Did You Get The Sensation Today?

4. Watermelon Sugar

Ria de algum comentário engraçado que Ash havia feito (ele fazia aquilo naturalmente) quando vi Calum passando pela porta com um cigarro entre os dentes, ele segue em nossa direção enquanto leva o isqueiro até a droga em sua boca acendendo a mesma.

– Vocês sumiram. – reparo que está um pouco sério quando diz.

– Só estamos conversando. – respondo o olhando de cima a baixo, ele estava estranho.

– Só conversando a mais de uma hora, aqui fora, sozinhos? – ele solta aquele comentário e parece se arrepender logo depois. Por sorte Luke aparece na porta.

– Vamos jogar beer pong, vocês vão jogar?

Concordamos e entramos todos juntos. Michael e Andy, o produtor visual da banda o qual conheci hoje também, já haviam formado uma dupla. Disse que queria jogar essa rodada e Calum se oferece para jogar comigo. Estranho já que a cinco minutos atrás ele havia sido todo grosso e seco comigo e do nada voltou a agir normalmente. Dei de ombros e deixei que jogasse.

A regra era: a dupla que perdesse tinha que fazer um desafio escolhido pela dupla vencedora.

Começamos vencendo, faltando dois copos pra gente e quatro para eles, viraram o jogo, eu estava desacreditada.

– Porra Calum, olha a merda que você fez. – fingo estar irritada com ele, enquanto Andy e Mike pulavam e se abraçavam em comemoração.

– Eu? Eu não to jogando sozinho não, viu? – ele fala e todos nós rimos, já estávamos levemente alterados.

– Agora chega de enrolação, vão ter que pagar a prenda. – concordo com a cabeça e eles conversam entre si para decidir o que queriam que a gente fizesse. – Ta bom, então... a gente quer um beijo... dos dois. – completa.

Todo mundo ficou em um silêncio ensurdecedor por alguns segundos que pareciam anos. Eu e Calum nos entreolhamos e enfim quebro a tensão.

– Por que isso do nada?

– Não sei. – Michael responde friamente.
– Vocês tem passado muito tempo juntos esses dias, achei que tivesse rolando um clima.

– É o que? – falo quase que gritando.
– Isso é ridículo, Calum é meu melhor amigo e ele tem me ajudado muito nos últimos meses, vocês não sabem de nada. – não sei por que fiquei tão irritada com aquilo. – Não vou fazer. – digo convicta.

– Nossa, desculpa. – diz Mike levantando os dois braços como se eu fosse uma policial prestes a prendê-lo por um crime. – Mas, então, vai ter que tomar três shots como punição por não pagar a prenda.

Bebo os três shots na força do ódio e me retiro seguindo para o corredor que dava para os banheiros. Vejo Calum vir atrás de mim.

– Tália! – escuto ele me chamar e me viro. – O que deu em você? Por que ficou tão irritada? Você faz o que quiser mas é tão ruim assim a ideia de me beijar? – rio da sua cara de quem não entendeu nada.

– Não sei, só me irrita demais macho achando que só por que uma mulher tem um amigo muito próximo, ela automaticamente já tá fodendo ele. Enfim, eu não sei por que reagi assim na verdade, exagerei um pouco, acho que já bebi demais. – respondo ignorando a última pergunta.

– Por que foi seco comigo lá fora mais cedo? – tomo coragem e pergunto.

– Do que você tá falando?

– Não se faz de desentendido, por favor.

Ele parece estar apreensivo até que mente. – Não sei, acho que foi a bebida.

Não falo mais nada, estava na cara que aquilo não era a verdade. Ficamos ali parados sem dizer nada. Ele vira todo o coquetel do seu copo em um gole seco e olha pra mim.

– Ta bom, não foi a bebida. Acho que fiquei um pouco incomodado de você ter ficado tanto tempo conversando com Ash. Mas aquilo foi tão ridículo que acabei me fazendo de sonso logo depois como se nada tivesse acontecido. Desculpa.

– Você tava com ciúmes? – falo rindo.

– Para com isso, Tália. Não tem graça. – ele fala sério. Talvez seja efeitos do álcool mas ele fica extremamente atraente com a postura de intimidador.

– Ta bom, desculpa. – me rendo
– Tá tudo bem. – não contenho o riso e o abraço pelo pescoço. Ele aperta os braços em minha cintura. Ficamos assim por um tempo e eu falo em seu ouvido – Não é ruim a ideia de te beijar.

Calum afasta nossos corpos para que possa me olhar, leva uma das mãos até meu rosto e acaricia minhas sardas com o seu dedão. Apoio minha mão em seu pescoço o puxando para mais perto, sem perceber, quase que no automático, completamente perdida no contato visual, já não respondia mais por mim. Não sei quando foi que surgiu essa tensão sexual entra nós.

Coseguia sentir sua respiração em meu rosto e meus olhos encontram sua boca carnuda entreaberta até que ela encosta na minha em um beijo calmo e com gosto de morango do coquetel que Calum havia tomado no começo daquela conversa.

Entrelaço meus dedos em seu cabelo e ele leva as duas mãos até minha cintura, apertando com força me trazendo para mais perto.

A porta do banheiro é destrancada, nos separamos rapidamente em um susto. Encaramos a porta e Luke sai por ela.

– Meu deus, o que é isso? Viram assombração? To tão feio assim? – ele pergunta ao dar de cara com nossos rostos assutados o encarando.

Negamos e rimos em desespero. Nenhuma palavra era capaz de sair de nossas bocas naquele momento, tudo ainda estava sendo processado.

Seguimos junto do Luke de volta para sala. Continuamos a noite como se nada tivesse acontecido e mal nos falamos depois do episódio no corredor.