14. Fine Line

35 7 1
                                    

Um dia antes

Término de me arrumar e peço um uber para casa do Michael. Os meninos marcaram uma pequena comemoração pelo álbum e pela estreia da turnê que seria daqui dois dias. Eles viajariam amanhã e teriam o primeiro show já no dia seguinte.

Ashton que me recebe quando chego e fico meio sem graça por conta do episódio em Bali. Ele me cumprimenta com um sorriso enorme no rosto então relaxo. Entramos juntos, estavam todos na sala e me surpreendo com a arrumação. Uma mesa larga com copos, doces e salgados, e um congelador logo ao lado onde, obviamente, estariam as bebidas arrumados logo após a porta grande que ligava o interior da casa ao jardim. Haviam luzinhas de diversas cores penduradas no teto e uma caixa de som junto aos aparelhos de remix do Mike na outra ponta. E é lá que o encontro, sorrio e ele percebe minha presença.

– Oi. – apareço do seu lado e ele me abraça – Vai ser o dj da festa hoje, é? –faço uma careta sugestiva e ele ri.

– Talvez quando estiver um pouco mais bebado – rimos – Só vim por a música, quer escolher a primeira?

– Óbvio. – falo sem pensar duas vezes. Ele abre sua playlist no computador e eu me debruço sobre a bancada para olhar a lista.

– O que estão fazendo? – Luke aparece com um copo de tequila na mão.

– Pronto, chegou o fofoqueiro. – Mike brinca, Luke dá um tapinha em seu braço enquanto nós três ríamos.

– Estou escolhendo uma música pra começar. – coloco "Feel It Still" pra tocar e vejo algumas pessoas se dirigirem para o meio do gramado e começar a dançar. Fico feliz por ter feito a escolha certa.

Puxo os meninos pela mão e os obrigo a dançar comigo. Nenhum de nós sabíamos muito o que estávamos fazendo mas pelo menos arrancávamos boas risadas uns dos outros. Meu olhar para na porta onde encontro Calum com sua jaqueta preta de couro encostado na patente com as mãos no bolso, rindo de nós dançando quase quanto nós mesmos. Sigo até seu encontro mas primeiro paro na mesa e encho dos copos de bebida.

– Oi atrasado – entrego um dos copos para Hood.

– Ah para, acabou de começar.

– To feliz que esteja aqui. – nos abraçamos e ele deixa um beijo na minha cabeça.

– Eu também, baixinha. – me separo de seu corpo e o encaro feliz.

Sinto minha boca seca e viro todo o copo que segurava. O moreno na minha frente me olha surpreso e ri – Meu deus, a pista tava boa mesmo, já tá cansada assim.

– Estava demais. E você, mocinho – aponto pra ele – Vai vir dançar comigo.
– puxo seu braço em direção ao jardim.

De repente a música para e todo mundo se encara sem entender muita coisa. Então Mike aparece e começa a falar em voz alta.

– Oi gente, desculpa atrapalhar a festa de vocês mas queria aproveitar que tá todo mundo aqui. Seria muito difícil ter que contar pra cada um de vocês separadamente. Há algum tempo atrás, fui pra Bali com algum de vocês e lá tive a oportunidade de conhecer a pessoas mais incrível da minha vida. – todo mundo começa um burburinho e Mike continua
– Silêncio, por favor. Gostaria de contar que fui completamente laçado – ele pega a mão de Crystal que estava do seu lado, suas bochechas vermelhas de vergonha.
– Michael Clifford está apaixonado e  namorando senhora e senhores. – Todos riem e Crystal esconde seu rosto nas mãos.

O loiro levanta sua cabeça e deixa um beijo em sua testa. Ela devolve com um selinho e eles se abraçam. Ouve-se um "own" coletivo seguido de gritos e palmas. Calum e eu encaramos Luke do nosso lado, Hemmings estava com os olhos vermelhos e um sorriso melancólico no rosto, não perdemos a oportunidade de zoar nosso amigo.

– Meu deus, Luke, não acredito. – rio e me jogo em seu pescoço. Calum chorava de rir do meu lado com as mãos na barriga.

