitisse em voz alta para os outros, então doeu muito quando ela foi embora, largando lá o cara mais perfeito com quem ela queria ficar muito mais tempo.

Mas o real motivo é que ela tinha saído de fininho por medo, culpa e um pouquinho de vergonha... Tinha leves chances de Theo a achar uma vadia, ou sei lá, alguém sem escrúpulos. Depois do que ela fizera e pedira na noite anterior... Céus, de onde tinha vindo aquilo? E porque tinha sido tão perfeito para Clarissa?

Eram quatro da manhã, Clarissa desceu as escadas escuras da fraternidade de fininho, rezando para não encontrar ninguém. Imagine só o vexame, ela saindo de madrugada da fraternidade, obviamente estava com Theo, e todos os caras ficariam comentando entre si.

Will seria o primeiro a espalhar por vingança e Clarissa não queria que Carly soubesse por outra boca. Na verdade, ela gostaria de contar. Tinha tomado a decisão ontem mesmo, antes de dormir, que contaria a amiga sobre tudo. Queria ser sincera.


Estava escuro até mesmo na varanda, não fosse pela lua e pelo poste distante no jardim. Pisando em ovos, Clarissa desceu as escadas da varanda, com um peso no peito e na consciência... Se sentia mal em deixar Theo, mas sabia que ele iria querer continuar toda aquela loucura.

Seus pensamentos foram para o ar quando ouviu um leve farfalhar nos arbustos ao redor da fraternidade, deixando-a em alerta. Seu coração disparou, mas não ouviu mais nada. De repente, viu um pequeno esquilo na árvore, que a fez soltar a respiração e relaxar os ombros.

Seu celular chamou três vezes antes que Lara atendesse com uma voz meio bêbada.

- Oi... Lara. - Disse clarissa, meio sem graça. - Desculpa te ligar agora. Hãm, sou eu, Clarissa.

- E aí, gata?! Pode dizer, não estou ocupada no momento. - Disse Lara, dando uma risadinha sem vergonha, depois começou a cochichar. - Pelo menos não mais. Lembra do musculoso da festa? A gente transou e foi demais!

Clarissa revirou os olhos, não evitando um sorriso.

- Sério? Que legal que você transou essa noite... - Disse Clarissa, meio sem graça. Ela sabia q não tinha tanta intimidade para pedir alguma coisa pra Lara, mas ela era a única opção da noite. - Bom, sem querer mudar de assunto... Mas preciso muito da sua ajuda.

- Oh, claro! Do que precisa?

- De uma carona.

- Ótimo, onde você está? Posso pedir o cara da sua faculdade pra ir comigo te buscar... Você sabe, ele não bebeu e eu estou incrivelmente bêbada. - Disse Lara, com a voz meio arrastada.

Clarissa se sentiu meio embaraçada, porém concordou rapidamente.

- Ótimo... Desculpa a inconveniência, fico te devendo uma.

- Não se preocupe, docinho, mas preciso do seu endereço. - Disse Lara antes de começar a conversar com alguém no fundo, e Clarissa ouviu uma risada masculina no telefone, acompanhada pela risada de Lara. - Pare com isso, gato, eu bebi demais.

- Fraternidade... Sabe, onde o Theo mora. E tudo mais.

As gargalhadas de Lara tomaram conta da ligação.

- EU SOU O CUPIDO PERFEITO, UNIVERSO! - Gritou ela, com bastante empolgação. - EU FIZ ISSO! EU SOU UM CUPIDO OFICIAL!

Clarissa mordeu os lábios em constrangimento. Lara estava bêbada, não dava pra julgar ou levar em consideração. E era totalmente verdade, ela só tinha ido parar na casa de Theo porque Lara tinha sugerido que eles se beijassem no jogo. Jogo idiota. Jogo inconveniente. Jogo bom, jogo legal, jogo que Clarissa não pretendia mais jogar, NUNCA MAIS. Tinha estragado a vida dela.

- Ok, te espero do lado de fora da mansão. - Disse Clarissa, sem saber muito o que fazer.

- Dez minutos estamos aí, estamos por perto. - Disse Lara, com a voz mais alegre que antes, e desligou a chamada.

Clarissa se sentou na escada da varanda torcendo mentalmente para que os esquilos parassem de assustá-la com os barulhos nos arbustos, como se fossem pessoas escondidas. E torceu para que Theo não acordasse nesses dez minutos e descesse até lá atrás dela. Seria mais difícil ter que despedir olho no olho.

Com o lábio dolorido de tanto mordiscar, Clarissa avistou um carro prateado vindo em direção a ela. Seus ombros relaxaram quando Lara acenou da janela e fez sinal para que ela entrasse no carro.

- Entra no carro, docinho!! VAMOS EM DIREÇÃO A TERRA DO NUNCAAAA! - gritou Lara, dando risadas.

O seu ficante bonitão riu também, balançando a cabeça, mas Clarissa só teve medo de Theo ser acordado.

- Você pode me levar pra casa? Vou deixar a terra do nunca pra outro dia.. - Disse Clarissa, em tom de brincadeira.

- Claro... Só que eu não posso ir pra casa, porque perdi minhas malditas chaves e o único chaveiro vinte e quatro horas está doente no hospital, então vou vagar por aí até amanhã cedo, com esse gatão do meu lado. - Disse Lara animadamente.

Clarissa deu gargalhadas.

- Você poder dormir no meu apê, Lara. Carly também mora lá, mas você dorme no meu quarto se ficar com medo dela te matar durante o sono.

- Ótimo, estava esperando pelo seu convite. - Disse Lara, empolgada. - Eu realmente perdi a porcaria da chave.

Clarissa deu um sorriso amigável.

- Sem problemas, você pode dormir lá em casa... Assim eu agradeço pela carona.

- E quanto ao meu agradecimento? - Perguntou o cara musculoso ficante de Lara. - Não estou flertando com você, mas talvez você possa convencer Lara a sair comigo de novo como agradecimento.

Lara lançou-lhe um olhar safado.

- Ela não vai precisar me convencer.

Clarissa levantou as mãos na defensiva, sorrindo.

- E bom, eu não sou tão boa cupido quanto Lara.

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