"Youngblood" começa a tocar, todos olham em direção a caixa de som. Ashton aumenta o volume e grita com os braços pra cima. Todos gritam na mesma felicidade dançando pelo jardim novamente.

Sinto-me completa e pertencente. Estava feliz. É horrível pensar que as pessoas que me faziam sentir assim vão embora mas me sinto curada e agradeço o tempo por isso. O caminho foi destruidor mas eles me levaram até o paraíso.

Último dia

Olho o relógio que marcava quatro da tarde, o voo dos meninos saia às cinco e eu estava muito atrasada. Apresso-me correndo pela casa, juntando tudo que precisava para sair.

Bagunço minhas gavetas a procura de uma meia e encontro a blusa que Calum usava quando deixei sua casa na manhã em que brigamos. Já estava àlgum tempo em meu armário mas mesmo assim ainda tinha seu cheiro. Sinto a tristeza aparecer, estava tão agitada que a ficha ainda não tinha caído de que os meninos iam me deixar de novo.

Penso se levo sua camisa de volta ou a roubo pra mim.

Vou correndo até os quatro no aeroporto. Consigo chegar a tempo e tenho pelo menos vinte minutos para ficar com eles. O que não é muita coisa.

– Não acredito que vocês vão embora de novo. – sinto as lágrimas ameaçarem.

– Tália, pelo amor de deus, não faça isso ser mais difícil. – Luke me puxa para seus braços e me abraça com força, não consigo e desabo completamente.

Desgrudo de seu corpo, abaixo a cabeça e sigo até o banco que estava logo na minha frente. Continuo a chorar sem parar em silêncio. Michael senta do meu lado, e Luke, que também já chorava (sua personalidade era sensível demais para aquilo) senta em meu outro lado.

– O que é isso? Meu deus, calma. – Clifford diz para mim e Luke.
– Ninguém morreu, se acalmem!

Calum se agacha na minha frente e pede aos meninos para se despedir de mim sozinho.

Abraço Hemmings tendo que esticar o corpo, por que mesmo sentados, ele ainda era o dobro do meu tamanho. Beijo sua bochecha e repito o mesmo com o loiro do meu outro lado. Michael sorri para mim do mesmo jeito que sempre fez, me fazendo esquecer que aquilo era uma despedida por alguns segundos, era inevitável, o carisma é parte da sua personalidade. Ashton aparece atrás do banco em que estava sentada, também o abraço e agradeço por ter o conhecido.
Os três vão embora e o moreno senta do meu lado, me envolvendo em seus braços.

Afasto-me de seu peito, respiro fundo algumas vezes para que as lágrimas parem de sair, passo as mãos em meu rosto limpando os olhos molhados. Pego minha bolsa e procuro entre minhas coisas.

– Encontrei isso mais cedo na minha gaveta – enfim encontro a camisa de Calum em meio a minha bagunça
– Confesso que pensei se devolvia ou não – brinco e estendo a camisa para ele, sorrimos juntos.

Ele encara a camisa e volta para meu rosto – Pode ficar.

– Mas... – ele empurra a peça de volta para mim – Calum... você adora essa camisa!

– Eu sei. – ele ri – Mas deixa com você, assim tenho uma desculpa concreta para voltar o mais rápido que der – Hood pisca para mim.

– Calum. Thomas. Hood. – dou alguns tapinhas em seu ombro – Por que você faz essas coisas comigo? – me jogo novamente em seus braços.

Encaro seu rosto a fim de memorizar cada um de seus traços, fico ali por algum bom tempo e Calum parece perceber. Ele encaixa uma das mãos em meu pescoço e nós nos beijamos. Aquele não era como qualquer outro beijo, tinha muito mais intensidade, já era coberto de saudade, era um beijo de duas pessoas que já tinham certeza do seu amor uma pela outra. Beija o topo da minha cabeça quando nossas bocas se separam, nossos corpos se desgrudam - talvez para sempre - e ele vira as costas e vai embora.

Did You Get The Sensation Today?Onde histórias criam vida. Descubra agora